Economia
Juros

Déficit nominal do setor público soma R$ 135,7 bilhões

No ano até junho, o setor público tem déficit nominal de R$ 498,225 bilhões, equivalente a 8,91% do Produto Interno Bruto (PIB).

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29 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Déficit nominal do setor público soma R$ 135,7 bilhões
O chefe adjunto do departamento econômico do Banco Central do Brasil, Fernando Rocha

O setor público consolidado teve déficit nominal de R$ 135,724 bilhões em junho, informou o Banco Central (BC). Em maio, o déficit havia sido de R$ 138,256 bilhões. Em junho de 2023, foi de R$ 89,625 bilhões. No ano até junho, o setor público tem déficit nominal de R$ 498,225 bilhões, equivalente a 8,91% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses, o rombo nominal chegou a R$ 1,108 trilhão, ou 9,92% do PIB.

No fim do ano passado, o déficit nominal acumulado nas contas do setor público chegou a R$ 967,417 bilhões, ou 8,91% do PIB. O resultado nominal representa a diferença entre receitas e despesas do setor público, contando o pagamento dos juros da dívida pública.

Em junho de 2024, o governo central teve déficit nominal de R$ 126,572 bilhões. Os governos regionais tiveram saldo negativo de R$ 6,953 bilhões, enquanto as empresas estatais foram deficitárias em R$ 2,199 bilhões.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, apontou que o déficit primário registrado no setor público consolidado em junho apresentou uma redução de 16,4% frente ao mesmo mês do ano passado, quando o valor ficou negativo em R$ 48,899 bilhões, contra R$ 40,873 bilhões do mês passado. Isolando apenas o resultado primário do governo central, o rombo também foi menor, em 13,5%. Em junho deste ano, o déficit ficou em R$ 40,188 bilhões.

Rocha destacou que essa melhora foi resultado de um avanço real (5,8%) da receita líquida, contra uma quase estabilidade nas despesas. Nos gastos, dois fatores contrabalancearam o número final. Enquanto a alteração do cronograma de pagamentos da antecipação do 13º salário reduziu as despesas na comparação interanual, houve um crescimento de gastos discricionários no mês.

O técnico do BC ainda observou que essa redução no déficit de junho foi distribuída entre os dados dos governos central e regionais – esses tiveram resultado primário positivo de R$ 1,057 bilhão em junho.

Por outro lado, a alta do déficit do setor público no acumulado do primeiro semestre de 2024 foi puxada pelo governo central, destacou Rocha. O rombo do setor público consolidado de janeiro a junho ficou em R$ 43,448 bilhão. O resultado do governo central foi deficitário em R$ 70,640 bilhões. Enquanto o governo federal apresentou superávit de R$ 127,851 bilhões no acumulado, o rombo com o INSS foi de R$ 198,221 bilhões.

A dívida pública brasileira subiu em junho. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que a Dívida Bruta do Governo Geral ficou em R$ 8,691 trilhões no sexto mês de 2024, o que representa 77,8% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 76,7% de maio e de 74,4% de dezembro do ano passado.

O pico da série da dívida bruta foi alcançado em dezembro de 2020 (87,6%), em virtude das medidas fiscais adotadas no início da pandemia de covid-19. No melhor momento, em dezembro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.

A Dívida Bruta do Governo Geral que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais é uma das referências para avaliação, por parte das agências globais de classificação de risco, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) também subiu no sexto mês de 2024 para 62,2% do PIB, ante 62,1% em maio. A DLSP atingiu R$ 6,946 trilhões. A dívida líquida apresenta valores menores que os da dívida bruta porque leva em consideração as reservas internacionais do Brasil.

O técnico chamou atenção para a contribuição das emissões líquidas de dívida e dos juros nominais para o aumento, de 0,6 ponto porcentual do PIB cada. A desvalorização cambial de 6,1% em junho, ele explicou, adicionou 0,3 ponto porcentual do PIB à DBGG no mês.

Os economistas do mercado financeiro revisaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2024 no Relatório de Mercado Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 40,00 bilhões para US$ 39,45 bilhões, ante US$ 39,90 bilhões de um mês atrás. Já para 2025, a estimativa de déficit seguiu em US$ 43,50 bilhões, contra US$ 43,55 bilhões de quatro semanas atrás.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2024, a projeção seguiu em US$ 82,00 bilhões, de US$ 81,55 bilhões um mês antes. Para 2025, a mediana passou de US$ 78,00 bilhões para US$ 78,50 bilhões, ante US$ 76,02 bilhões de quatro semanas atrás.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) é mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes. A mediana das previsões para o IDP em 2024 seguiu em US$ 69,59 bilhões, de US$ 70,00 bilhões de um mês antes. Para 2025, a estimativa passou de US$ 72,10 bilhões para US$ 71,60 bilhões, de US$ 74,00 bilhões de quatro semanas atrás.

O setor público consolidado teve um resultado negativo de R$ 94,851 bilhões com juros em junho, após esta rubrica ter encerrado maio com um gasto de R$ 74,361 bilhões.

Conforme o BC, o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) teve no sexto mês de 2024 despesas na conta de juros de R$ 86,383 bilhões. Os governos regionais registraram gastos de R$ 8,011 bilhões e as empresas estatais, despesas de R$ 457 milhões.

No ano até junho, a despesa acumulada do setor público com juros foi de R$ 454,777 bilhões, ou 8,13% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses, o resultado negativo é de R$ 835,748 bilhões, o que representa 7,48% do PIB no período.