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Zona do euro

Elderson admite que juros ainda não atingiram pico

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Frank Elderson, afirmou que os juros “não necessariamente” atingiram o seu pico na zona do euro

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27 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Elderson admite que juros ainda não atingiram pico
O dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Frank Elderson.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Frank Elderson, afirmou que os juros “não necessariamente” atingiram o seu pico na zona do euro, defendendo que tentar prever os próximos passos de política monetária não seria “consistente” com a postura dependente de dados do banco central. Para ele, ainda existem muitas incertezas sobre a economia europeia, incluindo riscos de alta para a inflação.

“Preços de energia e alimentos podem provocar pressões de alta. As mudanças climáticas também podem levar a uma mudança nas dinâmicas de inflação de longo prazo, mas precisamos de uma análise granular de como os riscos físicos e a transição verde afetariam os preços”, comentou Elderson, em entrevista ao Market News International (MNI), reproduzida pelo BCE.

O dirigente também reforçou a projeção do banco central de um período lento de crescimento na zona do euro, contrabalançado pelo mercado de trabalho ainda forte, “o que deve ter efeito de estabilizar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”.

Questionado se um possível enfraquecimento da economia poderia levar a cortes nos juros, Elderson reiterou que o objetivo do BCE é a estabilidade de preços e que as taxas permanecerão “suficientemente restritivas” pelo tempo que for necessário.

O presidente do Conselho Supervisor do Banco Central Europeu (BCE), Andrea Enria afirmou que o ciclo dos juros na zona do euro “pode ainda afetar a qualidade dos ativos” dos bancos da região. Ao mesmo tempo, considerou que o trabalho de supervisão já realizado e em andamento ajuda a conter riscos, além de avaliar o quadro no segmento na região como positivo.

O dirigente considera que o setor bancário europeu realizou reparos em seus balanços, mostrando-se resistente a choques exógenos.

Ele recorda que os resultados de testes de estresse na União Europeia deste ano mostram que o setor bancário da zona do euro poderia suportar uma forte piora econômica. “O setor bancário da zona do euro detém colchões de alta qualidade (dinheiro e reservas do banco central) e tem uma base de financiamento diversificada”, afirma Enria na apresentação. “Nenhum modelo de negócios é como o do Silicon Valley Bank”, acrescentou, referindo-se ao banco de porte médio dos EUA que quebrou mais cedo neste ano.

Enria destaca o papel das regulações e da supervisão no setor bancário europeu. Ele admite que o ciclo de juros pode afetar a qualidade dos ativos, como mencionado, mas ressalta que “o escrutínio supervisor dos controles de crédito e a experiência passada da resolução sobre empréstimos inadimplentes deixam os bancos bem equipados”.

O dirigente também lembra que a normalização das taxas de juros conteve uma “batalha duradoura por rentabilidade” no setor bancário da região. As valorizações de mercado se recuperaram de mínimas históricas no setor, mas os investidores ainda não estão convencidos de que o nível de rentabilidade é sustentável, pondera. E comenta que ainda houve pouco progresso na integração de mercado na união bancária.

Enria ainda menciona riscos, como desafios à governança corporativa nos bancos diante de riscos cíclicos e “transformações estruturais”. Além disso, defende que a supervisão bancária se torne “ainda mais efetiva e eficiente” no continente.