Estados
Falta de energia

Enel diz que indenização será tratada caso a caso

O presidente da Enel, Guilherme Lencastre, pediu ainda que os clientes façam a solicitação por meio dos canais de comunicação da Enel.

Compartilhe:
19 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Enel diz que indenização será tratada caso a caso
A Enel afirma que manterá o efetivo de profissionais reforçado como medida de prevenção para a nova tempestade.

O presidente da Enel, concessionária de energia elétrica, Guilherme Lencastre, afirma que a indenização aos moradores da cidade de São Paulo e região metropolitana que ficaram sem energia durante dias será tratada “caso a caso”. A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira, 18, em entrevista à GloboNews.
“Nós também estamos acelerando o processo de indenização com relação aos danos elétricos. A gente vai analisar caso a caso, depois, em relação a outras situações”, disse ele.

Lencastre pediu ainda que os clientes façam a solicitação por meio dos canais de comunicação da Enel. “Façam o requerimento, e aí a gente vai tratar caso a caso. A gente precisa identificar o cliente, saber o que aconteceu e fazer a análise”, acrescentou ele, sem dar prazo para essa indenização ser realizada.

“Primeiro, foco nos clientes que viveram essa situação recente. A gente está vivendo uma situação de normalidade agora, mas a gente também está muito preocupado com a chuva que vem pela frente. Essas são as principais prioridades nesse momento. Quando a gente sair dessa prioridade, a próxima vai ser em relação a esse assunto (de indenização)”, afirmou ele.

A Enel afirma que manterá o efetivo de profissionais reforçado como medida de prevenção para a nova tempestade. A Defesa Civil Estadual prevê ventos de até 60 km/h entre esta sexta-feira e domingo, 20.

Durante a entrevista, o presidente da Enel voltou a admitir a gravidade e as dificuldades da concessionária para lidar com a crise. “O que aconteceu, de fato, foi um evento de natureza extrema e não quero usar isso para isentar a gente de responsabilidade. Nós, como os clientes, nesse momento, estamos dando a maior prioridade àqueles clientes que ainda estão sem energia, que a gente identifica por algum motivo que teve reincidência ou que ficaram mais tempo sem energia”, disse ele.

No dia anterior, a Enel disse que o serviço não havia sido restabelecido para 36 mil clientes. Não houve atualização desse balanço.

Na quinta-feira, 17, em entrevista coletiva, a Enel afirmou que o apagão que atingiu São Paulo e a região metropolitana na sexta-feira passada, 11, foi maior do que o inicialmente divulgado. No total, foram 3,1 milhões de imóveis que ficaram sem luz – mais do que os 2,1 milhões inicialmente informados pela empresa.

Segundo a empresa, a quantidade de atingidos foi revisada porque o balanço era de 2,1 milhões de imóveis prejudicados às 23h59 do dia 11. Posteriormente, a Enel apurou que entre as 19 horas e esse horário, havia cerca de um milhão de interrupções de energia que haviam sido recuperadas antes da virada do dia.

A extensão do problema e a demora na reação levaram o governo federal a abrir um processo disciplinar contra a empresa italiana, o que eventualmente pode levar à perda de concessão. A empresa diz não ver requisitos para isso, uma vez que afirma cumprir os requisitos contratuais.

Com relação a contratação de mais funcionários, o presidente da Enel justificou que já está atuando nesse processo.

“Temos um plano de contratação de 1,2 mil eletricistas. Inclusive (temos) treinado eletricistas em parceria com o Senai, porque a gente não encontra eletricistas prontos no mercado com a qualificação necessária. Já estamos num nível de contratação de aproximadamente 400, 500 eletricistas nesse momento. E vamos chegar a 1,2 mil eletricistas até março”, disse Lencastre.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) solicitou nesta sexta-feira (18) a imediata intervenção na concessão da Enel Distribuição São Paulo para “assegurar a adequação na prestação do serviço”. A representação é do subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado.

“A suspensão do fornecimento de energia elétrica, porém, ainda persiste, não podendo as providências para o seu restabelecimento, ante os contínuos e crescentes prejuízos para milhares de usuários desse serviço, aguardar a conclusão da referida apuração”, diz a representação.

O subprocurador-geral disse ainda que há “demonstração de hesitação” pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao “declarar que o Ministério carece de fundamentação técnica para considerar a intervenção ou a caducidade da concessão”.

Na última terça-feira, Furtado pediu que o TCU acompanhasse junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) as medidas que vinham sendo tomadas em relação à Enel. Ele sugeriu que a Corte, caso fossem comprovada irregularidades na atuação da Enel, “atuasse de forma a propor a extinção da concessão”.