Em evento com Banco Europeu de Investimento, o vice-chefe do Fundo Monetário Internacional (FBI), Bo Li, disse que é hora de passar do discurso da economia verde às ações, abandonando fontes fósseis de energia para atender as necessidades dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento que precisam do financiamento climático.
Ele participou do Primeiro Fórum do Banco Europeu de Investimento, EIB, realizado em Luxemburgo. O evento debateu os desafios da mudança climática e do financiamento para mitigar o problema em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
Segundo Li, 2023 será mais um ano difícil na economia global. De acordo com o Panorama Econômica Mundial do FMI, o crescimento global deve cair de 3,4%, registrado no ano passado, para 2,9%.
E na zona do euro, a queda será ainda mais pronunciada. De 3,5% em 2022 para 0,7% com uma expectativa modesta de 1,6% em 2024. E quando o tema é segurança energética, o Fundo espera que as preocupações permaneçam na Europa.
Por isso, é importante que o mundo realize a chamada transição para a economia verde, abandonando os combustíveis fósseis a favor de fontes renováveis de energia como a energia eólica e solar.
O vice-chefe do FMI lembra que as ondas de calor na Europa e os incêndios florestais na América do Norte são um forte sinal de que é preciso fazer mais. Ele citou ainda as secas na África e as enchentes na Ásia, todos sinais do desastre climáticos nos cinco continentes.
E sem uma redução drástica das emissões de dióxido de carbono, a situação só deve piorar. Bo Li afirma que é preciso cortar as emissões de 25% a 50% até 2030, se comparado aos níveis de 2019 para conter a subida da temperatura entre 1.5º C a 2º C.
Pela análise do FMI, as metas atuais mostram que apenas 11% seriam produzidos, ou menos de metade do mínimo de corte necessário.
Para Bo Li, o financiamento para alcançar os objetivos de adaptação e mitigação está na casa dos trilhões de dólares anuais até 2050.
Mas até o momento, apenas US$ 630 bilhões por ano foram garantidos. E deste total, apenas uma fração vai para os países em desenvolvimento.
Para o Fundo Monetário Internacional é preciso focar em políticas que possam redirecionar os fluxos de investimento de projetos altos em carbono para oportunidades mais apropriadas ao meio ambiente.
A segunda prioridade é criar capacidade, as condições para se chegar às metas. Uma delas é fortalecer o gerenciamento público-financeiro sobre os projetos do clima para legisladores que possam implementar as reformas necessárias.
O mundo ainda enfrenta uma escassez grande de dados de qualidade e de confiança que estejam harmonizados com os padrões para alinhar os investimentos aos objetivos do clima. Um outro ponto são infraestruturas financeiras que possam catalisar programas de assistência para apoiar a criação de novos mercados para o financiamento do clima, além de facilitar a adoção desses princípios e as melhores práticas internacionais em mercados emergentes.
E por último, Bo Li propõe mecanismos financeiros inovadores para retirar instrumentos de risco e gerar uma base de investidores mais ampla.
Para ele, vencer essas barreiras é uma questão de mudança de mentalidade tanto do setor público como do privado, além de instituições multilaterais que possam renovar a arquitetura financeira para que mais financiamento privado seja atraído para os projetos do clima.
O vice-chefe do FMI vê as sinergias entre os setores público e privado como chaves para o sucesso dessa estratégia.
Uma das propostas são os títulos verdes que podem abrir recursos vastos de investidores internacionais e que utilizem recursos públicos limitados.
Para o órgão, uma mistura de finanças pode ter um papel importante para arrebanhar investidores públicos e privados.
Bo Li conta que o combate à mudança climática está no coração da agenda de trabalho do FMI.
Em parceria com o Banco Mundial, a Ocde e outros parceiros, o Fundo está desenvolvendo um conjunto de diretrizes sobre os princípios de alto nível do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo que inclui o Brasil.
Para ele, se o mundo não conseguir atender as necessidades de financiamento dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento será impossível alcançar os objetivos do Acordo de Paris de combate à mudança climática.