Mundo

Guindos diz que é prematuro discutir cortes de juros

Em outubro, a taxa anual da inflação ao consumidor da zona do euro desacelerou a 2,9%, mas permanecia bem acima da meta oficial de 2% do BCE.

Compartilhe:
09 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Guindos diz que é prematuro discutir cortes de juros
O vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse que é prematuro discutir possíveis cortes de juros, uma vez que ainda há riscos à perspectiva da inflação na zona do euro.
Em entrevista ao jornal esloveno Finance, Guindos disse que aumentos dos preços de energia, o enfraquecimento do euro e o avanço dos custos unitários do trabalho são ameaças em potencial à trajetória dos preços ao consumidor no bloco.

Em outubro, a taxa anual da inflação ao consumidor da zona do euro desacelerou a 2,9%, mas permanecia bem acima da meta oficial de 2% do BCE.

“É essencial focar o núcleo da inflação, para o qual existem vários riscos”, disse Guindos na entrevista, que foi reproduzida no site do BCE na quinta-feira. “Qualquer discussão sobre redução de taxas de juros é claramente prematura,” acrescentou.

Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy de Galhau afirmou também que, exceto se houver um “choque” ou uma “surpresa”, a instituição não elevará mais os juros. Durante entrevista à Radio Classique, ele reafirmou o compromisso de levar a inflação na zona do euro à meta de 2%, mas lembrou a projeção de que isso deve ocorrer apenas em 2025.

A inflação na zona do euro já atingiu o pico, disse. Villeroy de Galhau comentou que deve haver alguma volatilidade nessa trajetória, mas garantiu que a tendência na inflação é “claramente para baixo”.

Questionado sobre a economia da França, ele disse que não há expectativa de recessão, mas apenas de desaceleração. Para 2024, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 0,9%.

O boletim econômico do Banco Central Europeu (BCE), publicado na quinta-feira, 9, afirma que a economia da zona do euro continua fraca, e que é esperado que o aumento real do Produto Interno Bruto (PIB) tenha arrefecido no terceiro trimestre. O BCE também espera que a produção na zona do euro mostre fraqueza contínua neste último trimestre do ano, segundo consta no documento.

O mercado de trabalho na região continua resiliente, mas mais indicadores estão sugerindo sinais de desaquecimento, diz o boletim. Para além do curto prazo, a autoridade monetária espera que o avanço do PIB gradualmente se fortaleça.

O documento também reforça em grande medida o que os dirigentes da instituição comunicaram ao anunciar decisão de manter juros inalterados, no último dia 26.

O boletim reitera que os dirigentes esperam que a inflação permaneça “alta demais por muito tempo”, mas acrescenta que o nível de preços caiu marcadamente em setembro.

O documento reafirma que as autoridades consideram que os juros estão em níveis que, se mantidos pelo tempo necessário, contribuirão para o retorno da inflação à meta. Apesar disso, eles repetem que estão preparados para ajustar todos os seus instrumentos, caso seja preciso.