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CEO da Azul diz que crédito via Fnac não é para pagar dívidas da pandemia

O CEO da Azul, John Rodgerson, descartou na segunda-feira, 23, o eventual uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac)

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23 de setembro de 2024
Vinicius Palermo
CEO da Azul diz que crédito via Fnac não é para pagar dívidas da pandemia
O CEO da Azul, John Rodgerson, descartou na segunda-feira, 23, o eventual uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac)

O CEO da Azul, John Rodgerson, descartou na segunda-feira, 23, o eventual uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para o pagamento de dívidas da companhia adquiridas durante a pandemia. Ele garantiu que o crédito via esse fundo será para investimentos, como a compra de aeronaves.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou neste mês a lei que permite o uso de recursos do Fnac para conceder crédito às empresas aéreas. Em agosto, o Ministério de Portos e Aeroportos estimou que o fundo deveria emprestar cerca de R$ 5 bilhões ao setor.

“Nós éramos uma das únicas indústrias que não tinham uma linha de crédito junto com o governo. E agora temos. Isso permite que nós possamos comprar mais aeronaves”, declarou Rodgerson, em conversa com jornalistas na Esplanada dos Ministérios. “O Fnac não é para pagar as dívidas da pandemia, é para ajudar a crescer e botar mais aeronaves no ar”, acrescentou.

Ele participou de evento da Azul Linhas Aéreas e da Força Aérea Brasileira (FAB), com assinatura de acordo de Cooperação Técnica no período da manhã.

Rodgerson também mencionou que a negociação da dívida com arrendadores das aeronaves é “super amigável”. O débito foi acumulado durante a pandemia. “Esses mesmos arrendadores estão entregando aeronaves para nós, entregaram uma aeronave no sábado e, em outra semana, vão entregar mais oito aeronaves”, afirmou.

O CEO da Azul afirmou ainda que espera uma nova redução no preço do querosene de aviação (QAV) no mês de outubro. Segundo ele, o combustível do transporte aéreo comercial teve queda de 20% nos últimos três meses.

A repercussão na passagem, porém, ainda vai demorar de 30 a 45 dias, declarou o executivo em conversa com jornalistas. “Temos sofrido há muitos anos com preço alto. Então, tendo o preço do combustível caindo em 20%, nós estamos muito animados”, disse. “E o preço do querosene deve cair sim no mês que vem”, acrescentou.

O CEO da Azul reconheceu que o possível retorno do horário de verão teria impacto no planejamento de horário dos voos. Para o executivo, seriam necessários 45 dias, no mínimo, para uma reprogramação.

“Teríamos que ajustar nossos sistemas. Isso é o maior impacto, ajustar todos os voos. Se fizermos, espero que tenhamos algum tempo para implementar”, afirmou em conversa com jornalistas.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou na semana passada que a decisão poderia sair em 10 dias, embora tenha antecipado que o retorno do horário de verão em si não seria imediato – se de fato ocorrer.

O eventual retorno do horário de verão preocupa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – devido a possíveis impactos nas eleições municipais deste ano e na divulgação dos resultados. Silveira tem dialogado com o TSE, segundo interlocutores.

O executivo da Azul também falou da cobrança de uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão da portuguesa TAP. Ele negou que a dívida poderá ser convertida em aquisição acionária. “Nós investimos na TAP em 2016, para ajudar a capitalizar a empresa. Então, é uma dívida antiga que já é reconhecida. A TAP está pensando em ser vendida de novo, então, com essa venda, eles têm que pagar isso de volta”, pontuou.

John Rodgerson avaliou ainda que o programa Voa Brasil está em sua fase inicial e que pode “fazer muito mais” em relação ao aumento da demanda por passagens aéreas. “Vendemos bilhetes todos os dias. Uma coisa que não está sendo vista é que, às vezes, o aposentado está voando com o Voa Brasil, mas, junto, a família está voando também. Então, isso é uma coisa que anima as pessoas”, disse.

No período da manhã, a Azul Linhas Aéreas e a FAB assinaram um acordo de Cooperação Técnica, como parte integrante do Programa “Banco de Talentos”. Na prática, a empresa aérea vai contratar técnicos com formação e treinamento pela Força Aérea. O planejamento de como isso ocorrerá ainda não foi detalhado.