Mundo
Prazo necessário

Guindos diz que juros ficarão em níveis suficientemente restritivos

Guindos disse ainda que o BCE continuará seguindo uma abordagem dependente de dados para determinar o “nível e duração apropriados da restrição” monetária.

Compartilhe:
30 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Guindos diz que juros ficarão em níveis suficientemente restritivos
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos disse na segunda-feira, 30, que as decisões futuras da autoridade monetária vão garantir que os juros serão fixados em níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário. Ele afirmou considerar que as taxas de juros da zona do euro estão em níveis que, se mantidos, vão colaborar para levar a inflação à meta em tempo hábil – repetindo comentário da presidente Christine Lagarde na semana passada.

Guindos disse ainda que o BCE continuará seguindo uma abordagem dependente de dados para determinar o “nível e duração apropriados da restrição” monetária. As declarações foram feitas em discurso no Fórum Business Leadership, organizado pela IE University.

O dirigente comentou que a reversão das medidas de apoio relacionadas à crise energética é essencial para evitar o aumento da inflação no médio prazo. Tais pressões inflacionárias de outra forma exigiriam uma política monetária ainda mais restritiva, alertou ele.

Guindos também defendeu que as políticas orçamentárias do governo deverão ser concebidas para “tornar a economia da área do euro mais produtiva e para reduzir gradualmente a elevada dívida pública”.

Grandes riscos geopolíticos se intensificaram e estão obscurecendo perspectivas econômicas, alertou o vice-presidente do Banco Central Europeu na segunda-feira. Tais tensões poderão fazer com que empresas e famílias se tornem menos confiantes, abafando ainda mais o crescimento na zona do euro, disse ele. Outro possível efeito seria a alta nos preços de energia, que se tornaram mais imprevisíveis nas últimas semanas, acrescentou. O dirigente falou que as projeções para a inflação continuam cercadas por grande incerteza.

Além da questão geopolítica, aumentos maiores que o esperado nos salários poderiam impulsionar a inflação. Por outro lado, uma transmissão mais forte da política monetária ou um agravamento do ambiente econômico global aliviariam as pressões sobre os preços.

Os riscos para a projeção do Produto Interno Bruto (PIB), segundo ele, têm inclinação baixista, e o crescimento na zona do euro continua fraco.

Os dados recentes de inflação estão em linha com as expectativas do BCE, “confirmando que a política monetária está funcionando”, o vice-presidente comentou. Ele destacou que continua vendo recuos nas medidas de inflação subjacente. “No entanto, a inflação doméstica continua forte, graças à crescente importância das pressões salariais”, afirmou.

Guindos disse também que o mercado de trabalho se manteve resiliente à desaceleração no crescimento – mas que há sinais de que esse quadro está mudando. A menor criação de postos de trabalho, inclusive no setor de serviços, sugere que desaceleração está gradualmente se refletindo no emprego, segundo ele.

Ele ainda comentou que os juros de mais longo prazo subiram acentuadamente desde meados de setembro, refletindo fortes altas em outras grandes economias.

“Os custos de financiamento bancário continuaram aumentando, tal como as taxas de juro para empréstimos comerciais e hipotecas. Os bancos também reportaram uma nova queda acentuada na demanda por crédito no terceiro trimestre do ano, enquanto os critérios de concessão de empréstimos a empresas e famílias tornaram-se novamente mais restritivos, o que se refletiu numa dinâmica de crédito visivelmente enfraquecida”, descreveu o dirigente do BCE.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Eslováquia, Peter Kazimir, afirmou na segunda-feira que uma alta adicional dos juros “pode acontecer, se os dados futuros nos forçarem a tomar esta decisão”. Para ele, não será possível dizer que o ciclo de aperto termina até março, quando o BCE terá passado por “dois marcos importantes”: projeções de analistas de dezembro deste ano e de março de 2024.

“Por mais que eu queira que esse seja o fim do caminho de aperto monetário, os riscos de alta da inflação ainda não se dissiparam totalmente. Devemos nos manter vigilantes”, disse o dirigente, em comunicado.
Kazimir defendeu também que “apostas em cortes nos juros antes da metade de 2024 são completamente equivocadas”, argumentando que as taxas precisarão ser mantidas no pico por alguns trimestres.

Segundo ele, os riscos inflacionários persistem e as projeções de dezembro são necessárias para “obter uma confirmação de que o declínio nos preços é sustentável”, visto que uma grande parte dos efeitos do aperto monetário já realizado “ainda precisam ser transmitidos na economia real”. Kazimir afirmou ainda esperar que os novos riscos envolvendo os conflitos no Oriente Médio “não se materializem”.