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Campos Neto diz que desafio do BC é atingir crescimento sustentável

O presidente do BC elencou desafios como a crise argentina, o desastre ambiental de Brumadinho (MG) e depois a crise sanitária da covid-19.

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15 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Campos Neto diz que desafio do BC é atingir crescimento sustentável
Campos Neto falou sobre desafio do Banco Central. Marcelo Camargo / ABR

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na quarta-feira, 15, que o grande desafio da autoridade monetária atual é o de atingir um crescimento econômico sustentável e inclusivo. “É isso o que move o BC em parceria com o TCU – Tribunal de Contas da União”, disse durante discurso não previsto no plenário do Senado Federal, durante sessão de comemoração aos 130 anos do Tribunal.

Campos Neto ressaltou que, assim que chegou a Brasília, uma de suas primeiras tarefas foi a de entender a função do TCU e como o BC poderia interagir melhor com a entidade. Na sequência, elencou grandes desafios enfrentados, como a crise argentina, o desastre ambiental de Brumadinho (MG) e depois a crise sanitária da covid-19. “Quando nos dedicávamos a fazer a agenda de tecnologia, tivemos que parar”, lembrou.

O presidente do BC disse que alertou sobre o que viria a ser um problema de mobilidade, mencionou que deveria haver quarentena e que se informou das ações tomadas em outros lugares que já estavam em estágio mais avançado da pandemia, como a Europa. “Isso seria muito danoso para alguns”, disse que previu na ocasião.

Por isso, de acordo com ele, o programa de enfrentamento do surto visava a oferta de crédito, a estabilidade financeira, o atendimento a pequenas empresas, programa de recursos a setores específicos e garantia de emprego, entre outros. “O BC fez o maior programa de liberação de recursos da história”, rememorou.

Para o futuro, Campos Neto destacou em seu discurso de improviso que a tecnologia diminui o custo de intermediação, consegue fazer serviços governamentais de melhor qualidade e que, portanto, é um elemento democratizante. “Outro tema é diminuir a burocracia”, pontuou.

A fala de Campos Neto não estava prevista. Contudo, durante o discurso do atual presidente do TCU, Bruno Dantas, o presidente do BC começou a fazer anotações.

Ele disse ainda ser preciso “garantir uma disciplina fiscal, mas de olho no social”. A frase do banqueiro central vem depois de muitas críticas do governo aos juros altos estipulados pela autoridade monetária – a Selic hoje está em 13,75% ao ano. De acordo com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, é preciso, neste momento, dar mais atenção aos cidadãos que estão fora do orçamento público e que necessitam do Estado.

“Fiscal com social é que acho que é o importante, acho que hoje é o que a gente precisa concentrar, precisa ter disciplina fiscal entendendo que precisamos ter olho mais especial no social, ele exige escolha e métodos”, declarou Campos Neto. “Quanto mais transparente e eficiente o (serviço) público for, mais aptos nós seremos em captar recursos privados e levar o País a crescer de forma sustentável.”

Na avaliação de Campos Neto, a transparência na administração das contas é um “enorme serviço”, não só para a máquina pública, mas também para os investidores. “Os avanços nos ganhos institucionais precisam ser mantidos, os ganhos institucionais que o País teve nos últimos anos são importantíssimos”, declarou. Segundo ele, transparência e eficiência geram credibilidade.

Ao enaltecer a parceria com o TCU, ele cita a fiscalização como órgão de consulta pública. Para ele, a parceria tem sido “excelente”.

O presidente do BC também disse ser importante que o governo seja um exemplo em práticas de sustentabilidade. De acordo com Campos Neto, o desafio hoje é como atingir crescimento sustentável e inclusivo, e tecnologia é “elemento democratizante”.