Economia

Haddad afirma que exportação pode ser carro-chefe de ciclo econômico de crescimento

O ministro disse que o governo está abrindo a possibilidade de uma integração financeira com os mercados que recebem os produtos brasileiros, com crédito a baixíssimo custo.

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17 de setembro de 2024
Haddad afirma que exportação pode ser carro-chefe de ciclo econômico de crescimento
Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, previu na terça-feira, 17, que a exportação pode ser o carro-chefe de um novo ciclo econômico de crescimento. “O setor exportador é muito importante e tende a ser o carro-chefe desse ciclo econômico”, disse, durante reunião no Palácio do Planalto para anúncios de novos projetos da ApexBrasil.

De acordo com Haddad, há três razões para se pensar sobre isso. A primeira, segundo ele, é porque a reforma tributária vai eliminar a exportação de tributos, que seria um mal da economia brasileira.
“Ninguém consegue se livrar da cumulatividade de tributos do nosso atual sistema tributário”, observou o ministro. “Vocês vão poder trabalhar o preço real da mercadoria em condições de igualdade competitiva com os seus concorrentes que estão instalados em outros países. Então isso vai ser um ganho de produtividade para a economia brasileira que poucos conseguem estimar com precisão, mas ninguém diz que é menos do que 10% do PIB o impacto do crescimento nos próximos anos. Ou seja, se em 10 anos a gente ia crescer 2,5%, com a reforma tributária vamos crescer 3,5%. Esse é o efeito da reforma tributária esperado”, argumentou.

A segunda questão apontada pelo ministro é o crédito para exportação. Ele citou a criação de instrumentos inovadores e disse que o cardápio apresentado para financiar o exportador está só no começo. “Estamos abrindo a possibilidade de uma integração financeira com os mercados que recebem os nossos produtos e vamos poder financiá-los a baixíssimo custo”, disse, acrescentando que, mesmo com a confirmação da redução das taxas de juros americanas, haverá diversificação das fontes brasileiras de financiamento, com o intuito de buscar os melhores negócios para os produtos domésticos.

A terceira menção feita por Haddad foi em relação ao seguro. Ele citou a reestruturação que está sendo feita na Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), depois de a instituição ter entrado na lista de privatizações do governo anterior. “Estava sem pessoal, acanhada. Nós estamos reestruturando a ABGF este ano para ser uma grande promotora de garantias para as exportações brasileiras”, relatou.

De acordo com ele, essa mudança vai impactar, sobretudo, o pequeno e o médio exportador, que no Brasil ainda participa pouco da parte exportadora na comparação com os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“O Brasil pode ampliar muito a sua falta de exportação se o pequeno tiver as garantias que são dadas aos grandes exportadores. E a ABGF está se preparando para esse salto de qualidade envolvendo uma equipe nova, uma reformulação, uma diversificação de produtos para garantir que você tenha um produto de qualidade, você tenha um preço, não vai ser por falta de apoio que você vai deixar de colocar a sua produção no exterior”, discorreu Haddad. “Eu penso que essa questão de tributo, crédito e seguro é um tripé muito importante que o Brasil nunca encarou definitivamente para transformar”, continuou.

O ministro da Fazenda disse ainda que o Brasil sempre pensou em produção voltada para o mercado interno. “Só que esse modelo de substituição de importações se esgotou faz muito tempo”, salientou.
Haddad afirmou que é preciso transformar o País numa plataforma de exportação, principalmente em função das novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas e a necessidade de uma transição ecológica.

“É muito desafiador o que está colocado. Nós precisamos, portanto, nos repensar e olhar para fora, olhar mais para fora, e sem esse tripé é muito difícil competir”, comentou o ministro, mencionando novamente tributo, crédito e seguro como fundamentais para as vendas externas.

Ao citar a aprovação do marco de garantias, Haddad comentou que o mercado de venda de bens duráveis registrou aumento de dois dígitos e que o crescimento chega a 12%, 14% dependendo do setor.
“Então, se a gente fizer o mesmo com as exportações, nós não vamos estar pensando em 200 milhões de consumidores, nós vamos estar pensando em 8 bilhões de consumidores”, comparou o ministro, mencionando que é esse pensamento que têm países como a Coreia, Alemanha e China.

O ministro fez na terça-feirauma defesa do arcabouço fiscal, durante reunião no Palácio do Planalto para anúncios de novos projetos da ApexBrasil. “A primeira compreensão é a de que o arcabouço fiscal tem que ser cumprido. É preciso perseverar nessa toada até reestabilizar as finanças, porque o Brasil só tem a ganhar”, argumentou.

Haddad previu também que o País voltará a crescer acima da média mundial, depois de dez anos registrando crescimento abaixo dessa média. “Não tem sentido um País com tantas oportunidades crescer abaixo da média mundial. Nós temos todas as condições”, avaliou o ministro, citando que quando Luiz Inácio Lula da Silva foi presidente da República durante oito anos, o Brasil cresceu uma vez e meia o que o mundo cresceu. “Então é isso que nós temos que perseguir, voltar a crescer acima da média mundial, e é o que já está acontecendo”, comemorou.

Haddad comentou que o Brasil foi para a décima segunda posição no ranking das nações que mais crescem no planeta e projetou que o País chegará à oitava posição de novo. “Voltamos, fomos para trás, agora estamos indo para frente de novo. E não tem porquê, não tem razão nenhuma para nós não continuarmos nessa margem”, disse.

O ministro da Fazenda afirmou ainda que é preciso sair da “mania de produzir déficits fiscais”. “Nossa economia está crescendo e vai continuar crescendo, pois tem tudo para entrar num ciclo sustentável de crescimento ao longo dos próximos anos”, comentou.

De acordo com ele, o Brasil passou por dez anos de muita turbulência, desarranjo das contas públicas e agora elas estão sendo colocadas em ordem. O trabalho, de acordo com o ministro, vem sendo feito com muita dificuldade, mas com muita negociação, tanto com o Judiciário quanto com o Congresso Nacional. “Estamos entrando no entendimento de que nós vamos sair dessa mania de produzir os déficits que foram produzidos ao longo de dez anos. E vocês veem que o déficit foi acompanhado de baixo crescimento e, pior do que isso, da baixa a qualidade do crescimento”, avaliou.

Pelos cálculos de Haddad, o Brasil gastou quase R$ 2 trilhões em 10 anos, além do que podia, com déficits primários acumulados. “Nós não tivemos nem resultado econômico e nem resultado social. Não aconteceu nada de bom no Brasil”, considerou. “Nós estamos agora fazendo esse ajuste, isso exige muita negociação, muita paciência. O fato é que se nós perseverarmos nesse caminho, vamos produzir os melhores resultados econômicos para o País.”