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CCJ do Senado adia votação de PEC do Quinquênio após pedido de vista de Jaques Wagner

No momento em que o adiamento foi anunciado, o petista não estava presente no colegiado, mas o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), concordou em postergar a votação para a próxima semana.

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11 de abril de 2024
Vinicius Palermo
CCJ do Senado adia votação de PEC do Quinquênio após pedido de vista de Jaques Wagner
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Na ordem do dia, na pauta o PL 1.821/2021, que regula a profissão de sanitarista, profissional responsável por planejar e coordenar atividades de saúde coletiva. Bancada: senador Omar Aziz (PSD-AM); senador Weverton (PDT-MA); irmã do senador Weverton, Shaines Rocha; senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do Quinquênio. Inicialmente, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA) havia anunciado que pediria vista (ou seja, mais tempo para analisar o projeto).

No momento em que o adiamento foi anunciado, o petista não estava presente no colegiado, mas o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), concordou em postergar a votação para a próxima semana.

A reportagem apurou que há receio do governo com a proposta, que concede um “bônus” na remuneração de magistrados, procuradores e promotores da ativa e aposentados. Esses servidores terão aumento de 5% a cada cinco anos, limitados a 35%.

A PEC, apresentada em 2023, é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Nos últimos meses, esteve nas gavetas da Comissão de Constituição e Justiça, justamente pela polêmica que carrega – a concessão de mais um benefício para categorias que integram o topo do serviço público.

Alguns senadores alegaram que o Congresso deveria avançar o assunto somente quando a proposta que limita os chamados supersalários fosse aprovada. O projeto foi aprovado no Senado em 2016. Em seguida, em 2021, a Câmara também aprovou o texto, mas com modificações, o que fez com o que o projeto voltasse à Casa Alta do Congresso.

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) foi um dos defensores da proposta e disse se tratar de “uma pauta do presidente Rodrigo Pacheco”.

“Conversei há pouco com o presidente Arthur Lira, sobre essa PEC e o projeto dos supersalários. Não tem como ter penduricalho ou fugir disso. Faz a valorização e também entrega o projeto do fim dos supersalários. Ou seja, vai dar a condição e contraponto. Se fizermos de forma honesta o debate, vamos ver que vamos estar garantindo carreiras não para o magistrado ou para o membro do Ministério Público, e sim para o Estado brasileiro. Porque acabamos formando muitos bons profissionais e lá na frente a gente perde para a iniciativa privada”, alegou o senador, um dos aliados de Pacheco e do presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também apoiou o texto. Disse que há um compromisso de que a PEC só vá adiante quando o PL do fim dos supersalários estiver pronto para votação.

“Dentro da bancada do PL, tivemos essa discussão, mas é importante ressaltar que tem o compromisso de se votar aqui essa PEC e que ela só vá a plenário quando o projeto do fim dos supersalários for junto, para uma coisa compensar a outra. É importante trazer esse ponto de vista e falar que estou a favor do relatório”, defendeu.

O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, também defendeu a aprovação. Disse que há uma “decisão política do presidente do Senado, que é autor da PEC, e do presidente da Câmara, que nós só vamos tratar da promulgação da PEC quando deliberarmos sobre os supersalários”.

“Muitas das vezes, fazer o que é o certo não é que dá curtida em rede social”, justificou. O ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) foi um dos que criticou o texto. Disse ser “vergonhoso” votar uma proposta como essa.

“Sou obrigado a discordar. Estamos concedendo um aumento de salário para as carreiras mais bem pagas do serviço público. Enquanto no Brasil uma pessoa que vive com R$ 3.000 é considerada de classe média, estamos dando um aumento salarial vigoroso à turma que é do topo do serviço público. Vi argumentos que dão vontade de chorar, o cara dizer que vai mudar de carreira porque está ganhando pouco como juiz, procurador”, argumentou.