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Escalada de violência

Guterres pede ação para superar crise no conflito Israel-Palestina

Falando a jornalistas na segunda-feira, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “o pesadelo em Gaza” é uma “crise de humanidade”.

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06 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Guterres pede ação para superar crise no conflito Israel-Palestina
Guterres afirmou que as operações terrestres das forças de Israel e os bombardeios contínuos estão “atingindo civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU, inclusive abrigos.”

Falando a jornalistas na segunda-feira, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “o pesadelo em Gaza” é uma “crise de humanidade”.

Ele afirmou que as operações terrestres das forças de Israel e os bombardeios contínuos estão “atingindo civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU, inclusive abrigos.”

Guterres também ressaltou que o Hamas e outros grupos armados usam civis como escudos humanos e continuam lançando mísseis de forma indiscriminada contra Israel. 

O líder das Nações Unidas enfatizou em seu discurso que nenhuma das partes em um conflito armado está acima das leis humanitárias internacionais. 

Sobre o elevado número de mortes em Gaza, Guterres disse que o local está se tornando “um cemitério para crianças”, com milhares de meninos e meninas sendo mortos e feridos todos os dias.

Ele mencionou também que mais jornalistas perderam a vida nas últimas quatro semanas do que em qualquer outro conflito nas últimas três décadas. 

Segundo Guterres, a crise também abrange a maior quantidade de funcionários da ONU mortos em comparação com qualquer período da história da organização. 

O secretário-geral disse que “a catástrofe que se desenrola torna a necessidade de um cessar-fogo humanitário mais urgente a cada hora que passa”.

Ele afirmou que as Nações Unidas e parceiros lançaram na segunda-feira um apelo humanitário de US$ 1,2 bilhões para ajudar 2,7 milhões de pessoas, ou seja, toda a população da Faixa de Gaza e meio milhão de palestinos que vivem na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

Guterres valorizou a entrada de ajuda vinda do Egito através da passagem de Rafah, mas disse que “a pequena quantidade de assistência não satisfaz o oceano de necessidades”.

Além disso, ele afirmou que “a passagem de Rafah sozinha não tem capacidade para processar caminhões de ajuda humanitária na escala necessária”.

Pouco mais de 400 caminhões atravessaram Gaza nas últimas duas semanas, em comparação com 500 por dia antes do conflito. E até o momento a ajuda enviada não inclui combustível.

Guterres destacou que sem combustível, os recém-nascidos em incubadoras e os pacientes em suporte vital morrerão. Ele apontou que o item é essencial também para bombear e purificar a água.

 O chefe da ONU sublinhou ainda a preocupação com o aumento da violência e com a expansão do conflito, afirmando que a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, está num “ponto de ebulição”.

Ele alertou para “uma espiral de escalada de violência” envolvendo o Líbano, a Síria até o Iraque e o Iêmen.

O secretário-geral disse que os esforços diplomáticos devem prevalecer e que “a retórica odiosa” e as ações provocativas devem cessar.

Ele declarou que o mundo precisa agir agora para encontrar uma saída do que caracterizou como “brutal, terrível e agonizante beco sem saída de destruição”.

As forças israelenses separaram o norte de Gaza do resto do território sitiado e conduziram ataques aéreos à parte norte do território durante esta madrugada, em preparo para um avanço por terra dos soldados de Israel, no que parece ser a fase mais sangrenta da guerra que já dura um mês.
O número de mortos palestinos já ultrapassou 10.000, disse o Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, na segunda-feira. O ministério não faz distinção entre combatentes e civis. Cerca de 1.400 israelenses morreram, a maioria civis mortos na incursão de 7 de outubro do Hamas que deu início à guerra.
Até agora, Israel rejeitou as sugestões dos EUA de uma pausa nos combates para facilitar o fornecimento de ajuda humanitária e a libertação de alguns dos cerca de 240 reféns capturados pelo Hamas.