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Governo de SP assina convênio com a Vale para propagação de plantas raras

O objetivo é garantir a sobrevivência das espécies e a criação de novos protocolos para produção em viveiros, reintrodução em ambientes alterados e introdução em novos locais.

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24 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Governo de SP assina convênio com a Vale para propagação de plantas raras
Projeto com a Vale oferece condições para criação de plantas raras em São Paulo

Cientistas e pesquisadores de todo o Brasil, sob a coordenação da APTA Regional de Piracicaba, da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios, ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, e a Vale estão pesquisando técnicas para propagação e multiplicação de plantas raras e endêmicas do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

O objetivo é garantir a sobrevivência das espécies e a criação de novos protocolos para produção em viveiros, reintrodução em ambientes alterados e introdução em novos locais. A iniciativa também pode servir para estudos genômicos, ciência que estuda a formação dos organismos, sua estrutura e função, possibilitando definir estratégias personalizadas de rastreamento, prevenção e inovação.

O projeto denominado de “Rede Propagar” conta com pesquisadores de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) como: APTA, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

No Brasil, enquanto algumas plantas de importância econômica e ecológica são intensamente estudadas, outras espécies mais vulneráveis, como as endêmicas dos campos rupestres, recebem menos esforços de pesquisa, necessitando de ações e programas de conservação. Neste sentido, novas pesquisas podem contribuir para compreender a dinâmica populacional das espécies e garantir sua sobrevivência.

“Na literatura atual não temos informações técnicas sobre propagação e produção de muitas das plantas endêmicas dos campos rupestres do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais em viveiros. Esse trabalho irá contribuir efetivamente não só para sobrevivência e reprodução de espécies raras, mas também como suporte para o desenvolvimento de planos de conservação e manejo, além de deixar um importante legado científico”, afirma Ana Amoroso, engenheira florestal da Vale.

Para ela,  as informações também contribuirão para atividades de educação ambiental e conservação da biodiversidade, podendo ser utilizadas por escolas, associações comunitárias, ONGs e demais grupos que se interessem pelo tema. “Como, por exemplo, uma produção em maior escala destas espécies”, destaca Amoroso.

Para os experimentos de propagação, produção de mudas e estudos genéticos serão utilizados materiais vegetais coletados em unidades de conservação, parques estaduais e federais e áreas protegidas pela Vale. O Quadrilátero Ferrífero tem uma área aproximadamente de 7.200km2 abrangendo o sul da Cadeia do Espinhaço, e essa região é considerada uma das de maior diversidade da flora da América do Sul contendo cerca de 30% da flora endêmica.

“Os resultados irão viabilizar avanços científicos inéditos, novas estratégias de conservação e recuperação da biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero, além de fomentar o desenvolvimento sustentável e econômico das comunidades locais, uma vez que o conhecimento será compartilhado, através de cartilhas e outros meios de comunicação, para uso por pequenos produtores e viveiristas o que irá viabilizar o aumentando da produção e distribuição dessas espécies”, destaca a professora e doutora Maria Zucchi, da APTA Regional de Piracicaba.

As plantas resultantes dos processos de germinação de sementes e micropropagação serão transferidas para a estufa agrícola para testes de substratos, crescimento e aclimatação, sendo expostas a diferentes ambientes de aclimatação e buscando tratamentos que aumentem a sobrevivência das mudas quando transplantadas na natureza. Além disso, a revegetação de áreas degradadas com a introdução dessas espécies nativas, já adaptadas às condições ambientais presentes, pode acelerar a recuperação ambiental e aumentar a possibilidade de sobrevivência nestas áreas.