Economia
Orçamento

Haddad diz que governo está fazendo revisão ampla, geral e irrestrita na agenda de gastos

Ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, Haddad disse esperar que até o final de junho já haja uma “clareza” da peça orçamentária do próximo ano

Compartilhe:
14 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Haddad diz que governo está fazendo revisão ampla, geral e irrestrita na agenda de gastos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quinta-feira, 13, que as equipes estão intensificando os trabalhos na agenda de revisão de gastos para apresentar o Orçamento de 2025 estruturalmente “bem montado” e que passe “tranquilidade” sobre o endereçamento das questões fiscais no País. Ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, Haddad disse esperar que até o final de junho já haja uma “clareza” da peça orçamentária do próximo ano no que diz respeito ao aspecto das despesas.

“E começamos aqui a discutir também, obviamente, 2025, a agenda de gastos, equipe já está montada, o que pedimos foi intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho possamos ter clareza do orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país, então vamos manter o ritmo mais intenso de trabalho neste mês”, disse o ministro à imprensa, lembrando que a peça orçamentária começa a ser montada no início de julho para ser enviada em agosto ao Congresso.

Haddad ainda afirmou que o governo está “botando bastante força” no assunto, a partir de uma “revisão ampla, geral e irrestrita” do que pode ser feito para acomodar “as várias pretensões legítimas do Congresso, do Executivo”. “Mas sobretudo para garantir que tenhamos tranquilidade no ano que vem”, disse.

O ministro afirmou ainda que todas as propostas dos senadores para compensar a desoneração da folha de pagamentos serão processadas pela equipe econômica e avaliou que os Poderes vão chegar a um denominador rápido sobre o assunto. Ele afirmou ainda que, a partir da semana que vem, também irá colocar “algumas propostas” na mesa, mas ressaltou que o foco está em analisar o impacto dos projetos que serão sugeridos pelo Senado.

A necessidade de se encontrar uma nova solução para a compensação surgiu após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolver a parte da Medida Provisória que restringia o uso de crédito de PIS/Cofins.

De acordo com o chefe da equipe econômica, o apoio ao Senado na busca de uma compensação para o benefício previdenciário será dado tanto pelo Planejamento como pela Fazenda.

“Todas as propostas dos senadores vão ser processadas por nós, para encaminharmos análise de impacto de cada uma delas. A mediação será feita pelo senador Jaques Wagner sem prejuízo do diálogo com mais senadores interessados. Então penso que vamos chegar ao denominador rápido. Vamos colocar algumas propostas na mesa a partir da semana que vem, mas principalmente receber deles até para evitar um atraso nisso. Vamos receber deles as propostas que eles têm em mente, fica mais fácil tramitar, calcular, mais simples de resolver”, disse Haddad.

O ministro afirmou que a discussão sobre a limitação no uso de créditos de PIS/Cofins pode ser retomada via projeto de lei, após a medida provisória ter sido devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Haddad reiterou que a Receita Federal identificou fraudes e uso indevido na compensação dos créditos.

“Pacheco achou melhor dar uma parada (na proposta de crédito de PIS/Cofins) para discutir melhor na forma de projeto de lei eventualmente, mas ele sabe que estamos tendo um problema com essa questão”, disse o ministro.

Ele repetiu que a discussão não tem a ver com o setor exportador visto que, pelos princípios da reforma tributária, o segmento tem direito à restituição do imposto.

O ministro voltou a dizer que a função da Receita é justamente localizar brechas no sistema e identificar benefícios que estão sendo mal utilizados e, inclusive, corrompendo a concorrência de mercado. “Queremos na economia que os mais eficientes ganhem espaço no mercado, e não os mais espertos”, ponderou.

Haddad também voltou a defender a proposta mantida na MP do PIS/Cofins, que prevê que empresas façam um cadastramento dos benefícios fiscais concedidos pelo governo. Segundo ele, houve uma desorganização nos tributos recolhidos e a Receita fica sem clareza das razões que levam o contribuinte a fazer um abatimento de imposto.

“Com inteligência artificial, vamos poder rapidamente, sem necessidade de contratar milhares de funcionários públicos, localizar pela matriz de risco aqueles que estão fazendo mau uso do (benefício) que o Congresso aprovou. Porque o Congresso aprova uma coisa e a leitura que se faz do que Congresso aprovou fica a bel prazer do intérprete”, disse Haddad.

Questionado na quinta-feira, 13, sobre o consenso no mercado financeiro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve interromper o ciclo de flexibilização da Selic já na próxima reunião, mantendo a taxa no patamar atual de 10,50% ao ano, o ministro evitou entrar no mérito da discussão. Ele disse confiar na qualidade técnica das decisões tomadas pela autarquia, mesmo quando há divergências, e nos nomes indicados às diretorias.

“Eu não vou me antecipar a isso. Eu confio na qualidade técnica das decisões que são tomadas até quando há divergências, porque é normal haver divergência. E eu confio nas pessoas que foram indicadas para fazer o melhor para o Brasil”, disse.