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Segurança em escolas

Guardas-civis de São Paulo mapeiam rotas de fuga e novos agentes começam em junho

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirma que o Município está realizando ações de enfrentamento dentro das escolas.

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18 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Guardas-civis de São Paulo mapeiam rotas de fuga e novos agentes começam em junho
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes: “já foi feito concurso para a contratação de mais profissionais. Estamos com mil guardas-civis na academia, que começam suas atividades em junho”

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirma que o Município está realizando ações de enfrentamento dentro das escolas de forma a não gerar pânico na população. Após casos de atentados ocorridos em escolas de São Paulo e em Santa Catarina, autoridades têm adotado medidas para reforçar a segurança no ambiente escolar.

As ações para a ampliação da ronda escolar já estão sendo feita de forma gradativa – a previsão é ter 96 veículos para esse uso, com 50% de aumento da quantidade das viaturas da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Mas os novos agentes da corporação começam só em junho.

“Já foi feito concurso para a contratação de mais profissionais. Estamos com mil guardas-civis na academia, que começam suas atividades no início de junho, e em seguida quando esses mil saírem da academia, já entrarão mais 500. Portanto, neste ano, teremos 1,5 mil guardas civis metropolitanos a mais. Atualmente, nosso efetivo é de 5.850 guardas civis metropolitanos”, afirmou Nunes.

“E, vamos elevar para 96 o número de viaturas para uso exclusivo na ronda escolar. Isso já está sendo feito de forma imediata. Nós só estamos remanejando alguns deles para poderem atuar mais próximos das escolas, junto com a comunidade escolar”, acrescentou.

Conforme o prefeito, dentro deste efetivo para atuar dentro das escolas, há inclusive um treinamento específico para que os guardas-civis possam estudar as escolas e identificar rotas de fuga.

Na próxima quinta-feira, 20, será realizada uma ação nas escolas municipais com atividades lúdicas e fortalecimento de vínculo entre toda a comunidade escolar.

“Todas as secretarias estarão envolvidas com o nosso núcleo pedagógico buscando uma aproximação ainda maior entre pais, alunos, docentes e funcionários das escolas. Criar ambiente de cultura de paz, de atendimento e acolhimento é um dos itens mais fundamentais neste momento”, afirmou Nunes.

A prefeitura lança na próxima quarta-feira, 19, seu próprio aplicativo, chamado “Botão de Alerta”, que funcionará para as unidades escolares municipais, estaduais e particulares da capital. Os apps terão sistema integrado e ambos servem para o acionamento das forças públicas em caso de emergência. Imediatamente, equipes da GCM, da Polícia Militar e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) serão enviadas à escola

“Um sistema de alerta que, em caso de acontecer algum incidente, poderá ser acionado o botão com a GCM, interligado com a Polícia Militar e a Polícia Civil, terá um atendimento bem rápido”, continuou Ricardo Nunes.

Segundo Nunes, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, já mantém o núcleo de apoio de acompanhamento para a aprendizagem, que tem ações multidisciplinares. “Dentro do núcleo, temos nossos psicólogos. E estamos ampliando em 25% nossas equipes”, afirmou.

Ele lembra ainda a ampliação do programa Mães Guardiãs, que foi criado no retorno às aulas presenciais para reforçar as medidas de segurança contra a covid-19. “São mães que têm os filhos nas escolas, já fazem parte da comunidade escolar. Têm filhos nas unidades escolares. Estamos ampliando de 5 mil para 7 mil mães”, afirmou Nunes. As mães dos alunos que participam do programa recebem salário de R$ 1.367 para desempenhar o papel. Elas terão treinamentos específicos contra violência.

Em relação ao acolhimento às pessoas em situação de rua, o prefeito de São Paulo afirmou também que é preciso manter ações para que a capital paulista permaneça “em ordem”. “Não podemos deixar a cidade com cada um querendo fazer aquilo que bem deseja, quando fere o direito do outro. Você precisa ter o seu direito de transitar pelas calçadas, você tem que ter o seu direito de não ter que passar pela rua para poder transitar pela cidade”, afirmou.

Ele negou que haja apreensão indiscriminada de barracas. “Os profissionais estão sendo instruídos a fazer a orientação para que os moradores desmontem as barracas. Somente estão sendo retirados o que está fixo e em situação que prejudique que as pessoas transitem pelas calçadas”, afirmou Nunes.

No dia 31 de março, a Justiça de São Paulo derrubou uma liminar que impedia a remoção de barracas da população de rua quando elas ocupassem vias ou praças públicas da capital, ação prevista em decreto desde 2020 e suspensa desde fevereiro deste ano, via medida judicial. No início de abril, a Prefeitura retomou as ações diárias de zeladoria na região central da capital. Atualmente, há 31.860 em situação de rua, conforme último censo.

Na entrevista à Rádio Eldorado, ele negou, porém, que a Prefeitura não tenha capacidade para abrigar todos os moradores de rua e chegou a afirmar que não foi à Justiça para retirar as barracas. Em seguida, o prefeito se corrigiu ao ser lembrado sobre o recurso apresentado pelo Município ao Tribunal de Justiça de São Paulo para derrubar a liminar concedida contra a medida. Mas não explicou como há vagas para todos se são ao menos 31 mil moradores de rua para cerca de 21 mil vagas em abrigos.

“Existe um decreto de 2020 que normatiza quais são as ações que o poder público deve tomar. Precisamos ter uma compreensão de que é importante a gente ofertar o acolhimento aos moradores de rua e também que a cidade precisa ter ordem”, justificou Nunes.

O prefeito ainda afirmou que, segundo monitoramento feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social, 9,8 mil pessoas em situação de rua arrumaram emprego ou retornaram para sua cidade de origem. “A Prefeitura de São Paulo forneceu quase 2 mil passagens para quem desejou voltar para seu Estado e município. Mas, como a cidade de São Paulo acolhe, acabamos recebendo pessoas de outros municípios e Estados”, disse.

O prefeito refutou que os albergues tenham má qualidade, conforme denúncias feitas pelos próprios moradores de rua e políticos de oposição – na semana passada, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) entrou com representação no Ministério Público para que se investigue o serviço prestado na cidade. A Prefeitura, no entanto, já admitiu que há vagas ociosas.

“Para as mais de 20 mil pessoas que estão em abrigos, o atendimento é bom e, se existe algum problema, imediatamente corrigimos. Se existe alguma conveniada que não presta um bom serviço, a gente descredencia e traz outra. Existe toda uma equipe para oferecer um melhor atendimento aos moradores de rua”, afirmou Nunes.