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Guerra gera perda na aprendizagem entre jovens ucranianos

O alerta é do Fundo da ONU para Infância, que adiciona que já são quatro anos de dificuldades no setor educacional.

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29 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Guerra gera perda na aprendizagem entre jovens ucranianos
De acordo com dados mais recentes, pelo menos 57% dos professores relatam uma deterioração nas competências linguísticas ucranianas dos alunos.

As crianças ucranianas mostram sinais de perda generalizada de aprendizagem com os efeitos da invasão da Rússia e da pandemia da Covid-19. 

O alerta é do Fundo da ONU para Infância, que adiciona que já são quatro anos de dificuldades no setor educacional.

Na terça-feira, a diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central, Regina De Dominicis, destacou que as escolas ucranianas seguem sofrendo com ataques, “deixando as crianças profundamente angustiadas e sem espaços seguros para aprender”.

Ela adiciona que isso não só faz aumentar as dificuldades para que crianças possam progredir na sua educação, mas também para reter o que aprenderam quando as escolas ucranianas estavam em pleno funcionamento.

De acordo com dados mais recentes, pelo menos 57% dos professores relatam uma deterioração nas competências linguísticas ucranianas dos alunos. Até 45% dos educadores apontam para uma redução nas competências matemáticas, enquanto 52% indicam uma redução nas competências em línguas estrangeiras.

Apenas um terço das crianças em idade primária e secundária aprendem presencialmente. Outro terço dos alunos matriculados estão aprendendo por meio de uma abordagem mista presencial e on-line, e um terço é totalmente remoto.

Para a diretora do Unicef, a aprendizagem online pode complementar a aprendizagem presencial e fornecer uma solução a curto prazo, mas não pode substituir totalmente as aulas presenciais.

Regina de Dominicis avalia que a presença é especialmente crítica para o desenvolvimento social e a aprendizagem fundamental entre as crianças pequenas.

De acordo com dados nacionais, dois terços das crianças em idade pré-escolar não frequentam qualquer tipo de estabelecimento de ensino. 

Nas zonas da linha da frente do conflito, três quartos dos pais afirmam não enviar os seus filhos para a pré-escola.

Para as crianças refugiadas da Ucrânia, há ainda mais incerteza, com mais de metade das crianças da pré-escola ao ensino secundário não matriculadas nos sistemas educativos nacionais em sete países que acolhem refugiados.

Segundo o Unicef, estudantes da pré-escola e estudantes do ensino secundário são os mais propensos a estarem fora da escola.

As barreiras linguísticas, a dificuldade de acesso à escola e os sistemas educativos sobrecarregados estão entre os fatores que contribuem para a situação, de acordo com o Unicef.

A agência aponta que alguns jovens refugiados tentam estudar online, seja pelo currículo ucraniano ou através de outras plataformas de ensino à distância, enquanto outros podem ter abandonado completamente a sua educação.

Regina De Dominicis destaca que em tempos de crise ou de guerra, as escolas oferecem muito mais do que um local de aprendizagem. Para as crianças que já sofreram perdas, deslocamentos e violência podem proporcionar uma sensação de rotina e segurança, além de uma oportunidade de construir amizades e de obter ajuda dos professores.

Além disso, ela lembra que as escolas podem promover o acesso a vacinas, nutrição e serviços para apoiar a saúde mental e o bem-estar.

Por isso, o Unicef está trabalhando com governos e parceiros no terreno na Ucrânia e nos países que acolhem crianças e famílias refugiadas para ajudar a aumentar o acesso a uma aprendizagem de qualidade.

A agência também atua com o governo ucraniano para apoiar a recuperação da aprendizagem e o alinhamento com os padrões regionais para remover barreiras à educação e garantir a aprendizagem ao longo da vida para todos.

As ações incluem a reabilitação de escolas e a disponibilização de aulas de atualização em disciplinas essenciais. A meta do Unicef é apoiar 300 mil crianças em risco de perdas de aprendizagem na Ucrânia durante o próximo ano letivo.