Economia
Renda sobe

Desemprego tem primeiro aumento em um ano

A última vez que a taxa de desemprego tinha crescido foi na passagem de dezembro de 2021 (11,1%) para janeiro de 2022 (11,2%).

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17 de março de 2023
Vinicius Palermo
Desemprego tem primeiro aumento em um ano
Apesar da elevação, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro de 2023 foi a mais baixa para esse período desde 2015

A taxa de desemprego no País subiu de 7,9% no trimestre terminado em dezembro de 2022 para 8,4% no trimestre até janeiro de 2023, o primeiro avanço em um ano.

A última vez que a taxa de desocupação tinha crescido foi na passagem de dezembro de 2021 (11,1%) para janeiro de 2022 (11,2%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da elevação, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro de 2023 foi a mais baixa para esse período desde 2015, quando estava em 6,9%.

O nível da ocupação – porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar – saiu de em 57,4% no trimestre até outubro de 2022 para 56,7% no trimestre até janeiro de 2023. No trimestre terminado em janeiro de 2022, o nível da ocupação era de 55,3%.

O IBGE informou ainda que o Brasil tinha 63,739 milhões de ocupados contribuindo para a Previdência, terceiro maior contingente da série histórica.

O ápice foi verificado no trimestre até dezembro de 2022, com 64,274 milhões de trabalhadores contribuintes. O segundo melhor resultado foi no trimestre até novembro de 2022, com 64,172 milhões de contribuintes.

No entanto, a proporção de ocupados que contribuem para a Previdência foi de apenas 64,6% no trimestre até janeiro de 2023, montante que já ultrapassou os 66% em anos anteriores.

De acordo com o IBGE, o País registrou taxa de informalidade de 39,0% no mercado de trabalho no trimestre encerrado em janeiro de 2023. Havia 38,964 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período.

“Essa queda na ocupação não foi enviesada”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. “A queda na ocupação atingiu tanto o trabalhador formal quanto o informal.”

Em um trimestre, 511 mil pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. A extinção de vagas no período totalizou 1,025 milhão.

Em um trimestre, houve redução de 264 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 37 mil empregadores sem CNPJ, redução de 44 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ e de 165 mil de pessoas no trabalho familiar auxiliar. O número de trabalhadores domésticos sem carteira assinada ficou estável.

A queda na população ocupada atuando na informalidade em um trimestre foi de 1,3%. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais recuou em 70 mil pessoas, queda de 0,2%.

Também segundo o IBGE, o trimestre encerrado em janeiro de 2023 mostrou uma abertura de 190 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em outubro de 2022. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, 2,257 milhões de vagas com carteira assinada foram criadas no setor privado.

O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado foi de 36,813 milhões no trimestre até janeiro, enquanto as que atuavam sem carteira assinada alcançaram 13,108 milhões, 264 mil a menos que no trimestre anterior. Em relação ao trimestre até janeiro de 2022, foram criadas 725 mil vagas sem carteira no setor privado.

O trabalho por conta própria perdeu 111 mil pessoas em um trimestre, para um total de 25,299 milhões. O resultado significa 277 mil pessoas a menos atuando nessa condição em relação a um ano antes.

O número de empregadores encolheu em 179 mil em um trimestre. Em relação a janeiro de 2022, o total de empregadores cresceu 186 mil.

O País teve um aumento de mil pessoas no trabalho doméstico em um trimestre, para um total de 5,883 milhões de pessoas. Esse contingente é 262 mil pessoas maior que no ano anterior.

O setor público teve 497 mil ocupados a menos no trimestre terminado em janeiro ante o trimestre encerrado em outubro. Na comparação com o trimestre até janeiro de 2022, foram abertas 447 mil vagas. Sete das dez atividades econômicas registraram demissões no trimestre encerrado em janeiro.

Na passagem do trimestre terminado em outubro de 2022 para o trimestre encerrado em janeiro de 2023, houve geração de vagas apenas em transporte e armazenagem (126 mil), alojamento e alimentação (156 mil) e serviços domésticos (9 mil).

As demissões ocorreram na indústria (-220 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (-38 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-342 mil), construção (-134 mil), outros serviços (-102 mil), comércio (-201 mil) e agricultura (-272 mil).

Em relação ao patamar de um ano antes, as únicas atividades com perdas foram a agricultura, que demitiu 398 mil trabalhadores, e a construção, que dispensou 13 mil pessoas.

Os demais setores contrataram: administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (876 mil trabalhadores a mais), comércio (637 mil), alojamento e alimentação (143 mil), serviços domésticos (249 mil), indústria (278 mil), informação, comunicação e atividades financeiras (544 mil), transporte (481 mil) e outros serviços (430 mil).

A massa de renda em circulação na economia foi a maior da série histórica comparável. Considerando todos os trimestres móveis da série iniciada em 2012, a massa foi a terceira maior.

“Por mais que eu tenha perdido um pouco da população ocupada, as pessoas que permaneceram na ocupação estão ganhando mais, mais do que ocorria no trimestre anterior. Então, mesmo diante de uma perda de contingente no trimestre, o que se ganhou em termos de rendimento foi suficiente para se chegara esse valor”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Embora a expansão na massa de renda em um trimestre não tenha sido estatisticamente significativa, por ter ficado dentro da margem de erro da pesquisa. Adriana Beringuy lembra que, na comparação anual, a massa cresce sucessivamente, seja por conta da expansão da ocupação como dos rendimentos.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real de 1,6% na comparação com o trimestre até outubro de 2022, R$ 46 a mais, para R$ 2.835. Em relação ao trimestre encerrado em janeiro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 7,7%, R$ 202 a mais.

O crescimento do rendimento médio real está relacionado à trégua da inflação registrada nos últimos meses, que proporciona ganhos reais, mas também à melhora na composição da ocupação, com manutenção de vagas carteira assinada no setor privado e uma dispensa de trabalhadores temporários com menores remunerações no setor público, o que tende a elevar o rendimento médio, apontou Adriana Beringuy.

“Além da questão da inflação, tem a manutenção de carteira de trabalho, são trabalhadores mais bem remunerados”, lembrou. “A própria queda na ocupação dentro da administração pública, seguridade, educação e saúde é uma perda mais daqueles trabalhadores temporários, que são os rendimentos menores”, explicou.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,9% no trimestre terminado em janeiro ante o trimestre encerrado em outubro. Já na comparação com o trimestre terminado em janeiro de 2022, houve elevação de 13,9% na renda média nominal.