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Inflação alta

Fed terá de elevar juros nos EUA para nível entre 5% e 5,25

Sem direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, o dirigente reiterou no texto o compromisso do Fed com a meta de 2%.

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01 de março de 2023
Vinicius Palermo
Fed terá de elevar juros nos EUA para nível entre 5% e 5,25
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou na quarta-feira que a inflação “continua muito elevada” nos Estados Unidos, apesar de sinais recentes de moderação em seu núcleo.

Em análise publicada no site da distrital, ele defendeu que os juros sejam elevados para o nível entre 5,00% e 5,25% “e mantidos ali até bem entrado 2024”, com uma política monetária mais apertada permitindo um equilíbrio melhor entre a oferta e a demanda agregada e, por consequência, menor inflação.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, o dirigente reiterou no texto o compromisso do Fed com a meta de 2%.

Além disso, retomou exemplos históricos, por exemplo da década de 1970, para argumentar contra um relaxamento prematuro da política monetária, que acabou por ter “resultados desastrosos” para a economia. “Não queremos repetir isso, portanto precisamos derrotar a inflação agora.”

Bostic disse que fazer isso sem impor “dor econômica severa” requer um “equilíbrio delicado”. Para ele, a demanda e a oferta por trabalho nos EUA seguem “desalinhados”. Os juros, por sua vez, ainda não influenciam de modo suficiente a atividade das empresas, acrescentou.

O gasto dos consumidores seguiu robusto ao longo do último ano, e o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima do esperado no segundo semestre de 2022. Olhando adiante, contatos entre empresas não esperam uma “deterioração severa”, notou. “Portanto, há mais trabalho – na forma de altas nas taxas de juros – a fazer”, disse.

Para Bostic, a inflação teve recuo recente, mas em nível ainda elevado. Além disso, o dirigente destacou o fator psicológico como “crucial” para as expectativas de inflação, e disse que o Fed também está atento a isso.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria dos Estados Unidos, elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), subiu de 47,4 em janeiro para 47,7 em fevereiro. Analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal previam um avanço mais tímido, a 47,6.

O subíndice de preços subiu de 44,5 em janeiro para 51,3 em fevereiro em. O de empregos caiu de 50,6 para 49,1, enquanto o de novas encomendas subiu de 42,5 para 47 na mesma marcação. O de produção cedeu de 48 para 47,3, e o de estoques recuou de 50,2 para 50,1 na comparação.

O presidente da distrital do Federal Reserve em Minneapolis, Neel Kashkari, defendeu que as altas de juros devem continuar. “Estou aberto para aumentar 25 pontos-base (pb) ou 50 pb na próxima reunião”, destacou.

O banqueiro central comentou ainda que acredita que onde a instituição terminará as altas de juros é mais importante do que pensar no ritmo de aumentos das próximas reuniões, ou seja, se será 25 pb ou 50 pb.

Segundo Kashkari, ele estava mais do lado “hawkish” no gráfico de pontos, em dezembro. Na época, ele projetou que as taxas de juros teriam que subir 5,4% e ficar por um tempo nesse nível.

O presidente da distrital do Fed em Minneapolis afirmou ainda que o objetivo do BC norte-americano é atingir um pouso suave, porém, ainda não dá para saber se a instituição conseguirá atingir isso. “Não estamos em uma recessão agora. O mercado de trabalho está forte”, defendeu.

O banqueiro central comentou ainda que é preciso manter as expectativas de inflação ancoradas. “Inflação está muito alta, e é função do Fed fazer ela desacelerar”, disse.