Economia
Endividamento recua

Concessões no crédito livre subiram 4,4% em novembro

No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, o aumento foi de 4,3%. Estes dados não levam em conta ajustes sazonais.

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04 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Concessões no crédito livre subiram 4,4% em novembro
No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 3,2% em novembro, para R$ 275,4 bilhões.

As concessões dos bancos no crédito livre subiram 4,4% em novembro ante outubro, para R$ 492,8 bilhões, informou na quinta-feira, 4, o Banco Central (BC). No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, o aumento foi de 4,3%. Estes dados não levam em conta ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 3,2% em novembro, para R$ 275,4 bilhões. Em 12 meses, há alta de 9,5%. Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões aumentaram 5,9% em novembro ante outubro, para R$ 217,4 bilhões. Em 12 meses, porém, há um recuo de 1,5%.

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,9% em novembro, para R$ 5,655 trilhões. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, o saldo aumentou 7,1% em 12 meses. Na comparação com outubro, houve alta de 0,7% no estoque para pessoas físicas e avanço de 1,0% no estoque para pessoas jurídicas.

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre subiu 1,0% no penúltimo mês de 2023, enquanto o crédito direcionado apresentou alta de 0,7%. No crédito livre, houve elevação de 1,1% no saldo para pessoas físicas em novembro. Para as empresas, o estoque aumentou 0,9% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 52,2% para 52,3% na passagem de outubro para novembro.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 0,3% em novembro ante outubro, totalizando R$ 989,706 bilhões, informou nesta quinta o Banco Central. Em 12 meses até novembro, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 7,6%.

Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física avançou 1,8% em novembro ante outubro, para R$ 286,701 bilhões. Em 12 meses, a variação foi positiva em 11,8%.

O saldo de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas teve redução de 0,6% em novembro ante outubro, somando R$ 399,512 bilhões, informou o Banco Central. Em 12 meses até novembro, a elevação acumulada é de 2,7%.

No penúltimo mês de 2023, houve alta de 0,8% nas linhas de financiamento agroindustrial do BNDES, queda de 0,7% no financiamento de investimentos e avanço de 5,5% no saldo de capital de giro.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro subiu 1,4% em novembro ante outubro, para R$ 15,829 trilhões. O montante equivale a 146,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, conforme dados agora divulgados pelo Banco Central.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado avançou 0,5% em novembro ante outubro, para R$ 5,490 trilhões. O montante equivale a 50,8% do PIB.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de outubro em 47,6%, menor do que em setembro (47,7%). O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,2% no décimo mês de 2023, mesma taxa de setembro.

Outubro foi o quarto mês de operação do programa federal de renegociação de dívidas (Desenrola). Na fase do programa iniciada no dia 17 de julho foi possível renegociar dívidas bancárias de consumidores que ganham até R$ 20 mil mensais, sem garantia do Tesouro Nacional. Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi “desnegativado” automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640,00), começou no fim de setembro e tem garantia do Tesouro.

Segundo os dados do BC para o mês de outubro, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o mês em 27,2%. Em setembro, o porcentual era de 27,3%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda passou de 25,2% no nono mês do ano para 25,1% em outubro.

Antes do teto para as taxas da modalidade, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 10,6 pontos porcentuais (p.p.) de outubro para novembro, informou nesta quinta-feira, 4, o Banco Central. A taxa passou de 445,0% para 434,4% ao ano.

No caso do parcelado, o juro passou de 195,6% para 195,2% ao ano entre outubro e novembro. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 97,8% para 91,2%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

Além de um teto para os juros do rotativo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a propor aos setores envolvidos um máximo de 12 meses para o parcelado sem juros. A autoridade monetária também citou a hipótese de alguma limitação para a tarifa de intercâmbio no cartão de crédito, mas ambas as ideias não avançaram e devem ser discutidas novamente no futuro.

Em meio ao processo de queda da Selic, a taxa média de juros no crédito livre mostrou nova redução em novembro ante outubro. O porcentual passou de 42,6% para 41,8% ao ano. No penúltimo mês de 2022, a taxa estava em 43,0%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre cedeu de 56,1% para 54,9% ao ano de outubro para novembro. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 22,8% para 22,2% entre os dois meses.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa aumentou entre outubro e novembro, de 131,4% ao ano para 132,7% ao ano. No crédito pessoal, a taxa também subiu, de 41,2% para 42,3% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados na quinta-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 26,2% ao ano em outubro para 26,0% em novembro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 30,0% ao ano em outubro para 29,5% ao ano em novembro. No penúltimo mês de 2022, estava em 31,0%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em novembro ante outubro, aos 22,1% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O spread em operações de crédito apresentou nova redução em novembro. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 31,1 pontos porcentuais em outubro para 30,8 pontos porcentuais em novembro.

No segmento pessoa física, o spread passou de 44,4 para 43,7 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio oscilou de 11,6 para 11,4 pontos porcentuais na passagem de outubro para novembro.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado variou de 4,9 para 4,7 pontos porcentuais na passagem de outubro para novembro. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 20,6 para 20,4 pontos porcentuais entre os dois meses.