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Brasil foi um dos três países que mais avançaram em metas de água

O Brasil está entre os três casos de sucesso pelos progressos alcançados rumo a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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25 de março de 2023
Vinicius Palermo
Brasil foi um dos três países que mais avançaram em metas de água
A avaliação aponta decisões de investimento positivas para melhorar a qualidade da água e a construção de 900 novas estações de tratamento de águas residuais desde 2013 no Brasil.

A iniciativa ONU Água informa que no Brasil, os cursos de água tiveram um padrão de qualidade de referência ao aumentar oito pontos percentuais entre 2017 e 2020.

De acordo com as Nações Unidas, o país está entre os três casos de sucesso do mundo pelos progressos alcançados rumo a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, durante o período. Os dados foram ressaltados na Conferência da Água, que termina esta sexta-feira, em Nova Iorque.

No evento, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, disse que a posição do país evidencia também sua responsabilidade perante um dos maiores desafios globais.

“O Brasil recentemente recebeu uma boa notícia. Foi o fato de estar entre os três países considerados os que mais avançaram na agenda justamente do ODS 6, que é o nosso Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, que trata de água e saneamento. O Brasil, Gana e Cingapura foram considerados pela avaliação das Nações Unidas como os três países que promoveram avanços. E isso é muito positivo.”

A avaliação aponta decisões de investimento positivas para melhorar a qualidade da água e a construção de 900 novas estações de tratamento de águas residuais desde 2013.

Os detalhes dos progressos serão apresentados no Fórum Político de Alto Nível da ONU, em julho.  Para Capobianco, a água é também uma questão de qualidade de vida.

“Claro que esse reconhecimento por parte das Nações Unidas é muito importante para nos estimular a fazer mais porque nós sabemos o quanto ainda estamos longe do nosso objetivo. De resolvermos esse problema, que para nós é como uma chaga. Como uma mancha na nossa trajetória porque uma pessoa sem a água de qualidade e sem escoamento sanitário não pode ter uma qualidade de vida adequada.”

O secretário-executivo aponta um percurso longo para atingir 99% dos brasileiros com acesso à água e 90% com saneamento até 2033, que é o plano do governo.

Para tal, ele ressaltou que políticas públicas devem promover a inovação nesses setores essenciais.

A descentralização baseada em ecossistemas deve ser prioridade para “garantir o acesso à água em qualidade e quantidade para todos, especialmente para as populações mais vulneráveis, povos indígenas e comunidades rurais”.

Na Iniciativa de Monitoramento Integrado para o ODS 6, a ONU ressalta o propósito de informar e inspirar com “exemplos concisos e acessíveis” que demonstram, por meio de casos reais, que o progresso acelerado é possível.

O conceito de um Museu da Água existe há quatro anos e nasceu numa associação de engenheiros da companhia que distribui água a mais de 22 milhões de habitantes de São Paulo, no Brasil. Para eles, o novo local de preservação e cultura deve ficar pronto até 2024.

A ideia evoluiu até a ambição de chegar a países de língua portuguesa, de acordo com a presidente da Associação de Engenheiros da Sabesp, Viviana Borges.

“Olha como é importante a água. E como faltava um espaço para as pessoas terem acesso a esse conhecimento. Em 2019, começamos com o conceito de criar um museu para conscientizar a população. Um museu contemporâneo que vai sim mostrar o passado e toda a evolução tecnológica. Mas, para fazer as pessoas refletirem de uma forma interativa.”

A especialista contou que a Conferência da Água, em Nova Iorque, é um momento para dar asas a esse potencial e fazer chegar o conceito a outras nações, com destaque para as de língua portuguesa. A iniciativa já recebe apoios para implantação.

“É um museu onde as pessoas interajam e consigam refletir sobre os efeitos causados de poluição e as ações que poderiam dar uma melhor condição de vida para nós mesmos, e para as outras pessoas. Esse museu passou para fase de construção de um conceito e já nasceu em rede. A gente está falando de uma rede nacional de museus. Queremos aumentá-la aqui nesta conferência com outros parceiros, países, nações de língua portuguesa principalmente, para ter esse intercâmbio entre os diversos museus, os diversos conhecimentos e   fazer com que nossa população entenda essa importância para exigir políticas públicas de melhor acesso.” 

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 prevê garantir a disponibilidade de água e sua gestão sustentável e saneamento para todos.

No contexto de uma megacidade há benefícios em partilhar práticas e fatos com outras áreas de menor dimensão, segundo Viviana Borges. 

“O benefício é direto a partir do momento em que a gente tem espaço discutindo o tema da água e sua importância. Enaltecendo o tema, a gente chama a atenção das autoridades de uma forma necessária para que haja investimentos. Então, queremos com isso agregar diversas empresas que estas invistam nesse mundo mais sustentável, com ações que beneficiem a sociedade, o nosso recurso natural e que a gente consiga fazer com que as pessoas racionalizem e usem de modo racional para distribuir para mais pessoas.”

No novo espaço de experiências interativas, os visitantes poderão conhecer o histórico e os benefícios da água. Outro proposito dos mentores é registrar fatos sobre a evolução tecnológica por trás do saneamento e refletir sobre como preservar um recurso natural.

“Nós queremos transformar a sociedade brasileira com relação ao pensamento da importância da água. Transformar e levar crianças e as famílias também a chamar a atenção dos decisores para o fato de que precisamos ressaltar a importância da água, o acesso a todas as populações e o investimento. Como falei, no Brasil nós temos um desafio enorme e ainda temos um agravante que são as mudanças climáticas para se discutir e para colocar na pauta.”

Mais do que uma unir um grupo de países com que o Brasil tem afinidades ou partilha desafios, a rede de museus quer envolver indivíduos no saneamento ambiental e a “sociedade num projeto cultural que deixe um legado para o Brasil”.

Viviana Borges declarou que para um tema de interesse global, a convergência entre vários setores e países é necessária.

“Precisamos da união e a consciência de todos para que isso aconteça. Acreditamos que num curto espaço de tempo, essas crianças e os visitantes, porque São Paulo é um lugar cultural que atrai visitantes do mundo inteiro, sendo muitos do Brasil. Esperamos que todos os visitantes saiam desse museu conscientes para uma transformação bem significativa que acreditamos muito que aconteça. E queremos aí contar com toda a rede que fala a língua portuguesa, todas as empresas e entidades para construir essa transformação nesses e noutros países também.”