País
Análise

Dino isenta Gonçalves Dias e diz que discussão é se GSI seguirá existindo

O ministro da Justiça Flávio Dino disse que a saída de Gonçalves Dias do governo foi um movimento normal da política.

Compartilhe:
20 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Dino isenta Gonçalves Dias e diz que discussão é se GSI seguirá existindo
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, durante entrevista coletiva sobre a Operação Escola Segura. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Justiça, Flávio Dino, um dos mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista na tarde de quinta-feira, 20, que há uma discussão no governo sobre extinguir ou não o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Caso o órgão seja preservado, também haverá a discussão se o comando fica com um militar ou com um civil.

“A discussão é se haverá ou não GSI. Se houver, se será comandado por civil ou militar”, declarou no Ministério da Justiça.

O debate sobre o GSI começou na quarta, 19, depois que o general Gonçalves Dias deixou o cargo. A rede de TV CNN Brasil divulgou imagens de Dias interagindo com invasores no Palácio do Planalto em 8 de janeiro. Ele ficou sem condições políticas de permanecer no posto.

Dino disse que a saída de Dias foi um movimento normal da política. “Se alguém em cargo de comissão sai não significa que ele seja culpado de qualquer coisa”, declarou o ministro.

O ministro afirmou que Ricardo Cappelli, seu secretário-executivo que assumiu interinamente o GSI, está reunindo informações sobre o assunto para a discussão. Quem decide, ressalvou Dino, é o presidente da República. Lula estará na Europa nos próximos dias e só depois resolverá a questão.

Questionado se Cappelli continuaria no GSI, o ministro disse que ele é qualificado para cargos públicos, mas que espera tê-lo de volta no ministério. “Ele me ajuda muito aqui”, afirmou.

Flávio Dino declarou que nunca havia visto as imagens de Gonçalves Dias no Planalto durante o 8 de janeiro. Disse que não acredita que o general estivesse “mancomunado” com os invasores.

O ministro também afirmou que há uma tentativa de “amigos de terroristas” para tirar o foco das investigações sobre o 8 de janeiro. A oposição ao governo tenta emplacar a versão de que o Executivo foi negligente com a segurança e também tem responsabilidade nos ataques.

O ministro disse que dados levantados pela atual gestão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que as operações do órgão no segundo turno foram atípicas. A PRF fez diversas operações em estradas no segundo turno da última eleição presidencial, principalmente no Nordeste.

As ações foram interpretadas como uma tentativa de impedir que eleitores chegassem ao respectivo local de votação, principalmente em lugares onde o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais popular. Seria uma forma de beneficiar o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), que tentava reeleição.

Dino falou a jornalistas no Ministério da Justiça junto com o ministro da Controladoria Geral da União, Vinícius Carvalho, e com o diretor-executivo da PRF, Antônio Jorge Azevedo Barbosa.

De acordo com o ministro, foram 911 pontos de fiscalização no dia do segundo turno, a maior parte no Nordeste. A região também foi a com maior movimentação da PRF em outras métricas, como número de ônibus parados e policiais mobilizados em dia de folga para trabalhar.

Segundo Dino, a Polícia Rodoviária Federal mudou entre o primeiro e o segundo turno um planejamento que fez em setembro. Isso teria aumentado o custo da operação em R$ 3 milhões.

Flávio Dino também afirmou que em um Estado, sem especificar qual, o número de operações durante o segundo turno foi maior do que no resto do ano.

O ministro da Justiça também afirmou que o ex-ocupante do cargo Anderson Torres e o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques, que estavam nos postos durante a eleição de 2022, têm de se explicar.

O diretor-executivo da PRF disse na entrevista que, no total, as operações das eleições custaram R$ 7 milhões e foram desproporcionais. No Nordeste, segundo ele, foram maiores do que as ações feitas durante as festas de São João.

A entrevista a jornalistas foi realizada para divulgar os números, compilados pela PRF por ordem da CGU. Vinícius Carvalho disse que seu ministério está terminando de revisar 240 sigilos do governo anterior.