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Caças israelenses atacam subúrbios no sul de Beirute

Uma hora antes do ataque o exército israelense havia emitido uma ordem de esvaziamento para a região que seria atacada.

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17 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Caças israelenses atacam subúrbios no sul de Beirute
Jatos israelenses atingiram os subúrbios do sul de Beirute nesta quarta-feira, 16, pela primeira vez em seis dias

Jatos israelenses atingiram os subúrbios do sul de Beirute nesta quarta-feira, 16, pela primeira vez em seis dias, informou a mídia estatal libanesa. Pelo menos cinco pessoas morreram após o ataque, incluindo prefeito de Nabatieh, Ahmad Kahil.

Uma hora antes do ataque o exército israelense havia emitido uma ordem de esvaziamento para a região. “Vocês estão localizados perto de instalações e interesses afiliados ao Hezbollah, contra os quais as IDF (Forças de Defesa de Israel) agirão num futuro próximo”, escreveu o porta-voz militar israelense, Avichay Adraee, em árabe na rede social X, antigo Twitter, em uma mensagem aos residentes de Haret Hreik.

Israel diz estar atacando ativos do Hezbollah nos subúrbios, onde o grupo tem uma forte presença. Ocorre que a região também é uma área residencial e comercial movimentada.

O líder interino do Hezbollah, Sheikh Naim Kassem, declarou na terça-feira, 15, que o grupo aumentará os ataques a Israel em resposta a um ataque aéreo israelense na segunda-feira em um prédio de apartamentos no norte do Líbano que matou pelo menos 22 pessoas. Israel disse que atingiu um alvo pertencente ao Hezbollah, mas as Nações Unidas pediram na terça-feira uma investigação independente.

Por sua vez, Israel intensificou a campanha contra o Hezbollah nas últimas semanas, após um ano de trocas quase diárias de tiros na fronteira.

Há mais de um ano que militantes liderados pelo Hamas abriram buracos na cerca de segurança de Israel e invadiram, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando outras 250. A ofensiva de Israel em Gaza matou mais de 42 mil palestinos, de acordo com autoridades de saúde locais, que não distinguem combatentes de civis. A guerra destruiu grandes áreas de Gaza e deslocou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de pessoas.

O governo dos Estados Unidos alertou Israel de que o país deve aumentar a quantidade de ajuda humanitária permitida na Faixa de Gaza nos próximos 30 dias ou corre o risco de perder o acesso ao financiamento americano para armas.

A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, declarou que este ataque segue outros incidentes em que civis e infraestrutura civil foram alvejados em todo o Líbano.

Ela adicionou que o assassinato de um socorrista humanitário relatado nesta quinta-feira é, “tragicamente, parte desse padrão”.

Jeanine ressaltou que as violações do direito internacional humanitário são “totalmente inaceitáveis” e lembrou que os civis e as infraestruturas civis devem ser protegidos em todos os momentos.

Segundo ela, com o aumento da intensidade das trocas de tiros, o sofrimento civil está atingindo “níveis sem precedentes”. A coordenadora especial enfatizou que as soluções militares “não trarão e não podem trazer segurança ou proteção para nenhum dos lados da Linha Azul”.

A chefe da ONU no país disse que é hora de todos os atores envolvidos “cessarem fogo imediatamente e abrirem a porta para soluções diplomáticas capazes de atender às necessidades dos cidadãos e promover a estabilidade regional”.

Em um discurso na sede do governo libanês nesta quinta-feira, o coordenador residente e humanitário da ONU para o Líbano, Imran Riza, disse que nas últimas semanas, a violência se intensificou, causando vítimas civis generalizadas, deslocamento em massa e destruição extensa em todo o país.

Falando na presença do primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e de diversos ministros e embaixadores, ele sublinhou que os profissionais de saúde e da linha de frente foram atacados.

Riza mencionou que o mesmo aconteceu com centros de defesa civil e sistemas de abastecimento de água, levando os serviços essenciais “à beira do colapso”. Ele disse que isso deve parar.

O coordenador residente destacou como prioridades ampliar os serviços suficientes de alimentos, água, energia e proteção para as pessoas em abrigos coletivos em todo o país, a maioria dos quais são escolas públicas.

Ele disse que desde que o pedido de apoio para o Plano de Resposta para o Líbano foi lançado em janeiro, o contexto mudou “dramaticamente”. No dia 1 de outubro, a ONU e autoridades locais se reuniram para lançar um apelo humanitário urgente em resposta às necessidades decorrentes do conflito.

Com a intensificação de combates e bombardeios, muitas pessoas estão fugindo para a Síria. A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, está em cinco passagens de fronteira com outras agências e parceiros locais, fornecendo água, alimentos, cobertores e colchões, bem como transporte para os destinos pretendidos.

Na principal passagem de fronteira Masnaa/Jdaidet Yabous, as pessoas são forçadas a atravessar a pé após um ataque na estrada na semana passada.

O Acnur e seus parceiros estão fornecendo assistência médica e jurídica, incluindo serviços de saúde primários e de emergência, transportando as famílias mais vulneráveis das passagens de fronteira para seus destinos e apoiando centros de acolhimento na Síria.

Muitos sírios estão retornando a lugares de onde fugiram anos atrás, sem saber o que encontrarão e com recursos escassos. Esse influxo está acontecendo em meio à crise humanitária existente na Síria. Milhões de pessoas no país ainda estão deslocadas e 90% da população precisa de assistência humanitária.