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Gomes diz que acordo Mercosul-UE seria benéfico para ambas regiões

Em fevereiro, o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai (atual presidente do Mercosul) disse que as negociações estão suspensas até as eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrem em junho.

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28 de março de 2024
Vinicius Palermo
Gomes diz que acordo Mercosul-UE seria benéfico para ambas regiões
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, em discurso no Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, defendeu na quarta-feira, 27, que um acordo entre Mercosul e União Europeia seria muito benéfico para ambas as regiões, “especialmente para a França”. Ele afirmou, durante a abertura do Fórum Econômico Brasil-França, que a vinda do presidente francês Emmanuel Macron para o Brasil com visitas a diferentes regiões demonstra o interesse das duas sociedades em fortalecer as relações comerciais e políticas.

“Nossas relações vão se estreitar cada vez mais”, disse Gomes. O acordo entre Mercosul e UE esteve próximo de um desfecho em 2023, mas encontrou resistência por parte do presidente Macron, que alegou riscos de uma invasão de alimentos exportados pelos países sul-americanos para a Europa.

Nos últimos meses, produtores rurais de ao menos sete países (Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Itália, Romênia e Polônia) fizeram protestos contra acordos de livre comércio com países fora do bloco.

Em fevereiro, o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai (atual presidente do Mercosul) disse que as negociações estão suspensas até as eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrem em junho.

O diretor-presidente da Engie e presidente do Conselho de Empresas França-Brasil, do MEDEF Internacional, Jean-Pierre Clamadieu, afirmou que a França e o Brasil estão na vanguarda da transição energética, devido à matriz energética particularmente favorável dos dois países.

Clamadieu frisou que o caminho, no entanto, ainda é complexo e com muitas ambições, mas destacou que os dois países podem aprender juntos. “Temos convicção de que o Brasil tem muito a nos ensinar, com o uso do vegetal e florestal, mas também amplamente com o que a terra pode produzir.”

Também participante da mesa de abertura do Fórum Econômico Brasil-França, Clamadieu celebrou a presença de representantes de pouco mais de 80 empresas francesas no fórum.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse que o acordo entre Mercosul e União Europeia é uma das ferramentas que podem mitigar as desigualdades entre as duas regiões.

A fala de Alban foi um recado ao presidente da França, Emmanuel Macron, grande opositor do acordo e presente ao evento, ao lado do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Outro instrumento que pode fortalecer as nossas relações é o Acordo Mercosul-União Europeia. Reconhecemos alguns desafios que tanto o Brasil quanto a França enfrentam em relação ao tratado. Entretanto, estamos confiantes de que, a longo prazo, os benefícios da integração das duas regiões vão superar as adversidades iniciais, proporcionando expressivos ganhos para Brasil e França e para os demais signatários do acordo”, disse Alban, ao conclamar empresários brasileiros e franceses que atuam no Brasil a se tornarem embaixadores em defesa do acordo.

Para ele, com o tratado, os dois países terão melhores condições para construir uma agenda conjunta que dê respostas adequadas à descarbonização da economia, à transformação e à regulação digital e a outros desafios contemporâneos.

“É com espírito de colaboração e visão de futuro que devemos seguir trabalhando para acelerar o desenvolvimento econômico e social sustentável e para revitalizar a integração e a cooperação científica e tecnológica nos nossos países e regiões”, reiterou o presidente da CNI.

Ao se referir às relações entre Brasil e França, Alban disse o Brasil é o principal mercado para os investimentos dos franceses em países emergentes.

“Atualmente, a França é o 5º investidor direto no Brasil e tem mais de 1.150 subsidiárias de empresas estabelecidas no país, que empregam 520 mil pessoas e faturam 61 bilhões de euros por ano. A dinâmica das nossas relações econômicas se baseia tanto no comércio quanto no investimento. Para as empresas francesas, o Brasil pode ser muito mais do que um simples mercado. Pode ser parte da estratégia de desenvolvimento global dos negócios”, disse o executivo.

Para ele, há espaço para se equilibrar a balança comercial já que a França é o nono maior fornecedor do Brasil. Em contrapartida, o Brasil ocupa o 36º lugar na lista dos países que exportam para a França.
Em 2023, disse Alban, a indústria de transformação foi responsável por 72% das nossas vendas para os franceses.

Entre os principais produtos brasileiros embarcados para aquele país estão alimentos industrializados, combustíveis minerais e café. Embora a pauta exportadora seja relativamente diversificada, a participação dos produtos nacionais no mercado francês é de apenas 0,5%.

Nos últimos cinco anos, as vendas do Brasil para a França cresceram 12% e alcançaram US$ 2,9 bilhões em 2023″, pontuou o presidente da CNI.

Ainda, segundo Alban, o acelerado processo de desindustrialização que o Brasil vem enfrentando, associado a uma pauta exportadora concentrada no setor primário, dificultou o crescimento econômico e a inserção do país no cenário internacional.