Economia
Inflação de serviços

Campos Neto diz que IPCA ficou acima do esperado pelo mercado

Campos Neto repetiu que o BC tem olhado com mais atenção a inflação de serviços, que tem caído mais lentamente.

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12 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Campos Neto diz que IPCA ficou acima do esperado pelo mercado
O Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou na sexta-feira que a alta de 0,12% no IPCA de julho ficou um pouco acima do que o mercado esperava, mas considerou que a inflação está voltando para a meta.

“A inflação em 12 meses é um pouco poluída porque tivemos a desoneração no segundo semestre de 2022 que jogou a inflação muito para baixo. Sempre uso para comparar que a nossa inflação de seis meses está igual à de um ano”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Curitiba.

Campos Neto repetiu que o BC tem olhado com mais atenção a inflação de serviços, que tem caído mais lentamente. “A gente vê principalmente a questão de mão de obra, tem sido difícil contratar em alguns setores, e em outros casos há mão de obra sobrando. A parte de núcleos de serviços está bem acima da meta, mas o número de hoje (sexta-feira) nessa parte foi um pouquinho melhor”, completou.

O presidente do Banco Central repetiu que as expectativas de inflação no Brasil estão mais ou menos dentro da banda da meta até 2025. “Há sempre um debate se o País deveria elevar mais os juros e sacrificar mais a economia e ter um pequeno ganho na inflação, ou será que deveria olhar um horizonte mais longo. Olhar horizonte mais longo de convergência sempre tem o risco de perder credibilidade.

E o custo de retomar essa credibilidade é muito alto”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Curitiba.

Campos Neto também voltou a dizer que alguns países como o Brasil estão conseguindo fazer um “pouso mais suave” no combate à inflação, sem “danificar tanto” suas economias.

“A Europa tem tido dificuldade com a desinflação e o caso da Inglaterra salta aos olhos. Eles estão no processo de subida de juros, talvez devessem ter começado antes ou feito mais rápido”, avaliou, na palestra.

Campos Neto destacou que a inflação nos Estados Unidos começou a cair mais recentemente, e repetiu que Brasil e Chile lideram a convergência mais rápida do processo inflacionário na América Latina. “Mas o custo de aperto monetário no Chile foi maior do que no Brasil, em termos de crédito e emprego”, completou.

O presidente do BC destacou ainda a surpresa de crescimento do PIB na China. Ele lembrou que parte do consumo chinês tem implicação importante para Brasil. “Estamos acompanhando. Esse crescimento tende a se estabilizar em nível mais baixo. Se crescimento da China surpreender para nível mais baixo ainda, vai impactar emergentes”, completou. Vimos várias revisões para cima do PIB brasileiro nos últimos meses, diz Campos Neto.

O presidente do Banco Central destacou ainda a série de revisões para cima nos últimos meses para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. Ele repetiu a avaliação de que o BC conseguiu fazer trabalho de aperto monetário com um “pouso suave”.

“Um pedaço grande de surpresa no PIB é devido ao agro, que deve acomodar ao longo do tempo”, repetiu. “O Brasil é que teve maior revisão para cima de PIB em estudo recente do FMI, mostrando essa ideia de pouso suave que temos falado”, completou.

Mais uma vez, Campos Neto destacou a importância de seguir com reformas para aumentar o PIB potencial do Brasil. “Creio que crescimento estrutural é até mais alto que projeção de analistas do mercado”, acrescentou.

O presidente reconheceu também que o mercado de crédito está desacelerando no País, mas avaliou que não tem nada muito grave. “Havia um temor de que o mercado de capitais e as emissões de crédito pudessem sofrer uma ruptura em algum momento, mas isso já se estabilizou. Voltamos a ter uma melhoria”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Curitiba.

Campos Neto também avaliou que o mercado de ações do Brasil continua bastante atrás do resto do mundo, apesar de todas as reformas aprovadas nos últimos anos. “Grande parte das bolsas que subiram têm componentes grandes de tecnologia, que a bolsa brasileira não tem. As empresas ligadas a inteligência artificial têm crescido bastante”, afirmou, na palestra em Curitiba.