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Golpista que ameaçou colapsar o sistema diz que não sabia que cometia crime

Em sua fala inicial, ela se autointitulou “patriota”, rejeitando rótulo de golpista. “Sou patriota como devem ser todos os parlamentares.

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28 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Golpista que ameaçou colapsar o sistema diz que não sabia que cometia crime
A golpista foi desmentida durante o seu depoimento.

Apontada pela Polícia Federal como uma das organizadoras dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo afirmou na quinta-feira, 28, que “não sabia” que estava cometendo crime ao invadir o Palácio do Planalto e participar de uma tentativa de golpe de Estado.

Presa desde 10 de janeiro, Ana Priscila ficou conhecida ao publicar um vídeo, antes dos ataques aos prédios dos Três Poderes, anunciando que iria “colapsar o sistema”, “sitiar Brasília” e “tomar o poder de assalto”. Ela ainda convocou mais de 30 mil pessoas num grupo de Telegram para irem a Brasília. “A Babilônia vai cair”, disparou.

“Confesso que não sabia que estava errando, e muito menos poderia imaginar que estava a praticar um crime. Jamais pensei que poderia ser proibida de falar”, afirmou Ana Priscila durante depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em sua fala inicial, ela se autointitulou “patriota”, rejeitando rótulo de golpista. “Sou patriota como devem ser todos os parlamentares. Sou patriota como deveriam ser todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Sou patriota como deveriam ser todos os brasileiros”, disse.

A golpista foi desmentida durante o seu depoimento. Ela chegou a afirmar que a manifestação era pacífica e que não participou da depredação. Vídeos publicados mostram Ana Priscila em meio à invasão do Palácio do Planalto.

Durante a sessão, Ana Priscila também afirmou que acreditava que os “patriotas” seriam bem-vindos nos acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército, em Brasília. “Bastaria um soldado raso nos avisar que deveríamos sair, que teríamos ido embora”, disse.

Ana Priscila chegou a ser detida já no dia 8 de janeiro pelos militares do Exército que atuavam dentro do Palácio do Planalto, mas conseguiu fugir. Foi presa, contudo, dois dias depois em uma das fases da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O STJ começou a julgar golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. As penas têm variado entre 12 e 17 anos por diversos crimes, entre eles abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

A CPMI do 8 de Janeiro cancelou o depoimento de Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado por tentativa de atentado à bomba nas imediações do Aeroporto de Brasília no fim do ano passado. A decisão partiu do próprio presidente do colegiado, o deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA). A oitiva estava marcada para esta quinta-feira, 28.

Segundo a secretaria da comissão, o cancelamento se deu devido à previsão de que haveria “baixo quórum” no encontro. Além disso, foi alegado também que o tema a ser tratado com o depoente na quinta – a tentativa de atentado à bomba em Brasília – já havia sido amplamente discutido em outros momentos de trabalho do colegiado.

Rodrigues teve a prisão decretada após ter sido condenado a cinco anos de quatro meses de prisão pela tentativa de ataque terrorista.

Em outro processo que corre em sigilo, o ministro Alexandre de Moraes, chegou a revogar a prisão do extremista. Rodrigues está preso no Complexo da Papuda, em Brasília.

A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal atribuiu a Rodrigues a instalação do explosivo em um caminhão de combustível, carregado de querosene de aviação, às vésperas do Natal. A perícia apontou que o artefato não explodiu por um erro de montagem.

A investigação concluiu que o plano foi montado no acampamento organizado por bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

O objetivo do grupo, segundo o MP, era “causar comoção” social para justificar uma intervenção das Forças Armadas.

O plano foi descoberto após o motorista do caminhão identificar a bomba e chamar a Polícia Militar, que detonou o explosivo.