Quase dois anos após anunciar o fechamento das fábricas no Brasil, a Ford comemorou na quarta-feira, 14, a volta à rentabilidade na América do Sul. Interrompendo uma sequência de, segundo a direção da montadora, “muitos anos” de prejuízo na região, a filial conseguiu emendar, a partir da segunda metade do ano passado, cinco trimestres consecutivos com as finanças no azul.
“Desde 2013, a Ford não tinha essa solidez financeira na América do Sul”, disse Daniel Justo, presidente da Ford na América do Sul, referindo-se, em evento com a imprensa, aos resultados financeiros divulgados pela matriz dois meses atrás.
Nos nove primeiros meses deste ano, o lucro da operação sul-americana foi de US$ 303 milhões. A cifra – que considera o lucro sem os descontos das despesas financeiras e impostos, o chamado Ebit, na sigla em inglês – reverteu o prejuízo de US$ 157 milhões do mesmo período de 2021.
No último balanço financeiro, referente ao terceiro trimestre, a montadora informou que todos os mercados na América do Sul mostraram-se rentáveis nos três meses, num reflexo da reestruturação dos negócios motivada após anos de perdas expressivas no Brasil.
“Temos agora uma base sólida de lucratividade que traz muitas possibilidades para a empresa na região”, comentou Justo durante o encontro com jornalistas, realizado na sede da companhia na capital paulista.
Sobre as fábricas que foram desativadas no Brasil, o comando da montadora admite ter conversas com a BYD sobre a venda do complexo industrial em Camaçari, na Bahia, porém sem confirmar um acerto com os chineses.
Já em relação ao destino da unidade que produzia os jipes da Troller em Horizonte, no Ceará, as negociações ainda não tiveram uma definição, conforme relatam os diretores da Ford, sem abrir, neste caso, nomes de interessados.
Ao falar sobre as expectativas para o mercado no ano que vem, a direção da marca americana apresentou na quarta projeções de crescimento em torno de 5% das vendas de veículos no Brasil, na soma de toda a indústria. O prognóstico se baseia na perspectiva de crescimento moderado da economia, queda dos juros e maior oferta de carros, dada a melhora gradual no fornecimento de componentes eletrônicos, cuja escassez leva a interrupções na produção da indústria automotiva desde o ano passado.
Se a previsão da Ford for confirmada, 2,2 milhões de unidades – entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus – serão comercializadas no Brasil em 2023.
A meta da montadora americana é crescer mais do que a média do mercado. Para perseguir esse objetivo, a Ford adiantou que vai reforçar seu portfólio com o lançamento de dez modelos no ano que vem.
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