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Pausa futura

Fed eleva taxa de juros dos EUA em 25 pontos-base, para faixa de 5,00% a 5,25% ao ano

O Fed ainda elevou taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 5,15%, decisão que entra em vigor a partir de quinta-feira, 4.

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04 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Fed eleva taxa de juros dos EUA em 25 pontos-base, para faixa de 5,00% a 5,25% ao ano
O presidente do Fed, Jerome Powell: “estamos muito atentos a riscos que inflação elevada significam para nossas metas”


O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) decidiu na quarta-feira, 3, elevar a taxa dos Fed Funds em 25 pontos-base (pb), para a faixa entre 5,00% e 5,25% ao ano, em comunicado pós reunião de política monetária divulgado no período da tarde (horário de Brasília). A decisão do BC dos Estados Unidos foi unânime.

O Fed ainda elevou taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 5,15%, decisão que entra em vigor a partir de quinta-feira, 4, e a taxa de desconto em 25 pontos-base, para 5,25% ao ano.

O banco central norte-americano avalia que o sistema bancário dos Estados Unidos é sólido e resiliente. Em comunicado, os dirigentes reconhecem que as condições de crédito mais apertadas para as famílias e os negócios provavelmente pesarão na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta, avaliam. O Comitê acompanhará de perto informações recebidas e avaliará as implicações para a política monetária, diz a publicação.

Ao determinar a extensão para o qual o endurecimento adicional da política pode ser apropriado para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo, o Fed levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com qual a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e o desempenho econômico-financeiro.

Além disso, o Comitê continuará reduzindo suas participações em Treasuries e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências (MBS, na sigla em inglês), conforme descrito em seu planos anteriormente.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve avalia que a atividade econômica nos Estados Unidos se expandiu em um ritmo modesto nesse primeiro trimestre de 2023.

De acordo com comunicado de política monetária divulgado na quarta-feira, 3, os rendimentos salariais foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego continuou baixa, enquanto a inflação permanece alta.

O Fed retirou de seu comunicado de política monetária trecho em que afirmava que “o comitê antecipa que algum aperto adicional na política pode ser apropriado a fim de manter uma postura na política monetária suficientemente restritivo para a inflação retornar à meta de 2% com o tempo”. Agora, em substituição, o comunicado afirma que “para determinar a extensão em que aperto político adicional possa ser apropriado para levar a inflação de volta à meta de 2”, o Comitê levará em conta “o aperto acumulativo da política monetária”.

O texto de quarta-feira ainda diz que será levado em conta o intervalo de tempo até o efeito da política monetária para a atividade econômica e a inflação, bem como os “acontecimentos econômicos e financeiros”.

Em comentário no Twitter, Mohammed El-Erian, atualmente ligado à Universidade Cambridge, observa que essa mudança no texto deve levar os mercados a interpretar que o Fed está “sinalizando uma altamente condicional pausa para junho”.

O presidente Fed, Jerome Powell, afirmou que a instituição poderá apertar mais a política monetária, caso necessário. Segundo ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) não tomou uma decisão sobre eventual pausa na campanha de alta de juros.

Durante coletiva de imprensa, Powell reiterou que os próximos passos do banco central norte-americano dependerão da evolução dos indicadores macroeconômicos.

O dirigente chamou atenção para a alteração no comunicado divulgado mais cedo, que retira o trecho que antecipa mais aperto. “Não mais antecipamos altas de juros, mas seremos guiados por dados a vir, a cada reunião”, disse.

O presidente do Federal Reserve reconheceu que a inflação arrefeceu nos Estados Unidos desde meados de 2022, mas reforçou que as pressões inflacionárias continuam altas.

“Estamos muito atentos a riscos que inflação elevada significam para nossas metas”, afirmou Powell, durante coletiva de imprensa, após decisão do Fed de subir juros em 25 pontos-base.

Ele acrescentou que há sinais de maior equilíbrio entre oferta e demanda. Também comentou que o mercado de trabalho permanece “apertado”, com a demanda por trabalhadores superando com folga a oferta de trabalhadores. Powell disse ainda enxergar expectativas de inflação “ancoradas”.

O presidente do Federal Reserve reiterou a previsão de que “levará algum tempo” para reduzir a inflação nos Estados Unidos de volta à meta de 2%.

Em coletiva de imprensa, o dirigente explicou que os dirigentes da autoridade monetária ainda avaliam se os juros estão em “níveis restritivos” após a decisão tomada na quarta. Segundo ele, a política terá que ficar restritiva por algum tempo para assegurar a retomada da estabilidade de preços. Powell também reforçou compromisso com a meta de 2% estabelecida pelo Fed e garantiu que esse objetivo seguirá em vigor.