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Cresce a troca de acusações entre Kamala Harris e Donald Trump

A vice-presidente acusou o republicano de arrastar os Estados Unidos para um “passado obscuro” e ele afirmou que os democratas largaram Joe Biden e, em seu lugar, ficou ela, “lunática” e “mentirosa”.

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26 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Cresce a troca de acusações entre Kamala Harris e Donald Trump
A vice-presidente Kamala Harris durante discurso.

As tensões entre Kamala Harris e Donald Trump estão crescendo. A vice-presidente acusou o republicano de arrastar os Estados Unidos para um “passado obscuro” e ele afirmou que os democratas largaram Joe Biden e, em seu lugar, ficou ela, “lunática” e “mentirosa”.

O programa dos republicanos “é um passado obscuro”, disse Harris à Federação Americana de Professores, reunida em Houston, estado do Texas. “Trump e seus aliados extremistas querem levar nossa nação de volta a políticas econômicas fracassadas, à luta contra os sindicatos, à volta das isenções fiscais para os bilionários”, acrescentou a candidata democrata, que deve ser oficialmente indicada na convenção do partido em agosto.

A ex-senadora e ex-procuradora defendeu os sindicatos, que “ajudaram a construir a classe média americana”. Os democratas, disse ela, querem educação e saúde para todos e apoiam o controle de armas e o direito ao aborto.

A troca de acusações entre Kamala Harris e Donald Trump incendeia a campanha eleitoral. “Nós queremos banir armas de assalto e eles querem banir livros”, declarou Harris.

A democrata publicou nesta quinta seu primeiro vídeo de campanha, no qual clama por “liberdade”. Como trilha sonora, usou a canção “Freedom” (Liberdade), de Beyoncé, que raramente cede suas músicas.
E ganhou outro apoio importante, o da sindicalista, feminista e ambientalista Dolores Huerta, muito influente entre os eleitores hispânicos.

“Donald Trump representa um grave perigo para as causas pelas quais lutei durante toda a minha vida. Mas Kamala Harris acredita, tal como eu, que os Estados Unidos são tão grandes quanto as oportunidades que criamos e as liberdades que proporcionamos a cada americano”, diz Huerta em um comunicado.

Assim, Dolores entra para uma longa lista de grupos e congressistas latinos que apostam na vice-presidente. Por sua vez, Trump, que adora colocar apelidos, a chama de “Kamala, a mentirosa”.

Em declarações à Fox News, afirmou que a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e o ex-presidente Barack Obama conspiraram nos bastidores contra Biden e o derrubaram.

Pareciam gentis na televisão apoiando Biden, disse o republicano, “mas nos bastidores […] foram brutais” com ele. “Estavam tentando dar um golpe de Estado”, declarou.

Joe Biden explicou na quarta a seus compatriotas que desistiu de se candidatar a um segundo mandato pela “defesa da democracia” e para dar lugar a “vozes jovens”, após semanas de pressão dos democratas devido a dúvidas sobre seu estado físico e sua agilidade mental. O republicano, de 78 anos, agora centra seus ataques em Harris e diz que ela é “pior” que Biden.

Na noite de quarta-feira, em um discurso antiaborto durante um comício na Carolina do Norte, ele a acusou até mesmo de defender a “execução de bebês”.

Seu companheiro de chapa, J.D. Vance, foi criticado nesta quinta pela atriz Jennifer Aniston, por ter falado de “tias dos gatos sem filhos, solitárias e infelizes”, referindo-se ao fato de Harris não ter filhos.

A atriz de Friends, que reconheceu publicamente ter vivido um calvário tentando engravidar, respondeu ao senador no Instagram: “De verdade, não posso acreditar que isso venha de um potencial vice-presidente dos Estados Unidos.”

Vários republicanos, como o presidente da Câmara Mike Johnson, pediram nesta semana aos membros do partido que se concentrem na trajetória política de Harris, e não em seu gênero ou cor de pele, informou a imprensa americana.

Pesquisa

A provável candidata do Partido Democrata à Casa Branca nos Estados Unidos, a vice-presidente Kamala Harris, tem desempenho melhor que o do atual presidente, Joe Biden, mas fica numericamente atrás do ex-presidente Donald Trump, como também ocorria com o atual líder, de acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo jornal The New York Times e elaborada pelo Siena College.

Entre prováveis eleitores, Trump aparece com 48% e Harris, com 47%, enquanto entre eleitores registrados a vantagem do republicano é de 48% a 46%. A margem de erro para prováveis eleitores é de 3,4 pontos e a de eleitores registrados, de 3,3 pontos, na sondagem nacional, ou seja, há empate técnico.

O NYT reporta que Kamala Harris começa a campanha de pouco mais de 100 dias até a votação “em um virtual empate” com Trump. A pesquisa também mostra que, para 70% dos eleitores democratas, o partido deve confirmar logo o apoio à vice-presidente, em vez de realizar um processo para escolher o nome a disputar.

Em pesquisa da mesma instituição do início de junho, Biden estava 6 pontos porcentuais atrás de Trump, entre prováveis eleitores, após o desempenho fraco no debate que acabou sendo o estopim de sua retirada da disputa. Entre eleitores registrados, a vantagem de Trump era maior, de 9 pontos.

O levantamento mais recente mostra Harris se saindo melhor em grupos nos quais Biden mostrava fraqueza, em especial entre eleitores jovens e não brancos. Ao mesmo tempo, alguns democratas temem que ela não consiga ter a mesma força de Biden entre os eleitores mais velhos, entre os quais a sondagem de fato mostra alguma perda de apoio entre democratas ao novo nome.

O NYT ainda adverte que, como a pesquisa é nacional, ainda não é possível mensurar de todo o impacto de Kamala Harris nos Estados cruciais para a disputa, que podem pender para um lado ou outro a cada eleição (“Swing State”). Pelo sistema americano, por exemplo, é possível que um candidato perca na votação em nível nacional, mas consiga vitória folgada no Colégio Eleitoral, caso se desempenhe melhor nesses Estados cruciais.