Economia
Integração

Campos Neto defende a internacionalização do Pix

O presidente do BC disse que o Brasil já realizou reuniões bilaterais com países da AL para debater integração do Pix.

Compartilhe:
27 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Campos Neto defende a internacionalização do Pix
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na segunda-feira, 27, que a internacionalização do Pix entre países da América Latina é uma forma de integrar um bloco econômico regional sem falar de uma moeda comum. Campos Neto participou no período da manhã de uma palestra no evento IDP Summit, em Brasília.

A defesa do Pix para integrar o Mercosul ocorre no momento em que o governo federal defende a criação de uma moeda comum para transações comerciais e financeiras entre Brasil e Argentina.

O tema foi alvo de críticas pelo fato de o País vizinho viver uma crise econômica, inclusive com poucas reservas em dólares. Durante visita à Argentina em janeiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a incorporação do mecanismo para aprofundar o vínculo entre as duas nações.

Campos Neto reforçou que Uruguai, Colômbia, Peru e Equador já fizeram reuniões bilaterais com Brasil para tratar sobre a integração do Pix. O Chile também entrou no radar.

Em palestra sobre inovações no sistema financeiro e avanços tecnológicos, Campos Neto fez uma breve fala sobre as conquistas do Pix e do Open Finance.

Em relação aos criptoativos, o presidente do BC avaliou que o grande debate é saber se há migração para uma economia tokenizada, com extração de valor a partir de um ativo de forma digital.

Campos Neto avaliou que a moeda digital do Banco Central do Brasil (CBDC) é diferente de outras moedas no mundo, já que visa fomentar negócios no País. A moeda, segundo ele, não precisará de nova regulação e será feita a partir de tokenização de depósitos.

O presidente do BC reforçou que o Brasil será um dos primeiros países a ter um piloto da moeda digital, o real digital, que sairá no mês que vem.

Campos Neto chegou no domingo de uma viagem a Bangalore, na Índia, para participar da reunião financeira das 20 maiores economias do mundo (G20). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi ao evento.

Antes do presidente do BC, o ministro do Supremo Tribunal Federal e sócio do IDP, Gilmar Mendes, fez um breve discurso. Ele lembrou a inflação que vigorava no Brasil nos anos 1980 e afirmou que o País era atormentado por “inflação exagerada” e “de um mês”. “(Hoje) temos um debate de inflação de 5% ao ano, portanto isso mudou deveras”, avaliou.

Campos Neto afirmou ainda que o dirigente da autoridade monetária no Brasil é muito personificado. “Faço pouca coisa e levo crédito demais”, disse, ao emendar que grande parte das coisas são feitas pelos funcionários do BC.

Em relação ao papel do Comitê de Política Monetária (Copom), Campos Neto disse ter pendurado um quadro no órgão indicando que autoridade do argumento vale mais do que argumento da autoridade. O presidente do BC afirmou ainda que cada dia é um dia ao ser questionado sobre como é a rotina de um presidente da autoridade monetária.

Nas últimas semanas, Campos Neto virou alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados políticos pela alta nas taxas de juros e na meta de inflação que vigoram no País.

Os ataques à política monetária foram personificados na figura do presidente do BC, que concedeu inclusive uma entrevista ao programa Roda Viva para esclarecer o papel da entidade e distanciar sua imagem das decisões institucionais do Banco Central.

Durante a palestra, ao ser questionado sobre o SAMBA, modelo macroeconômico nacional usado pela instituição, Campos Neto afirmou que este é apenas um de vários modelos utilizados pelo Banco Central.

“SAMBA é um dos modelos. Mas temos vários tipos de modelos. Temos modelos agregados, modelos mais setoriais, modelos mais amplos (…)”, disse. “Lembrando que nossos modelos são bastante transparentes”, emendou, ao reforçar que o método pode ser replicado por economistas do mercado.