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Pressão militar

China diz que recentes exercícios em torno de Taiwan são sério alerta

Os três dias de exercícios aéreos e marítimos da China foram uma resposta à reunião da presidente taiwanesa com autoridades dos EUA.

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13 de abril de 2023
Vinicius Palermo
China diz que recentes exercícios em torno de Taiwan são sério alerta
O encontro da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, com autoridades dos EUA irritou a China

Os recentes exercícios aéreos e marítimos da China que simularam um cerco a Taiwan tiveram o propósito de servir como um “sério aviso” a políticos pró-independência da ilha autônoma e a seus apoiadores estrangeiros, afirmou o governo chinês na quarta-feira.

Os três dias de exercícios aéreos e marítimos em larga escala, que terminaram na segunda-feira, foram uma resposta à reunião da presidente taiwanês, Tsai Ing-wen, com o presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, na Califórnia, na semana passada, durante breve passagem pelos EUA.

A China havia alertado sobre sérias consequências se o encontro realmente ocorresse.
Embora alegue que os exercícios foram concluídos, a China vem mantendo a pressão militar contra Taiwan nos últimos dias e já sinalizou novas ações.

O Ministério de Transportes de Taiwan disse na quarta que recebeu um aviso da Administração de Aviação Civil da China de que criaria uma zona de controle para “restringir voos” em partes do norte de Taiwan entre 16 e 18 de abril, estabelecendo uma zona de exclusão aérea.

“Por conta própria, eles criaram uma área de alerta para controlar os voos dentro da jurisdição da Região de Informação de Aviação de Taipé em nosso país, usando a desculpa de atividades aeroespaciais”, afirmou comunicado de Taiwan.

Taiwan disse que protestou contra o aviso e conseguiu que a China reduzisse o tempo de proibição de voos de três dias para 27 minutos na manhã de 16 de abril. A China, que reivindica Taiwan como parte de seu território, envia regularmente navios e aviões de guerra para o espaço aéreo e águas próximas à ilha.

“O Exército de Libertação do Povo (chinês) recentemente organizou e conduziu uma série de contramedidas no Estreito de Taiwan e nas águas circundantes, o que é um sério alerta contra o conluio e a provocação das forças separatistas de independência de Taiwan e de forças externas”, disse na quarta Zhu Fenglian, porta-voz do Escritório para Assuntos de Taiwan, em entrevista coletiva quinzenal.

A agremiação governista pró-independência de Taiwan, o Partido Democrático Progressista, nomeou o vice-presidente Lai Ching-te como seu candidato à eleição presidencial de 2024, dois dias após a China concluir amplos exercícios militares ao redor da ilha autogovernada.

Em evento na quarta-feira, Lai disse que continuará a insistir no direito de Taiwan ao reconhecimento internacional e, ao mesmo tempo, buscará impulsionar sua economia de alta tecnologia e promover um governo eficiente. “Definitivamente, precisamos seguir melhorando o ambiente de investimento de Taiwan”, disse Lai a repórteres.

Sua tarefa mais desafiadora, no entanto, será lidar com as ameaças da China, que considera Taiwan parte de seu território. “Uma guerra por causa de Taiwan seria um desastre global”, disse Lai. “Enquanto a China mantiver suas ameaças militares contra Taiwan, devemos continuar a fortalecer nossa defesa nacional.”

Médico de formação com mestrado em saúde pública em Harvard, Lai, de 63 anos, foi parlamentar, prefeito da cidade de Tainan, no sul, e primeiro-ministro de Taiwan, antes de disputar com a presidente Tsai Ing-wen a indicação presidencial do partido em 2019.

Após a vitória de Tsai nas primárias, Lai aceitou convite para ser seu companheiro de chapa, e a dupla derrotou com facilidade o Partido Nacionalista, da oposição, em 2020. Pela Constituição de Taiwan, Tsai está impedida de concorrer a um terceiro mandato.