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FMI prevê juros mais altos nos EUA por mais tempo

Na visão do FMI, o custo de vida dos americanos ainda seguirá acima da meta do Federal Reserve , de 2% ao ano, em 2024.

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27 de maio de 2023
Vinicius Palermo
FMI prevê juros mais altos nos EUA por mais tempo
A diretora do FMI, Kristalina Georgieva

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que os juros nos Estados Unidos terão de permanecer mais altos e por um período mais prolongado até que a inflação no país se reduza. Na visão do organismo, o custo de vida dos americanos ainda seguirá acima da meta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de 2% ao ano, em 2024.

“Os dados que obtive nesta semana e, na verdade, isso foi confirmado na sexta-feira, é que a inflação nos EUA continua teimosamente alta, especialmente o PCE está nos dizendo que o trabalho ainda não acabou”, disse.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA avançou 0,4% em abril ante março. O núcleo do indicador, que exclui os voláteis preços de energia e alimentos, avançou 0,4% antes expectativa de 0,3% de analistas.

“As taxas de juros precisarão ser um pouco mais altas, por mais tempo. Há uma incerteza ainda grande sobre a economia dos EUA e sobre a dinâmica da inflação”, avaliou Georgieva. O FMI espera que o PCE avance 3,8% em 2023 e 2,6% em 2024. Já o seu núcleo deverá subir 4,1% e 2,8%, respectivamente.

“A demanda resiliente e o forte mercado de trabalho são uma espécie de faca de dois gumes. Eles certamente foram um impulso para as famílias americanas, mas também contribuíram para uma inflação mais persistente do que o previsto”, reforçou a diretora-gerente do FMI.

Os comentários de Georgieva foram feitos em coletiva sobre o relatório Artigo IV dos EUA, documento anual em que o FMI avalia a economia de seus países-membros.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) chama atenção para o problema “persistente” da inflação no país, motivada principalmente pela força da demanda e dos resultados positivos no mercado de trabalho. “Embora se espere que o núcleo e o índice cheio do PCE continue caindo em 2023, ela permanecerá significativamente acima da meta de 2% do Fed ao longo de 2023 e 2024”, indica o Fundo.

Segundo o FMI, uma política fiscal mais apertada poderia contribuir com o Federal Reserve (Fed) a conter pressões inflacionárias, “reduzindo potencialmente os riscos”.

O Fundo acrescenta que medida americanas, como a Lei de Redução da Inflação, consideradas políticas ‘Made in America’, “distorcem o comércio e o investimento e correm o risco de criar uma ladeira escorregadia que fragmentará as cadeias de suprimentos globais e desencadeará ações de retaliação por parte dos parceiros comerciais”, sendo prejudiciais para o crescimento, a produtividade e os resultados do mercado de trabalho do próprio país.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, conversou na sexta-feira com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as prioridades econômicas da administração do presidente Joe Biden, a resposta dos EUA ao recente estresse no setor bancário e as perspectivas para a economia do país.

Yellen destacou, no encontro, “a resiliência da economia dos EUA diante dos ventos contrários globais”, bem como o progresso na redução da inflação em 2022 e na manutenção de um mercado de trabalho forte, segundo a pasta.

Ela também enfatizou o impacto da Lei de Redução da Inflação, que classificou como a legislação climática de maior importância da história do país.

Yellen ressaltou ainda “a importância de avaliações francas e completas de todas as economias membros do FMI por meio do processo de supervisão anual”, especialmente no contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia e os seus efeitos, ainda de acordo com o Tesouro.

A secretária do comércio dos EUA, Gina Raimondo, e o ministro do comércio chinês, Weng Wentao, também se mostraram preocupados com as tensões políticas e econômicas entre os dois países. Após encontro entre as lideranças, ambos se comprometeram a fortalecer os intercâmbios em questões comerciais entre as nações.

Os recentes ataques chineses a empresas de consultoria americanas sem grandes explicações, e restrições dos EUA às exportações de tecnologia de semicondutores chineses têm elevado as tensões entre os dois países, que já eram altas por conta de disputas territoriais chinesas com Hong Kong.

De acordo com comunicado do escritório de Raimondo, esses temas foram levantados na reunião. Os dois governos ainda não retomaram as negociações sobre a guerra tarifária desencadeada pelo aumento das tarifas de importação ao longo do governo Trump e ainda não abordadas por Joe Biden. O ministro do Comércio da China continua nos EUA para uma reunião em Detroit do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.