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Fitch eleva previsão para alta do PIB do Brasil em 2023, de 2,3% para 3,2%

O desempenho econômico no segundo trimestre foi surpreendente, apesar da base muito forte nos três primeiros meses do ano, conforme a análise.

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13 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Fitch eleva previsão para alta do PIB do Brasil em 2023, de 2,3% para 3,2%
A Fitch espera que a Selic termine 2023 em 11,75%, antes de cair a 9,0% em 2024 e 8,5% em 2025.

A Fitch Ratings elevou a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano, de 2,3% para 3,2%, como resultado da resiliência do consumo em meio a força do mercado de trabalho, maiores gastos sociais e aumento do salário mínimo.

Esses fatores ajudam a mitigar os efeitos do aperto monetário e de um nível de investimentos mais fraco, segundo a agência, em relatório trimestral de perspectivas globais. O desempenho econômico no segundo trimestre foi surpreendente, apesar da base muito forte nos três primeiros meses do ano, conforme a análise.

A instituição, por outro lado, manteve expectativa de desaceleração da atividade em 2024, a uma expansão de 1,3%, diante da normalização da produção agrícola e da estabilização da demanda doméstica. Já para 2025, a projeção é de uma elevação de 2,1% do PIB brasileiro.

“O impulso fiscal se tornará negativo, à medida que as autoridades buscam cumprir consolidação prevista no seu novo quadro fiscal, mas a flexibilização da política monetária e outras medidas políticas (por exemplo, o programa de alívio a devedores ‘Desenrola’) devem fornecer apoio de compensação à demanda”, prevê.

A Fitch espera que a Selic termine 2023 em 11,75%, antes de cair a 9,0% em 2024 e 8,5% em 2025. Para a inflação, a estimativa é de 4,9% no fim deste ano e uma desaceleração a 4,0% no próximo e a 3,5% em 2025. “Preocupação reduzida sobre mudanças substanciais no regime de meta de inflação provocou uma moderação das expectativas inflacionária”, avalia.

No câmbio, a agência de classificação de risco vê o dólar a R$ 5,00 na virada do ano corrente para o seguinte, com aumento a R$ 5,10 no final de 2024 e R$ 5,20 em 2025. A tendência é de que a moeda brasileira continue sensíveis aos desdobramentos fiscais, ressalta a Fitch.

Diante do cenário de resiliência em algumas das principais economias do planeta, a Fitch melhorou também a previsão para o desempenho da atividade global este ano, mas alertou para os persistentes riscos no horizonte em meio às turbulências no setor imobiliário da China e a política monetária restritiva nos Estados Unidos e na Europa.

A agência informou ter elevado a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta em 2023, de 2,4% para 2,5%. Por outro lado, a instituição cortou a estimativa para o avanço mundial em 2024, de 2,1% para 1,9%.

“A crise cada vez mais profunda no mercado imobiliário da China – outrora descrito como o ‘setor mais importante do mundo’ – é uma nova ameaça às perspectivas de crescimento global, enquanto os impactos dos aumentos dos juros nos EUA e na Europa estão começando ser sentido de forma mais significativa”, afirma o economista-chefe da Fitch, Brian Coulton.

A instituição aumentou a projeção para a alta do PIB dos EUA em 2023, de 1,2% a 2,0%, mas ainda espera uma recessão entre o primeiro e segundo trimestre do ano que vem. O desempenho deve levar a uma drástica desaceleração a 0,3% em 2024, antes de uma melhora a 2,1% em 2025.

Do outro lado do Atlântico, a Fitch reduziu a previsão para o crescimento da atividade da zona do euro em 2023 (de 0,8% a 0,6%) em 2024 (de 1,4% a 1,1%).  A expansão será contida sobretudo pela Alemanha, onde o PIB deve encolher 0,4% este ano, segundo a análise.

Na esteira de uma sequência de dados “decepcionantemente fracos” da China, a Fitch reduziu a previsão para o crescimento da segunda maior economia do planeta este ano, de 5,6% para 4,8% – aquém da meta do governo chinês de cerca de 5%. Segundo relatório de perspectivas, a revisão negativa reflete o colapso da atividade no setor imobiliário, que exerce papel central no país asiático.

A agência espera a adoção de mais estímulos nos próximos meses, como cortes dos juros e compulsórios bancários. “Mas a resposta política até agora tem sido decepcionante”, afirma.

Para os anos seguintes, a Fitch projeta crescimento de 4,6% do PIB chinês em 2024 e de 4,8% em 2025.
Os riscos no horizonte pendem para o negativo, sobretudo caso os efeitos das turbulências no mercado de propriedades levarem a um maior aperto das condições financeiras, conforme a análise.

Também na Ásia, a instituição melhorou a estimativa para o avanço da economia do Japão em 2023, de 1,3% a 2,0%, com expectativa de aumento de 0,9% em 2024 e de 0,7% em 2025.