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Fed prevê o enfraquecimento do crédito

A ata da última reunião de política monetária do Fed destaca que os dirigentes avaliaram os desenvolvimentos relativos ao sistema bancário.

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13 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Fed prevê o enfraquecimento do crédito
A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que as leituras das altas da inflação sugerem que há mais trabalho a fazer no aperto monetário.

A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) destaca que os dirigentes avaliaram que os desenvolvimentos até agora relativos ao sistema bancário provavelmente levariam a algum enfraquecimento das condições de crédito, já que alguns bancos provavelmente apertariam os padrões de empréstimo em meio ao aumento dos custos de financiamento e maiores preocupações com a liquidez.

Os participantes da reunião observaram que era muito cedo para avaliar com confiança a magnitude do efeito de um aperto de crédito sobre a atividade econômica e a inflação, e que era importante continuar monitorando de perto os desenvolvimentos e atualizar as avaliações dos efeitos reais e esperados do aperto de crédito, segundo a ata divulgada na quarta-feira, 12.

Vários dirigentes observaram que os bancos regionais e comunitários, um pequeno número dos quais passaram por estresse significativo, eram importantes para empréstimos a pequenas empresas e empresas de médio porte e estavam fornecendo serviços financeiros essenciais e exclusivos para muitas comunidades e indústrias, diz o documento.

De toda forma, os participantes do encontro concordaram que o sistema bancário dos EUA permaneceu sólido e resiliente na crise, afirma a ata.

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou que as leituras das altas da inflação sugerem que há mais trabalho a fazer no aperto monetário. Em evento na Câmara de Comércio de Salta Lake, a dirigente indicou que “tivemos algumas notícias boas ” no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de março dos Estados Unidos, mas que a inflação ainda segue elevada.

“Continuamos resolutos e comprometidos em reduzir a inflação para nossa meta de 2%”, afirmou Mary Daly, indicando que o Fed “absolutamente” tem as ferramentas para restaurar a estabilidade de preços. “Não esperamos continuar aumentando os juros em todas as reuniões”, apontou, sugerindo que ainda há incertezas sobre o impacto do aperto monetário na economia, o que faz com que os dados sejam importantes para os próximos passos.

Sobre os impactos na atividade econômica, “não projeto uma recessão, mas precisamos que o crescimento desacelere”, afirmou Mary Daly, indicando que as restrições são importantes para um ambiente sustentável.

Além disso, a dirigente afirmou que há uma série de sinais de que o mercado de trabalho está começando a esfriar, mas que continua extremamente apertado e deve voltar ao equilíbrio apenas gradualmente.

A presidente do Federal Reserve de São Francisco ainda destacou que a autoridade está preparada para usar todas ferramentas em instituições bancárias de todos os tamanhos para garantir a estabilidade.
A dirigente afirmou que o sistema bancário dos Estados Unidos está sólido e resiliente depois dos eventos recentes, e que isso ocorreu em parte pelas ações do Fed.

“Essas ações demonstram que estamos comprometidos em garantir que todos os depósitos sejam seguros”, indicou. “Continuaremos a monitorar de perto as condições do sistema bancário”, afirmou Mary Daly.

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Richmond, Thomas Barkin, afirmou que ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir o retorno da inflação à meta de 2% nos Estados Unidos, embora os preços ao consumidor já estejam distantes dos picos registrados no ano passado.

O dirigente advertiu contra “declarar vitória” no processo de combate à inflação. Segundo ele, a desaceleração do índice de preços ao consumidor (CPI) em março, informada pela manhã, veio em linha com o esperado.

Barkin, que não vota nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), ressaltou que há indícios de esfriamento da demanda, entre eles a estagnação nos gastos com cartão de crédito nos últimos meses.

Mesmo assim, a autoridade monetária ainda espera mais sinais de uma queda sustentada da inflação, de acordo com ele. Em particular, o dirigente afirmou que pretende analisar os dados do índice de preços (PCE), de custos e de emprego, nas próximas semanas, antes de definir as trajetórias dos juros. “Se inflação vier elevada, precisaremos agir”, comentou.

Barkin reforçou ainda que os bancos norte-americanos seguem “resilientes” e com altos níveis de capitalização. No entendimento dele, não houve mudanças na disponibilidade de crédito concedido pelo setor bancário.