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Campos Neto diz que 2024 tem boa chance de viés positivo

O presidente do BC lembrou que, no mercado, as projeções de crescimento do PIB estão na casa de 2%, e que a perspectiva é positiva para o Brasil no ano que vem.

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28 de dezembro de 2023
Campos Neto diz que 2024 tem boa chance de viés positivo

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou que 2024 tem uma “boa chance” de apresentar um viés mais positivo para o crescimento do que o que se projeta atualmente. “É difícil falar sem colocar em perspectiva que as análises econômicas têm errado muito ultimamente”, disse.

Campos Neto lembrou que, no mercado, as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estão na casa de 2%, e que a perspectiva é positiva para o Brasil no ano que vem, principalmente após a surpresa com a atividade deste ano.

“É importante entregar inflação na meta e juro mais baixo o possível”, frisou. Ao ser questionado sobre a estagnação do juro real, o presidente do BC disse que não é verdade que a taxa ficou parada nos últimos tempos e que ela recuou na mesma magnitude da Selic. Campos Neto explicou também que, para a autoridade monetária, mais importante do que a taxa de juro real é o esforço monetário desempenhado pela instituição.

Assim como já tinha feito em outras ocasiões, o comandante do BC admitiu que o juro real no Brasil segue alto ante pares, citando especificamente países da América Latina, mas considerou que, ao observar prazos mais longos, é possível ver um declínio da taxa. Ele ressaltou, porém, que é preciso que essa queda ocorra de forma contínua e consistentemente ao longo do tempo.

Campos Neto enfatizou que as taxas de juro futuro já estão antecipando quedas futuras e que os juros cobrados para empréstimos de longo prazo já estão menores hoje do que estavam tempos atrás. Mesmo assim, ele evitou mudar a comunicação feita oficialmente pelo BC nos últimos tempos e reforçou que o ritmo de quedas de 0,50 ponto porcentual da Selic segue como o mais apropriado no momento.

Sobre autonomia, o presidente do BC disse que é importante passar a mensagem de que a autarquia é um órgão técnico. Quando questionado sobre o real impacto que sofreu das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a “demora” de reduzir a Selic, ele respondeu que durante toda sua vida foi nos momentos de pressão que mais aprendeu. Isso, de acordo com Campos Neto, foi válido para esse episódio também e, inclusive, serve para o BC e demais instituições.

O presidente do BC disse que está mais otimista com o crescimento da economia brasileira no ano que vem do que a própria projeção mais recente apresentada pela autoridade monetária, de expansão de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Tenho um viés mais otimista do que projeção de 1,7%”, disse.

Campos Neto voltou a elogiar o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na condução da política fiscal e na postura de perseverança em relação à meta de déficit primário zero no ano que vem. “Haddad fez um esforço gigantesco para enquadrar o fiscal”, avaliou. Na entrevista, o comandante do BC disse que a proximidade dos dois “aumentou bastante” nos últimos tempos.

O presidente do BC foi perguntado sobre a importância de a meta zero ser mantida no ano que vem, mesmo com o mercado projetando um déficit de 0,8% para o primário em relação ao PIB. O economista voltou a explicar que “desistir ou mudar meta fiscal na primeira dificuldade” tira o norte de projeções. O mais importante, de acordo com Campos Neto, é passar a mensagem de que a meta pode ser difícil, mas que será perseguida.

Ao ser questionado sobre se os fundos internacionais estão mais confiantes na política ambiental do novo governo, o presidente do BC disse que sim e que ele mesmo já havia alertado sobre problemas de comunicação nessa área no governo anterior, de Jair Bolsonaro. Foi Bolsonaro quem indicou Campos Neto para o cargo. “O Brasil tem um cartão de visitas importante, que é o da produção de bens com energia renovável”, considerou. “A narrativa (ambiental) hoje está melhor”, avaliou.

O presidente do BC disse que ficou satisfeito com a movimentação mais recente da S&P de melhora do rating brasileiro e lembrou que, com essa decisão, as três maiores agências de classificação do mundo estão agora praticamente no mesmo patamar de avaliação em relação ao Brasil. “A gente, que está fazendo o trabalho do lado de cá, sempre acha que a nota poderia ser melhor”, comentou.