As ações do China Renaissance, um dos principais bancos de investimento da China, despencaram na sexta-feira (17) depois de sua controladora informar que perdeu contato com seu fundador, Bao Fan, um dos banqueiros mais importantes do país e proeminente negociador do setor de tecnologia.
Em comunicado à Bolsa de Hong Kong, a China Renaissance Holdings disse que não consegue localizar Bao, que intermediou grandes transações, incluindo a oferta inicial publica de US$ 2 bilhões da empresa de comércio eletrônico JD.com e a listagem da plataforma de vídeos curtos Kuaishou em Hong Kong.
A empresa disse desconhecer “qualquer informação que indique que a indisponibilidade de Bao” esteja relacionada aos negócios do grupo.
O desaparecimento de Bao ocorre após grandes empresas de tecnologia virarem alvo de amplas investigações nos últimos dois anos, num processo que, segundo Pequim, já teria sido concluído. No pregão de sexta em Hong Kong, a ação do China Renaissance chegou a despencar até 50%, antes de fechar em queda de 28%.
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin disse não estar a par da situação ao ser questionado a respeito, durante coletiva de imprensa. “Eu gostaria de enfatizar que a China é um país sob o estado de direito, e o governo chinês protege os direitos e interesses dos cidadãos chineses de acordo com a lei”, disse Wang.
Em setembro do ano passado, o ex-presidente do China Renaissance Cong Lin foi detido por autoridades chinesas, de acordo com a agência Caixin, a primeira a divulgar a notícia.
Investigações anticorrupção com foco no setor financeiro chinês já enquadraram dezenas de funcionários e executivos financeiros de instituições como Everbright Securities, China Construction Bank e ICBC.
No passado, Bao Fan trabalhou no Credit Suisse e no Morgan Stanley. Ele fundou o China Renaissance em 2005 e abriu seu capital em 2018, quando levantou US$ 346 milhões.
Na Europa, os mercados acionários fecharam a sexta-feira, 17, em queda, em pregão com alta volatilidade e seguindo perspectivas de altas mais agressivas nos juros pelos bancos centrais das principais economias. Ainda, as bolsas foram pressionadas pelo baixo rendimento do setor de energia.
Em Londres, o FTSE 100, caiu 0,10% a 8.004,36 pontos, enquanto o índice DAX, em Frankfurt, seguiu o movimento e fechou em baixa de 0,33%, a 15.482,00 pontos. O CAC 40, em Paris, cedeu 0,25%, a 7.347,72 pontos, e o FTSE MIB, em Milão, fechou em baixa de 0,37%, a 27.751,14 pontos. Já em Madri, o índice Ibex 35 caiu 0,01%, a 9.326,80 pontos. Por fim, na Bolsa de Lisboa, o PSI 20 subiu 0,35%, a 6.022,54 pontos. As cotações são preliminares.
Na esteira de Wall Street, as bolsas europeias sentiram o peso do pessimismo em Nova York, com a possibilidade de altas mais agressivas nos juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Falando sobre as taxas básicas, o dirigente do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy, negou a possibilidade de corte de juros neste ano, segundo a Reuters.
Seguindo a fraqueza do petróleo, empresas de energia foram pressionadas na sexta, como a BP, caindo quase 1,5%, e a Shell, em queda de quase 2%, ambas em Londres. Em Paris, a TotalEnergies caiu mais de 2%, enquanto a Eni teve baixa de quase 2,5% em Milão. Já em Lisboa, a Galp Energia cedeu cerca de 2,5%.
Em segundo plano, está o varejo do Reino Unido. Apesar ter vindo um pouco acima do esperado pelo mercado em janeiro, a consultoria Capital Economics acredita que o ano ainda será de contrações e que os resultados não são suficientes para fazer com que o país escape de uma possível recessão. Também ficou de lado a desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI) na Alemanha.
Entre outras ações em destaque no pregão, os papéis da Air France-KLM saltaram quase 6% em Paris após a publicação de seu balanço do quarto trimestre de 2022, com receita recorde. Já os papéis do banco britânico NatWest despencaram mais de 6%, após seu balanço não agradar investidores.