Economia
Dívidas sobem

Concessões no crédito livre caíram 6,2% em fevereiro

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02 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Concessões no crédito livre caíram 6,2% em fevereiro
Em meio ao processo de queda da Selic, a taxa média de juros no crédito livre mostrou nova redução em fevereiro ante janeiro.

As concessões dos bancos no crédito livre caíram 6,2% em fevereiro ante janeiro, para R$ 455,5 bilhões, informou na terça-feira, 2, o Banco Central (BC). No acumulado nos últimos 12 meses até fevereiro, o aumento foi de 4,9%. Estes dados não levam em conta ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 9,2% em fevereiro, para R$ 254,7 bilhões. Em 12 meses até fevereiro, houve alta de 9,1%. Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões recuaram 2,2% em fevereiro ante janeiro, para R$ 200,8 bilhões. Nos 12 meses, houve uma leve alta de 0,2%.

Em meio ao processo de queda da Selic, a taxa média de juros no crédito livre mostrou nova redução em fevereiro ante janeiro. O porcentual passou de 40,5% para 40,2% ao ano, informou o Banco Central (BC). No segundo mês de 2023, a taxa estava em 44,0%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,6% para 52,5% ao ano de janeiro para fevereiro. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 22,3% para 21,4% entre os dois meses.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa subiu entre janeiro e fevereiro, de 125,8% ao ano para 131,8% ao ano. No crédito pessoal, a taxa passou de 41,2% para 41,4% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados na terça pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 26,1% ao ano em janeiro para 25,9% em fevereiro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 28,2% ao ano em janeiro para 27,8% ao ano em fevereiro. No segundo mês de 2023, estava em 31,1%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em fevereiro ante janeiro, em 21,9% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,2% em fevereiro, para R$ 5,796 trilhões. O saldo aumentou 8,0% em 12 meses encerrados em fevereiro. Na comparação com janeiro, houve alta de 0,5% no estoque para pessoas físicas e recuo de 0,2% no estoque para pessoas jurídicas.
De acordo com o BC, o estoque de crédito livre subiu 0,1% no segundo mês de 2024, enquanto o crédito direcionado apresentou avanço de 0,5%. No crédito livre, houve elevação de 0,3% no saldo para pessoas físicas em fevereiro. Para as empresas, o estoque recuou 0,3% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 52,9% para 52,8% na passagem de janeiro para fevereiro.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de janeiro em 48,0%, ante 47,8% registrado em dezembro. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,2% no primeiro mês de 2024, ante 29,9% em dezembro.

Janeiro foi o sexto mês de operação do programa federal de renegociação de dívidas Desenrola. Na fase do programa iniciada no dia 17 de julho foi possível renegociar dívidas bancárias de consumidores que ganham até R$ 20 mil mensais, sem garantia do Tesouro Nacional. Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi “desnegativado” automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640,00), começou no fim de setembro e tem garantia do Tesouro.

Segundo os dados do BC para o mês de janeiro, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou em 25,8%. Em dezembro, o porcentual era de 25,7%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda seguiu em 23,7% de dezembro de 2023 para janeiro deste ano.