Mundo
Alienação de ativos

Credit Suisse Brasil confirma que negocia venda de participação na Verde Asset

As conversas entre Verde, Credit e Lumina começaram há alguns meses. Pelo acordo, o Credit continuará distribuindo produtos da Verde.

Compartilhe:
17 de março de 2023
Vinicius Palermo
Credit Suisse Brasil confirma que negocia venda de participação na Verde Asset
Na quarta-feira, 15, o Credit Suisse viu suas ações despencarem mais de 20% em meio a renovadas preocupações sobre sua estrutura de capital.

O Credit Suisse Brasil confirmou que está negociando a venda de participação acionária na gestora de Luís Stuhlberger, a Verde Asset, para a Lumina Capital Management. A Lumina foi fundada por Daniel Goldberg, ex-presidente do Morgan Stanley no Brasil e atual conselheiro do Nubank, há pouco mais de um ano. Fontes do mercado apontam que o Credit Suisse ainda teria participação de aproximadamente 25% na gestora de fundos de investimento.

As conversas entre Verde, Credit e Lumina começaram há alguns meses, segundo uma fonte. Pelo acordo, o Credit continuará distribuindo produtos da Verde. A Lumina e a gestora de Stuhlberger continuam operando de forma independente. E o fundador da Verde segue como principal acionista da gestora, famosa por seu fundo multimercado, um dos maiores do Brasil.

“Nenhuma transação foi concluída ainda, e as conversas estão em andamento. Quando e se for concluída, qualquer transação envolverá a continuação da sociedade entre o Credit Suisse e a Verde Asset Management, inclusive no que diz respeito à distribuição dos fundos da Verde”, diz nota divulgada pelo banco suíço e pela gestora de Stuhlberger.

Na quarta-feira, 15, o Credit Suisse viu suas ações despencarem mais de 20% em meio a renovadas preocupações sobre sua estrutura de capital. A venda da participação do Credit Suisse Brasil na Verde faz parte de uma “complexa” operação de alienação de ativos pela filial da instituição suíça, segundo uma fonte.

Segundo dados da Anbima, a Lumina tinha, em janeiro deste ano, R$ 1,66 bilhão sob gestão em investimentos no Brasil. A Verde Asset tinha R$ 31,4 bilhões sob gestão. No fim de 2020, a gestora de Stuhlberger tinha R$ 47 bilhões sob gestão.

O Credit Suisse anunciou a intenção de acessar uma linha de liquidez adicional fornecida à instituição pelo Banco Nacional da Suíça (SNB, o banco central do país) no valor de até 50 bilhões de francos suíços, ou US$ 53,7 bilhões (R$ 285 bilhões).

Segundo o Credit Suisse, esse reforço de liquidez dará suporte aos principais negócios e clientes do banco, à medida que a instituição toma medidas necessárias para criar um “banco mais simples e focado nas necessidades do cliente”.

O Credit informou ainda que vai comprar de detentores uma parcela de sua dívida, em uma oferta que expira em 22 de março. Uma parte serão de títulos emitidos em dólar, no valor de até US$ 2,5 bilhões, e outra, de papéis emitidos em euros, no montante de até 500 milhões de euros.

“Essas medidas demonstram uma ação decisiva para fortalecer o Credit Suisse à medida que continuamos nossa transformação estratégica para agregar valor aos nossos clientes e outras partes interessadas.

gradecemos ao SNB e à FINMA – principal autoridade de supervisão financeira do país – enquanto executamos nossa transformação estratégica. Minha equipe e eu estamos decididos a avançar rapidamente para oferecer um banco mais simples e mais focado, construído em torno das necessidades do cliente”, escreveu o CEO do Credit, Ulrich Koerner.

O mercado teve um dia de tensão na quarta-feira, frente à possibilidade de o Credit Suisse enfrentar uma crise de liquidez, que poderia contaminar o sistema financeiro internacional.

As ações do banco chegaram a perder 30% de seu valor depois que o seu principal acionista, o Saudi National Bank (SNB), descartou a hipótese de oferecer mais ajuda à instituição, que enfrenta sérias dificuldades desde o ano passado.

As perdas nas bolsas ao redor do mundo, que recuaram frente às notícias no banco, foram amenizadas no fim do dia depois de o SNB e a principal autoridade de supervisão financeira do país (FINMA, na sigla em inglês) afirmarem que o Credit Suisse atende às exigências de capital e liquidez impostas aos bancos considerados “sistematicamente importantes”. O SNB havia se disposto, então, a fornecer liquidez ao Credit, em caso de necessidade.