Cinco tripulantes do avião da Guarda Costeira que colidiu com uma aeronave da Japan Airlines morreram, confirmaram autoridades japonesas. O choque dos dois aviões provocou explosão e incêndios. Todos os 379 ocupantes da aeronave da Japan Airlines conseguiram sair em segurança.
Dos seis tripulantes do avião da Guarda Costeira, apenas o capitão, gravemente ferido, conseguiu sobreviver. Dos 379 ocupantes do avião da Japan Airlines (367 passageiros e12 tripulantes) que foram evacuados, 17 ficaram feridos.
O avião comercial era um Airbus A-350 do voo 516 da Japan Airlines que havia saído do aeroporto de Shin Chitose para Haneda. O porta-voz da Guarda Costeira do Japão, Yoshinori Yanagishima, confirmou a colisão entre a aeronave da guarda costeira MA722 e o avião da Japan Airlines. Haneda é um dos aeroportos mais movimentados do Japão e muitas pessoas estão viajando neste período próximo ao Ano Novo.
A Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta de tsunami importante para Ishikawa e alertas ou avisos de tsunami de nível inferior para o restante da costa oeste da ilha principal do Japão, Honshu, e também para a ilha do norte de Hokkaido. O alerta foi rebaixado algumas horas depois, e todos os alertas de tsunami foram suspensos até a manhã de terça-feira, 2.
Os alertas ocorreram em meio a uma série de terremotos poderosos que atingiram o oeste do Japão e que deixaram pelo menos 48 pessoas mortas e milhares de edifícios, veículos e barcos danificados. Autoridades alertaram que mais terremotos podem ocorrer. Réplicas do abalo continuaram a abalar a província de Ishikawa e áreas próximas um dia após um tremor de magnitude 7,6 atingir a região na tarde de segunda.
Foram confirmadas 48 mortes em Ishikawa, segundo autoridades. Outras 16 pessoas ficaram gravemente feridas, enquanto os danos às casas eram tão grandes que não puderam ser avaliados imediatamente, disseram as autoridades. Relatos da mídia japonesa indicaram que dezenas de milhares de residências foram destruídas.
O porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi, disse que 17 pessoas ficaram gravemente feridas e forneceu uma contagem ligeiramente menor de mortes, enquanto afirmava estar ciente da contagem da província. Áreas ainda estavam sem água, energia e serviço de celular, e os moradores expressaram tristeza por suas casas destruídas e futuros incertos.
Ondas com mais de um metro atingiram alguns lugares. Pessoas evacuadas de suas casas se reuniram em auditórios, escolas e centros comunitários. Os serviços de trens-bala na região foram interrompidos, mas grande parte foi restabelecido na terça-feira. Trechos de rodovias foram fechados. Meteorologistas previram chuva, gerando preocupações sobre edifícios e infraestrutura já desmoronados.
Vídeos mostraram fileiras de casas desabadas e virados. Navios meio submersos flutuavam em baías onde ondas do tsunami haviam avançado, deixando a costa enlameada.
“Não é apenas uma bagunça. A parede desabou, e você pode ver até o cômodo ao lado. Acho que não podemos mais viver aqui”, disse Miki Kobayashi, moradora de Ishikawa, enquanto varria ao redor de sua casa. Ela também mencionou que a casa já tinha sido danificada em um terremoto de 2007.
Embora o número de vítimas continue a aumentar gradualmente, os alertas públicos rápidos, transmitidos por meio de mensagens e telefones, e a resposta rápida do público em geral e das autoridades parecem ter mantido pelo menos parte dos danos sob controle. Os esforços de resgate realizados rapidamente por bombeiros, policiais e militares são um testemunho de como esta nação suportou repetidamente desastres, que praticamente se tornaram parte do cotidiano.
Toshitaka Katada, professor da Universidade de Tóquio especializado em desastres, disse que as pessoas estavam preparadas porque a área havia sido atingida por terremotos nos últimos anos. Eles tinham planos de evacuação e suprimentos de emergência em estoque. “Provavelmente não há povo na Terra, exceto os japoneses, que esteja tão preparado para desastres”, afirmou.
Katada alertou que a situação ainda é precária e imprevisível. O terremoto e tsunami de março de 2011 no nordeste do Japão foram precedidos por outros terremotos. “Isso está longe de terminar”, disse. Previsões de cientistas foram repetidamente refutadas, como no terremoto de 2016 em Kumamoto, no sudoeste, uma área anteriormente considerada relativamente livre de terremotos. A única projeção real possível é que não se pode fazer projeções, acrescentou Katada. “Ter muita confiança no poder da ciência é muito perigoso. Estamos lidando com a natureza”.
Imagens aéreas da mídia japonesa mostraram danos generalizados nos locais mais atingidos, com deslizamentos de terra fechando estradas, barcos lançados nas águas e um grande incêndio que transformou uma parte inteira da cidade de Wajima em cinzas. O exército japonês enviou mil soldados para as zonas de desastre para se juntar aos esforços de resgate, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida. “Salvar vidas é nossa prioridade e estamos lutando contra o tempo”, disse ele. “É crucial que as pessoas presas em suas casas sejam resgatadas imediatamente”.
Um terremoto com uma magnitude preliminar de 5,6 sacudiu a área de Ishikawa enquanto ele falava. Mais terremotos continuaram a abalar a região, totalizando mais de 100 réplicas nas últimas 24 horas. Reguladores nucleares disseram que várias usinas nucleares na região estavam operando normalmente. O terremoto e tsunami de 2011 causaram o derretimento de três reatores e a liberação de grandes quantidades de radiação em uma usina nuclear no nordeste do Japão.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em um comunicado que sua administração está “pronta para fornecer qualquer assistência necessária ao povo japonês”. O Japão é frequentemente atingido por terremotos devido à sua localização ao longo do “Anel de Fogo”, um arco de vulcões e falhas na Bacia do Pacífico.