Autoridades federais de saúde dos Estados Unidos ampliaram sua resposta ao surto de gripe aviária H5N1, com base em novos dados que sugerem que a abordagem atual para testes e tratamento de trabalhadores de fazendas leiteiras pode ter deixado casos sem detecção.
Agora, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda que antivirais sejam administrados a qualquer trabalhador que tenha tido uma exposição de alto risco a animais doentes sem o uso adequado de equipamentos de segurança, independentemente de terem ou não sintomas. Anteriormente, a agência recomendava o antiviral Tamiflu apenas para pessoas com sintomas suspeitos de H5N1.
O CDC também recomenda agora que sejam testados trabalhadores expostos ao vírus, mesmo que não apresentem sintomas. Anteriormente, o teste era recomendado apenas para trabalhadores doentes.
Um novo estudo do CDC que testou trabalhadores de fazendas leiteiras com rebanhos infectados revelou que metade dos trabalhadores que apresentaram sinais de terem sido infectados pelo H5N1 não se lembrava de ter tido sintomas. As agências de saúde estavam, em grande parte, monitorando sintomas e apenas testando e tratando trabalhadores que relatavam estar se sentindo doentes.
O novo estudo sugere que essa estratégia não é suficiente. Ao não identificar casos assintomáticos ou com sintomas muito leves, as autoridades de saúde podem ter dado ao vírus uma oportunidade de evoluir e se tornar uma ameaça maior.
Autoridades do CDC disseram na quinta-feira que as novas orientações podem ajudar a evitar que o vírus adquira a capacidade de se espalhar facilmente entre pessoas.
“Embora não tenhamos observado mudanças no vírus que sugiram capacidade de transmissão de pessoa para pessoa, queremos manter esse risco tão baixo quanto ele é no momento”, disse Nirav Shah, diretor adjunto do CDC. “Uma das melhores formas de fazer isso é identificar por meio de mais testes em indivíduos expostos e fornecer a eles Tamiflu para reduzir os níveis do vírus em seu corpo.”
A intensificação da resposta ao surto ocorre em meio a sinais de que a disseminação do vírus está fora de controle nos EUA, com casos entre humanos e animais de fazenda aumentando rapidamente.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), dos 446 rebanhos leiteiros com infecções confirmadas neste ano, 151 foram confirmados apenas nos últimos 30 dias. O número de casos humanos confirmados subiu para 46 nesta quinta-feira, em comparação com 31 em 24 de outubro.
“Em qualquer situação de surto, sabemos que há indivíduos que podem ter sido expostos, podem ter sido infectados e que não fazem parte da contagem”, disse Shah. “Esses dados realmente nos ajudam a entender que alguns desses trabalhadores podem ter tido sintomas tão leves que não se lembram de terem ficado doentes.”
Além das novas orientações sobre testes e antivirais, o CDC também está atualizando suas recomendações para equipamentos de proteção.
O CDC disse acreditar que o H5N1 ainda represente risco baixo para o público em geral. Embora o número de casos humanos esteja crescendo, praticamente todos foram leves. Mais da metade ocorreu em trabalhadores expostos a gado infectado, e quase todos os outros foram em trabalhadores expostos a aves infectadas.
No fim de outubro, o USDA revelou que um suíno em uma criação doméstica no Estado de Oregon testou positivo para H5N1, o primeiro caso conhecido em um suíno nos EUA. Especialistas há muito tempo se preocupam com a entrada do H5N1 na população de suínos, porque os vírus da gripe adaptados para infectar aves e humanos podem infectar suínos e se recombinar nestes animais para criar novos germes mais perigosos. Esse processo é considerado responsável pela pandemia de H1N1 em 2009.
O USDA disse na quarta-feira que um segundo suíno na mesma criação doméstica também testou positivo para H5N1. A agência informou que os suínos estavam infectados com uma cepa de H5N1 encontrada em aves selvagens, e não a cepa circulante entre o gado leiteiro, e que os animais nessa criação provavelmente foram infectados por aves migratórias.