Mundo
Desinflação

Fed terá que manter juros por mais tempo

Em evento institucional, Barr reconheceu que há progresso de desinflação dos preços, mas apontou que uma desaceleração maior é necessária.

Compartilhe:
21 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Fed terá que manter juros por mais tempo
O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed), Michael Barr

O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed), Michael Barr, afirmou na terça-feira, 21, que os dirigentes terão que manter juros no nível atual por mais tempo do que esperavam, para aguardar evidências de queda sustentada da inflação. Em evento institucional, Barr reconheceu que há progresso de desinflação dos preços, mas apontou que uma desaceleração maior é necessária.

“Precisamos finalizar o trabalho”, disse o dirigente. Na visão dele, o BC americano pode esperar por novos dados, considerando que a política monetária está restritiva e a economia continua forte, com baixa taxa de desemprego e crescimento sólido.

Sobre estabilidade do setor financeiro, Barr alertou que os bancos ainda terão que lidar com riscos relacionados às taxas de juros elevadas por algum tempo, por exemplo, em termos de liquidez. As instituições expostas ao setor imobiliário comercial devem ser particularmente afetadas por estes riscos, segundo ele.

Questionado sobre as turbulências do ano passado, o dirigente reiterou que o BC americano e outros reguladores aprenderam diversas lições e estão aplicando em novas regras, como a retirada rápida de depósitos do Silicon Valley Bank (SVB). Sobre as novas regras de capital bancário, Barr afirmou que elas devem ser aplicadas apenas para os maiores bancos dos EUA e buscam atualizar a regulamentação atual para melhorar gerenciamento de riscos.

O diretor do Fed Christopher Waller se somou ao coro de outros dirigentes e disse na terça-feira, 21, que precisa ver mais evidências de moderação na inflação e vários meses mais de progresso antes de apoiar um corte de juros. Ele afirmou, porém, que um novo aumento nas taxas “provavelmente seria desnecessário”.

Waller avaliou que a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de abril indica que a inflação não está acelerando, após o repique observado no primeiro trimestre. Mas o progresso desinflacionário no mês ainda foi pequeno, na sua avaliação. De todo modo, os dados de gastos com consumo e mercado de trabalho sugerem que a política monetária está em nível restritivo, segundo ele.

“Após aceleração da inflação no primeiro trimestre, fico feliz em ver reversão desse padrão. (…) Um mês não constitui uma tendência, mas dados sugerem que a política monetária está fazendo seu trabalho para moderar a demanda agregada, o que deverá renovar o progresso na inflação”, discursou ele em evento do Peterson Institute for International Economics (PIIE). Também “vejo dados de mercado de trabalho apoiando progresso renovado na desinflação”, acrescentou.

O dirigente contextualizou que gastos com consumo em serviços continuam sólidos e deverão apoiar gastos no geral no segundo trimestre. O mercado de trabalho também segue “relativamente forte”, embora a alta nos salários tenha moderado. Ele disse esperar ver alguma moderação na atividade econômica. “A economia parece estar evoluindo um pouco mais perto do que o Fed espera”, resumiu.