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Chambriard afirma que Búzios será maior campo do País

No início do mês, Chambriard já havia apontado que a produção de 1 milhão de barris por dia deve ser ultrapassada no terceiro trimestre de 2025.

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29 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Chambriard afirma que Búzios será maior campo do País
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, apontou na quarta-feira, 28, que o campos de Búzios será o maior do país, podendo chegar a 1,5 milhão de barris por dia. Ela acrescentou que essa é sua expectativa – ainda não calculada pela área técnica da empresa.

No início do mês, Chambriard já havia apontado que a produção de 1 milhão de barris por dia deve ser ultrapassada no terceiro trimestre de 2025.

“Búzios vai ser disparado o maior campo do Brasil, e vamos ultrapassar 1 milhão de barris. E não está proibido pensar que o campo de Búzios no futuro pode chegar a 1,5 milhão”, apontou ela, em conversa com jornalistas. “Estamos indo na direção da décima segunda plataforma para Búzios”, disse.

Algumas plataformas não foram desenhadas para a exportação de gás para a costa, o que é “lastimável”, na avaliação da CEO da companhia. “Alguns retrofits não serão possíveis. Algumas plataformas de Búzios não têm como rever essa questão. Seria uma obra além de caríssima, perigosíssima”, acrescentou.

Para ela, será possível realizar o retrofit apenas quando houver garantia da viabilidade técnica e econômica. Magda Chambriard participou de evento realizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Itaipu Binacional.

O governo publicou na terça-feira o decreto que muda a regulação do mercado de gás natural, prevendo aumento da oferta. “O gás, enquanto matéria prima, pode chegar a ser 40% do preço de um produto acabado e precisa ir para o mercado a preços mais competitivos”, afirmou Chambriard.

A presidente da Petrobras comentou ainda que em alguns campos não será possível reduzir o nível de reinjeção do gás natural – como quer o governo – em função de barreiras na infraestrutura. Parte das plataformas da companhia foram desenhadas em governos passados sem possibilidade de exportação de gás para a costa. Ela disse que esse ponto está sendo revisto, como uma “correção de rotas” da empresa.

O governo quer reduzir a reinjeção do gás natural extraído durante a exploração do petróleo e aumentar o escoamento do produto para o mercado brasileiro. Na ponta, aumentar a oferta e reduzir preços. “Em alguns campos não será possível, em outros sim. Com a Rota 3, por exemplo, vamos trazer gás para a costa e, por óbvio, vamos reduzir a reinjeção de gás. E não vamos reduzir a reinjeção de gás tanto quanto queríamos por essa questão de infraestrutura”, declarou a presidente da companhia, em conversa com jornalistas.

Essa “correção de rota”, acrescentou Chambriard, será feita a partir de novas plataformas. “Nas que estão lá e estão sendo entregues não vai ser possível. Tanto é que o decreto diz que vamos fazer isso onde há viabilidade técnica”, mencionou. “A reinjeção é um assunto delicado, porque evita a possibilidade de comercialização de uma quantidade muito grande de recursos”, disse.

Lula fez na segunda-feira, 26, uma cobrança direta para a Petrobras, avisando que a empresa não pode “queimar gás”. O presidente defendeu ainda que o gás tem de ser “instrumento da cesta básica” e disse que a população não consegue pagar R$ 140 pelo botijão em alguns Estados.

“Uma coisa que eu gostei demais do decreto foi endereçar algo que é muito caro para o mundo: nós não podemos ter um projeto de petróleo, com gás associado em alto mar, que não endereça a possibilidade de exportação de gás para a costa. Neste ponto o decreto está de parabéns”, avaliou a presidente da Petrobras.

A Petrobras alcançou uma redução de aproximadamente 28,6% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em suas atividades de exploração e produção (E&P) entre 2015 e 2023, segundo levantamento do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Em 2015, a intensidade média de emissões de GEE por barril equivalente de petróleo produzido pela Petrobras foi de 19,9 quilos de gás carbônico equivalente (KgCO2e/boe). Em 2023, essa média foi reduzida para 14,2 KgCO2e/boe. De acordo com a Petrobras, a diminuição decorreu da modernização operacional e tecnológica que possibilitou a redução de queimas em flaring, venting, emissões fugitivas, entre outras.

O Ineep observou que a estatal tem outras estratégias para avançar na descarbonização das suas operações, como a implementação da captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS).
“Essa técnica separa o CO2 do gás natural e o reinjeta no reservatório. Tal prática, ao mesmo tempo que promove a descarbonização das atividades da empresa, contribui para a manutenção da pressão interna dos reservatórios, aumentando a produtividade”, explicou o instituto em nota.

A Petrobras vem aumentando continuamente a reinjeção de CO2, atingindo a marca de 7,2 bilhões de m³ de CO2 reinjetados em 2023. Destes, cerca de 99% foram realizados nas operações do pré-sal da bacia de Santos. Adicionalmente, há projetos de CCUS em escalas menores na bacia de Campos e em atividades terrestres nas bacias do Solimões e do Recôncavo.

O Ineep ressaltou, no entanto, que a maior parte das emissões da Petrobras decorrem de atividades indiretas (90,5%), conhecidas como Escopo 3 na classificação das emissões de GEE, o que é difícil controlar sem políticas públicas específicas, já que depende de terceiros.

“O poder de atuação das empresas petrolíferas no Escopo 3 é limitado, devido à natureza abrangente e indireta das emissões associadas a essa categoria. Essa capacidade é condicionada a fatores político-econômicos e influenciada por diretrizes, regulações e incentivos à descarbonização e geração de energia limpa e renovável, mirando a transição energética. Portanto, a redução das emissões do Escopo 3 exige uma articulação complexa com outras políticas públicas”, concluiu o estudo.