A ex-diretora da Americanas Anna Christina Ramos Saicali, investigada por envolvimento na suposta fraude contábil de R$ 25,3 bilhões na empresa, desembarcou no Brasil na segunda-feira, dia 1º, e entregou o passaporte à Polícia Federal no posto do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Autoridades e advogados organizaram uma chegada discreta para a executiva, que estava em Lisboa, Portugal, quando teve ordem de prisão preventiva decretada. Ela saiu por uma porta lateral antes do final do corredor dos passageiros que desembarcam no saguão principal do Terminal 3, de Guarulhos, e a poucos passos do posto da Polícia Federal.
De lá, a defesa da advogada teve acesso ao estacionamento reservado à PF, cercado por grades, para que ela deixasse o local sem passar pela imprensa. Agentes da PF também não permitiram que fotógrafos profissionais fizessem imagens da área por cima do muro.
O voo de Lisboa a Guarulhos aterrissou 6:36 de segunda-feira e a executiva deixou a Polícia Federal, acompanhada por seus advogados, às 7:43.
A determinação de que Anna Saicali deveria ser tratada com discrição partiu do juiz Márcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal, do Rio de Janeiro, que substituiu a ordem de detenção preventiva por uma medida cautelar após a defesa dela informar que a ex-diretora se comprometia em retornar ao Brasil.
Na decisão, o magistrado determinou que ela deveria apenas se apresentar às autoridades portuguesas no aeroporto de Lisboa, “sem ser detida, nem algemada, nem passar por qualquer tipo de constrangimento ou vexame”.
Sobre a chegada ao Brasil, ele determinou que ela fosse recebida pelas autoridades, para entregar seu passaporte e que não teria de se submeter “sequer à audiência de custódia”.
Saicali estava em Portugal desde o último dia 15. A defesa informou à Justiça que ela tinha um voo marcado para o Brasil em 5 de julho. A reserva foi realizada em 26 de junho, dia seguinte à decretação da prisão preventiva da ex-diretora da Americanas, sem que os advogados da empresária explicassem a mudança na data do retorno ao Brasil (inicialmente previsto para o próprio dia 26).
O ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez também prestou esclarecimentos de maneira espontânea às autoridades no dia 28 de junho em Madri, na Espanha e já se encontra novamente em sua casa, na mesma cidade.
A defesa do ex-executivo informou por meio de nota que ele se agora encontra no mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas e brasileiras e que, ali, “sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso”. Gutierrez é acusado de comandar a suposta fraude de resultados da varejista que levou ao rombo de mais de R$ 20 bilhões.
A defesa do ex-CEO afirma que o executivo compareceu “espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais com o fim de prestar os esclarecimentos solicitados”.
A nota informa ainda que, diante do acesso aos autos, Gutierrez agora poderá exercer sua defesa frente às alegações originadas por “delações mentirosas em relação a ele”.
“A defesa reitera ainda que Miguel jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios, manifestando uma vez mais sua absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais”, finaliza a nota.