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Ibovespa estende avanço e fecha no maior nível desde 8 de maio

Somente no mês de julho, nestas 11 sessões, o índice acumula ganho de 4,37%, limitando a perda do ano a 3,63%.

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16 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Ibovespa estende avanço e fecha no maior nível desde 8 de maio
O Ibovespa manteve a série positiva que coincidiu com o início do mês, em alta pela 11ª sessão consecutiva nesta segunda-feira, aos 129.320,96 pontos (+0,33%), mesmo na contracorrente do dólar (+0,25%, a R$ 5,4446)

O Ibovespa manteve a série positiva que coincidiu com o início do mês, em alta pela 11ª sessão consecutiva nesta segunda-feira, aos 129.320,96 pontos (+0,33%), mesmo na contracorrente do dólar (+0,25%, a R$ 5,4446) e da curva de juros doméstica na abertura de semana. Em julho, nestas 11 sessões, o índice acumula ganho de 4,37%, limitando a perda do ano a 3,63%.

O nível de fechamento desta segunda-feira é o maior desde 8 de maio (129.480,89). Fraco, o giro ficou em R$ 15,4 bilhões na sessão da B3, em que o Ibovespa saiu de abertura aos 128.898,40 pontos, e oscilou dos 128.723,20 aos 129.485,44 pontos, igualando em extensão a série de 11 altas da virada de 2017 para 2018.

Matheus Falci, sócio da One Investimentos, aponta que o Ibovespa se firmou em leve alta na sessão após a divulgação do Índice de Atividade Econômica, o IBC-Br, indicador que é tido como prévia do PIB. Em alta de 0,25% em maio, “o dado trouxe um certo otimismo, sinalizando avanço econômico mesmo levando em consideração os impactos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul no período”, destaca Falci, observando que, no acumulado de 12 meses, o indicador registra alta de 1,66%.

“Também tivemos a divulgação do Focus com a perspectiva para a Selic. Não houve mudanças – para o final de 2024, a 10,50%, e para 2025, a 9,5% -, mas o boletim atualizou a perspectiva do mercado para o IPCA em 2024, reduzida de 4,02% para 4%. Apesar disso, a previsão continua acima da meta oficial de inflação, que é de 3% – e para 2025, a previsão do mercado aumentou para 3,90%, de 3,88% anteriormente”, diz Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital.

Na B3, o bom desempenho de Petrobras ao longo da tarde, embora um pouco acomodado no fechamento (ON +1,42%, PN +0,92%), e acompanhado de longe por Vale (ON +0,11%), foi decisivo para que o Ibovespa estendesse a série vitoriosa iniciada em 1º de julho, em sessão majoritariamente negativa, hoje, para as ações de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN +0,39%) e de Banco do Brasil (ON +0,45%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Eztec (+3,84%), Suzano (+3,63%) e Petz (+3,41%). No lado oposto, Hypera (-1,93%), Dexco (-1,81%) e Energisa (-1,79%).

Dólar

O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira, 15, em alta moderada, perto do nível de R$ 5,45, alinhado ao avanço da moeda americana no exterior. O aumento das apostas na vitória do ex-presidente Donald Trump na corrida presidencial, após o atentando ao candidato republicano no último sábado, 13, embaralhou as expectativas para o futuro da economia dos Estados Unidos. Por ora, a perspectiva de piora fiscal em eventual governo Trump, adepto da política de corte de impostos, joga os juros longos para cima, o que castiga divisas emergentes.

O real e seus pares latino-americanos também sofrem hoje com a queda das commodities, especial as agrícolas, após a decepção com o crescimento do PIB da China no segundo semestre. Bancos revisaram para baixo as estimativas para o avanço da economia chinesa neste ano, que pode ficar abaixo da meta anual de 5%. Em tal cenário, a moeda brasileira até que se portou bem, com perdas bem menores que às dos pesos mexicano e chileno.

O momento de mais estresse se deu pela manhã, quando o dólar superou R$ 5,47 na máxima (R$ 5,4773). Na segunda etapa de negócios, houve um arrefecimento do ímpeto da moeda americana, que esboçou zerar a alta pontualmente no início da tarde durante declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo espaço para cortes de juros nos próximos meses. Além disso, o Ibovespa renovou máximas à tarde, com relatos de entrada de capital estrangeiro.

Com mínima a R$ 5,4315, a moeda encerrou o pregão cotada a R$ 5,4446, em alta de 0,25%. Em julho, o dólar ainda acumula desvalorização forte, de 2,57%. A liquidez foi reduzida, o que sugere ausência de apostas contundentes ou mudanças relevantes de posições dos investidores. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para agosto movimentou menos de US$ 8 bilhões.

Referência do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operava em leve alta no fim da tarde, ao redor dos 104,200 pontos. As taxas do Treasuries longas avançavam, mas com menor ímpeto do que o visto pela manhã O retorno do papel de 10 operava na casa de 4,22%, após máxima a 4,2474%. Já a taxa da T-note de 2 anos – mais ligada às perspectivas para o rumo da taxa básica americana – apresentou ligeiro recuo.

Juros

Os juros futuros subiram nesta segunda-feira, de forma mais acentuada nos vencimentos de longo prazo, com a curva local ganhando inclinação a exemplo dos Treasuries. O reforço nas apostas de vitória de Donald Trump na eleição presidencial em novembro, declarações conservadoras do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e os riscos fiscais domésticos deram sequência ao movimento de realização de lucros do mercado, após as taxas terem devolvido prêmios de risco desde o começo do mês até meados da semana passada.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,575%, de 10,586% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 11,16%, de 11,12% no ajuste da sexta-feira, e o DI para janeiro de 2027, taxa de 11,44% (de 11,33%). A taxa do DI para janeiro de 2029 subia de 11,63% para 11,78%.

O atentado contra Trump, no sábado, foi visto como reforço tanto nas chances de eleição do ex-presidente, que já vinham subindo após o desempenho visto como fraco do seu oponente Joe Biden no debate da semana retrasada, como também nas do Partido Republicano no Congresso. A leitura é de que um novo governo Trump trará pressão aos cenários fiscal e monetário dos EUA. “Há fundamentos para a perda de dinamismo econômico no médio e longo prazo, com maior risco inflacionário (maior ativismos de governos já muito endividados, mais gastos, inclusive com defesa)”, escreve Ana Paula Vescovi, economista-chefe e sócia do Santander Brasil.

Nesse contexto, o dólar se fortaleceu e puxou para cima os juros dos Treasuries de longo prazo, enquanto os curtos oscilaram entre queda e a estabilidade, com a expectativa de queda do juros pelo Fed a partir de setembro se firmando como majoritária, assim como a de um orçamento total de 75 pontos-base em 2024. Em evento do Clube Econômico de Washington, Powell afirmou, porém, que os dados do segundo trimestre ampliaram a confiança de que a inflação caminha de volta à meta de 2%, mas que não pretende enviar sinais sobre em qual mês os cortes de juros vão começar.