Economia
Incentivos

Governo intensifica diálogo sobre rotas de integração sul-americanas

A ideia é incentivar o comércio nacional com países da América do Sul, além de reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias

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29 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Governo intensifica diálogo sobre rotas de integração sul-americanas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O governo brasileiro buscou intensificar, na quarta e quinta-feira (28 e 29), o diálogo sobre o projeto das rotas de integração sul-americanas. A ideia é incentivar o comércio nacional com países da América do Sul, além de reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil, os países vizinhos e a Ásia.

Para isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e dos ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e dos Transportes Renan Filho, cumpriu uma série de agendas bilaterais e trilaterais com autoridades da Guiana e do Suriname na 46ª Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom), que está sendo realizada em Georgetown, na Guiana.

O projeto das cinco rotas foi desenhado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, que mapeou, com apoio de 11 Estados brasileiros fronteiriços, cinco rotas prioritárias para estimular a integração – Rota da Ilha das Guianas; Rota Multimodal Manta-Manaus; Rota do Quadrante Rondon; Rota de Capricórnio; e Rota Porto Alegre-Coquimbo.

De acordo com a pasta, as obras das rotas foram cruzadas com as 9,2 mil obras do Novo PAC e resultaram em uma lista de 124 empreendimentos com caráter direto de integração sul-americana, o chamado “PAC da Integração”. Os empreendimentos envolvem infovias, rodovias, pontes, portos, hidrovias, aeroportos, ferrovias e linhas de transmissão de energia elétrica.

De acordo com o Planejamento, existe a previsão de aporte de US$ 50 bilhões (US$ 10 bilhões) na integração sul-americana. Tanto o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como o banco de desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) investirão R$ 15 bilhões cada. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) irá aportar R$ 17 bilhões e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Plata (Fonplata), R$ 3 bilhões.

A rota da Ilha das Guianas compreende integralmente os Estados do Amapá, Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela.

A rota Multimodal Manta-Manaus compreende o Estado Amazonas e partes de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador.

A rota do Quadrante Rondon compreende os Estados do Acre, Rondônia, e uma porção oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru.

A rota de capricórnio compreende o Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, ao Paraguai, Argentina e Chile.

Já a rota Porto Alegre-Coquimbo compreende Rio Grande do Sul, integrado à Argentina, Uruguai e Chile.

Lula embarcou na quarta-feira para Georgetown, capital da Guiana e na quinta-feira se reunirá com o chefe de governo do país vizinho, Irfaan Ali, quando deve abordar a crise entre Guiana e Venezuela pelo território de Essequibo, disputado pelos dois países.

Antes, na tarde de quarta-feira, o presidente brasileiro tem agenda de trabalho marcada com Irfaan Ali e com o presidente do Suriname, Chan Santokhi, para tratar de temas de interesse trilateral, como energia e integração da infraestrutura física e digital. Ele se encontrará também com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley.

Na Caricom, as discussões devem envolver temas como desenvolvimento sustentável, segurança alimentar e nutricional. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a participação de Lula permitirá “dar novo impulso às relações do Brasil com os países caribenhos”.

Em seu discurso, o presidente deverá abordar temas comuns da agenda do Brasil, que este ano preside o G20 – grupo de 19 países mais ricos do mundo, além da União Europeia e União Africana. As prioridades brasileiras no mandato são a inclusão social e a luta contra a desigualdade, a fome e a pobreza, o enfrentamento das mudanças climáticas, com foco na transição energética, a promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental e a reforma das instituições de governança global, que reflita a geopolítica do presente.

A Guiana exerce, durante o primeiro semestre de 2024, a presidência da Caricom. Estabelecida em 1973, a organização, com sede em Georgetown, busca promover a integração econômica, o desenvolvimento social, a coordenação da política externa e a cooperação em segurança entre seus membros.

Ela é integrada por 15 países: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago.

Da Guiana, na quinta-feira (29), Lula viaja para o pequeno país insular caribenho de São Vicente e Granadinas, onde participará, no dia 1º de março, da abertura da 8ª cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada em Kingstown, a capital.

Apesar de ser um dos países fundadores da Celac, o governo anterior do Brasil deixou a comunidade, composta por 33 países. A reintegração ao bloco foi uma das primeiras medidas de política externa do presidente Lula no início de 2023, ao assumir o terceiro mandato.