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Governo argentino atua para conter volatilidade nos mercados após primárias

O ministro da Economia, Sergio Massa, afirmou que as autoridades do país pretendem atuar na segunda-feira para conter a volatilidade nos mercados, após as eleições primárias (PASO) do fim de semana.

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14 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Governo argentino atua para conter volatilidade nos mercados após primárias
O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa

O ministro da Economia, Sergio Massa, afirmou que as autoridades do país pretendem atuar na segunda-feira para conter a volatilidade nos mercados, após as eleições primárias (PASO) do fim de semana. A disputa foi vencida pelo deputado ultradireitista Javier Milei, com o grupo governista liderado pelo próprio Massa em terceiro, mas cenário ainda de equilíbrio entre três forças para as eleições de outubro.

O jornal Ámbito Financiero citava alguns analistas locais, segundo os quais a vitória de Milei pode significar pressão de alta extra para o dólar até a eleição. Leonardo Chialva, da Delphos, dizia que a vitória deve exacerbar a desconfiança gerada com o país em fundos do exterior. Ao mesmo tempo, o mesmo Chialva lembrava que o mau desempenho de Massa tende a agradar os mercados, que podem apostar por uma guinada mais à direita com Milei ou a segunda colocada nas primárias, Patricia Bullrich, da coalizão do ex-presidente Mauricio Macri.

O mesmo Ámbito Financiero lembrava algumas plataformas de Milei, como cortar pessoal no funcionalismo e parar de realizar obras públicas, deixando esse papel para o setor privado. O diário recordava que Milei já defendeu a dolarização da economia argentina, e também uma forte abertura econômica. O deputado é um crítico do Mercosul e chegou a falar em “eliminá-lo” caso chegue ao poder.

Segundo o Cronista, a vitória de Milei era um quadro de “cisne negro”, o cenário menos esperado pelos mercados. Esse jornal afirma que as autoridades se preparavam para “sair com artilharia pesada” a fim de conter a volatilidade nos mercados na segunda-feira.

O Clarín, por sua vez, reportava que o quadro era de incerteza também para os empresários locais, diante do desempenho de Milei. O jornal destacou que lideranças empresariais se questionavam sobre quais podem ser as medidas de Massa para reagir ao quadro, com “intranquilidade sobre o que pode ocorrer com o câmbio”.

A imprensa argentina reportou na madrugada de segunda-feira, 14, a surpresa com a liderança de Javier Milei, nas eleições primárias realizadas no domingo, mas também ressaltou que a disputa segue em aberto. Nas palavras do La Nación, o desempenho do deputado ultraliberal provoca um “terremoto” no cenário político local.

O diário destaca que, com mais de 97% das urnas apuradas nas prévias, conhecidas pela sigla PASO no país, Milei tinha 30,06% dos votos, a coalizão Juntos por el Cambio vinha em seguida, com 28,26%, e a Unión por la Patria, liderada pelo ministro da Economia, Sergio Massa, aparecia em terceiro, com 27,26%.

A coalizão Juntos por el Cambio, do ex-presidente Mauricio Macri, era apontada como favorita em várias pesquisas, e algumas sondagens recentes apontavam perda de fôlego de Milei, o que não se confirmou nas primárias. Juntos por el Cambio tinha uma disputa interna, e a candidata dessa coalizão agora será Patricia Bullrich, que liderou no domingo em seu grupo e já ocupou vários cargos públicos importantes anteriormente no país, entre eles o de ministra da Segurança, um de seus principais focos na campanha.

O jornal Clarín destaca o fato de que o peronismo, atualmente no governo, teve “uma queda histórica”, mas via o resultado da eleição de outubro ainda em aberto, diante de um eleitorado praticamente dividido em três terços iguais.

Mais à esquerda, o jornal Página 12 afirma que o primeiro lugar de Milei foi de fato uma surpresa, mas acrescenta que o quadro é de fato bastante equilibrado. Com isso, não é possível descartar nenhum eventual cenário sobre os que passarão para um provável segundo turno, acrescenta.

Em análise na mesma publicação, Luis Bruschtein se questionava se a liderança de Milei seria “um chamado de atenção ou um voto definitivo”.

O Ámbito Financiero, por sua vez, destacava o fato de que, diante do resultado das primárias, a Argentina caminha para formar um Congresso mais fragmentado. Não é renovado todo o Legislativo local a cada eleição. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, estarão em jogo 130 das 257 vagas. Caso se confirmem os resultados das primárias, haveria crescimento evidente do grupo de Milei no Legislativo, mas sem maioria.