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Costa diz que Galípolo é quadro técnico extraordinário e competente no BC

As conversas sobre a sucessão no Banco Central já correm a passos largos e envolvem o presidente Roberto Campos Neto

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03 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Costa diz que Galípolo é quadro técnico extraordinário e competente no BC
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, participa de cerimônia de Assinatura de Atos relacionados ao Programa MOVER e Debêntures de Infraestrutura Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Em meio ao debate sobre a sucessão no Banco Central, o ministro da Casa Civil do Brasil, Rui Costa, concordou na quarta-feira, 3, com a tese de que o nome de Gabriel Galípolo – sem citá-lo nominalmente – é o provável substituto de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC).

“Sobre o BC, a escolha é do presidente Lula. É uma boa teoria de que o primeiro nome é sempre o nome mais forte”, disse em referência a Galípolo, diretor de Política Monetária da instituição. “Então é um quadro técnico extraordinário, competente. Mas a decisão ficará para o momento adequado, ao presidente Lula que ao final do ano, momento em que ele deve indicar, ele fará a indicação”, concluiu.

No entanto, as conversas sobre a sucessão no Banco Central já correm a passos largos e envolvem o presidente Roberto Campos Neto, que vem sugerindo nos bastidores mais tempo para se concretizar a troca de comando na instituição – ou seja, que o anúncio do novo nome seja feito mais cedo.
O mandato dele se encerra em 31 de dezembro, na primeira substituição sob o sistema de mandatos fixos no BC, iniciado em 2021.

O presidente do Banco Central prometeu contribuir para que a sua sucessão aconteça da forma “mais suave possível”. Ele também defendeu que a sabatina no Senado com o indicado a ocupar o cargo a partir de janeiro aconteça, por razões práticas, ainda neste ano.

“Vou fazer a transição mais suave possível. Eu entendo que seja bom fazer a sabatina neste ano. Senão, passa para o outro ano e aí tem um problema porque o meu mandato termina no dia 31. Se um diretor for presidente interino, ele tem que passar por sabatina também, mas aí o Congresso vai estar fechado em recesso”, declarou.

Ele considerou que, como as decisões no Comitê de Política Monetária (Copom) têm sido unânimes – indicando, portanto, um alinhamento entre os diretores -, o prêmio de risco no mercado pela mudança no comando do BC diminuiu bastante.

Ao falar sobre os desafios do cargo, Campos Neto frisou que “o mais importante” para quem senta na cadeira do BC é ter a firmeza de dizer não quando for necessário. “Vai ser necessário, sempre é em algum momento, dizer não”, disse o presidente do BC.

“Os ciclos são diferentes, os desejos vão ser diferentes, os entendimentos sobre o que é bom vão ser diferentes. Então, é importante ter a firmeza de dizer não, e explicar, para dentro e para fora, que o maior problema é a inflação. O melhor plano econômico é ter inflação baixa e estável”, reforçou.

O ministro da Casa Civil afirmou ainda que o governo e os ministérios manterão um diálogo intenso a respeito do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) até o dia 15 de abril, data-limite para o texto ser enviado ao Congresso. Também afirmou que será usado o “tempo máximo” disponível para este diálogo.

“Não apresentamos as condições e a proposta de LDO ao presidente Isso acontecerá nos próximos dias”, afirmou Costa. “Assim que chegar, vamos chamar a junta orçamentária para fazer uma prévia da análise da LDO. Feita essa prévia, apresentaremos para decisão final do presidente”, completou.

As observações do ministro surgem após a ministra do Planejamento, Simone Tebet, confirmar na terça-feira, 2, que irá incluir no PLDO um anexo com diretrizes para a revisão de gastos.

Tebet tem reforçado nos últimos dias que é preciso avançar na discussão orçamentária sob a ótica da despesa e disse que as alternativas para aumentar receitas já estão se “exaurindo”.

Segundo ela, a discussão sobre a agenda de revisão de gastos vai ser levada à reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO) na semana que vem, e a ideia é que este anexo contenha uma análise clara do impacto de despesas com, por exemplo, pisos da saúde e da educação, Previdência e servidores públicos.

O ministro da Casa Civil afirmou também que “Jean Paul Prates e a diretoria da Petrobras têm feito um bom trabalho”, ao reforçar que decisão da empresa de reter os dividendos extraordinários não tem a ver com intervenção do governo. “Havia um parecer técnico dizendo que naquele momento seria um excesso de apetite ao risco a distribuição dos dividendos extraordinários, ao que indicava prudência, um cuidado maior”, disse o ministro. “Então o Conselho seguiu o parecer técnico da Petrobras. Não tem nada a ver com intervenção do governo.”

As observações de Rui Costa estão em consonância com as afirmações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que voltou a rechaçar nesta semana as críticas feitas pelo mercado por conta do episódio sobre a distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras.

Silveira considerou uma distorção o governo ser classificado de intervencionista por conta do caso. “Nós nada mais fizemos do que exercer nosso direito de discutir com nossos conselheiros indicados pelo governo, dentro da lei, respeitada a governança da Petrobras e a sua natureza jurídica, a destinação correta dos dividendos extraordinários”, disse, durante a entrevista.