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Fed mantém taxa de juros inalterada em 5,25% a 5,50% ao ano

O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.

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13 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Fed mantém taxa de juros inalterada em 5,25% a 5,50% ao ano
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (fed) decidiu manter a taxa dos Fed Funds na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano, em comunicado divulgado na quarta-feira. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado. O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.

A mediana das projeções dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para a inflação nos Estados Unidos medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu para 2024 e 2025. Para 2026, se manteve estável, assim como no longo prazo.

A estimativa para 2024 subiu para 2,6%, ante previsão de 2,4% em março. Para 2025, a mediana subiu de 2,2% para 2,3%. As medianas de 2026 e de longo prazo se mantiveram em 2%.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Comitê ressaltou que “avaliará cuidadosamente vários fatores”, incluindo o mercado de trabalho, a inflação e as expectativas inflacionárias, além de desenvolvimentos financeiros e da economia internacional. “Estamos prontos para ajustar a política monetária como apropriado, se riscos surgirem”, pontuou o Fomc.

O comunicado de quarta-feira traz mudanças bastante modestas em relação ao anterior, de 1º de maio. Na comparação entre os dois documentos, destaca-se apenas a alteração no primeiro parágrafo do que era uma menção à “falta” de mais progressos rumo à meta de inflação de 2% para um “modesto” progresso nessa frente.

Além disso, o comunicado de quarta teve cortado um parágrafo pelo qual o Fed anunciava que começaria em junho a desacelerar o ritmo do recuo de seu balanço, entre outros detalhes sobre esse ajuste nas suas operações anunciados no início de maio.

Dentre os 19 dirigentes presentes na reunião desta semana do Fomc, 15 esperam que os juros básicos cheguem ao fim de 2024 em um nível menor que o atual, de 5,25% a 5,50%.

Do total, oito autoridades esperam que a taxa básica seja reduzida em 50 pontos-base até o fim do ano, e outras sete projetam redução de 25 pontos-base. Além destes, quatro banqueiros centrais preveem que os juros vão permanecer no patamar atual.

A leitura de quarta-feira representa um recrudescimento da visão dos dirigentes, visto que na reunião de 20 de março apenas 2 dirigentes previam juros estáveis no fim deste ano, e a visão majoritária dos votantes era de que as taxas seriam cortadas pelo menos em 75 pontos-base.

Para o fim de 2025, nove dirigentes preveem que os juros terminarão o ano entre 4,0% e 4,25%; outros quatro esperam que as taxas fiquem entre 4,25% e 4,5%. Quatro dirigentes esperam que o patamar de juros fique abaixo dos 4%; e um dirigente prevê que os juros ficarão no mesmo nível de hoje, entre 5,25% e 5,50%

Já ao fim de 2026, a visão hegemônica – de sete dirigentes – é a de que as taxas ficarão entre 3,0% e 3,25%. Outros três dirigentes esperam juros entre 3,25% e 3,50%, e três esperam entre 3,50% e 3,75%. Quatro banqueiros centrais visualizam as taxas abaixo de 3%; e apenas dois esperam os juros acima de 4% em 2026.

Os dirigentes do Federal Reserve têm visão difusa sobre a trajetória das taxas de juros no longo prazo, segundo leitura do gráfico de pontos divulgado no período da tarde de quarta-feira junto da decisão que manteve suas taxas de juros inalteradas.

Dos 19 banqueiros centrais, dez esperam que os juros fiquem abaixo dos 3% no longo prazo, enquanto quatro esperam juros em 3% e outros cinco visualizam os juros acima deste nível.

Entre os que esperam juros abaixo de 3%, cinco dirigentes apostam que as taxas devem ficar em 2,5%; outros quatro projetam taxas entre 2,5% e 3%, e um dirigente espera taxas entre 2,25% e 2,5%.

Já no lado mais restritivo, dois dirigentes esperam juros em 3,5% no longo prazo, e outros dois esperam os juros entre 3,5% e 3,75%. Outro banqueiro central visualiza os juros entre 3,0% e 3,25%.

O Fomc informou também que seguirá reduzindo o balanço de treasuries, títulos de agência e títulos de hipoteca. “O Comitê está fortemente comprometido em levar a inflação de volta ao seu objetivo de 2%”, ressalta o comunicado.

O comitê manteve a faixa-alvo para a taxa de fundos e vai avaliar “cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos” para qualquer ajuste.

“O Comitê não espera que seja apropriado reduzir a faixa-alvo até ter maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%”, diz o comunicado.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reiterou que a autoridade monetária ainda espera obter mais confiança de que a inflação nos EUA caminha à meta antes de decidir cortar juros. Segundo Powell, os dados do começo do ano não ajudaram a aumentar essa confiança.

Durante coletiva de imprensa, o banqueiro central reforçou que, se a inflação seguir forte, o Fed está preparado para manter juros com o objetivo de contê-la. De qualquer forma, Powell repetiu que as decisões serão tomadas a cada reunião com base na evolução do cenário.

O presidente do Federal Reserve disse que a autoridade monetária não descarta a possibilidade de ter que voltar a subir juros, mas explicou que esse não é o cenário-base dos dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Powell repetiu que as pressões inflacionárias diminuíram ao mesmo tempo em que a economia permanece resiliente nos EUA. Segundo ele, a inflação de bens tem flutuado, enquanto os preços estão elevados no segmento de serviços, exceto habitação.

Powell acrescentou que houve alta inesperada nos preços de importados e ressaltou que o crescimento salarial continua avançando em um ritmo acima do sustentável. Para ele, com juros restritivos, a expectativa é de que a atividade eventualmente acabe se enfraquecendo.

O presidente do Federal Reserve afirmou que os dados de inflação divulgados na quarta nos Estados Unidos são “bem-vindos”, mas ponderou que a autoridade monetária ainda precisa ver mais indicadores favoráveis para decidir que é o momento adequado para cortar juros.

Em coletiva de imprensa, Powell também comentou as projeções indicadas no gráfico de pontos, divulgado junto com a decisão de política monetária. Segundo ele, o instrumento não pode ser encarado como um “plano” ou uma “decisão antecipada”.

Para o banqueiro central, os números referentes ao final do ano sugerem números de inflação “bons, não ótimos”.

O presidente do Federal Reserve admitiu que o ritmo de geração de empregos nos Estados Unidos, indicado pelo relatório payroll de maio, veio excessivamente elevado.

Para ele, o quadro geral de mercado de trabalho ainda é forte, mas ainda há sinais de desaceleração.
Em coletiva de imprensa, Powell explicou que há desaceleração gradual no emprego dos EUA.