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Inflação na meta

Bowman disse que novas altas de juros devem ser necessárias

A diretora do Fed Michelle Bowman disse acreditar que “aumentos de juros adicionais” provavelmente serão necessários para retornar à inflação nos EUA à meta de 2%.

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23 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Bowman disse que novas altas de juros devem ser necessárias
Michelle Bowman, do FED

A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman disse na sexta-feira, 22, acreditar que “aumentos de juros adicionais” (no plural) provavelmente serão necessários para retornar à inflação nos Estados Unidos à meta de 2%. Em discurso durante evento com banqueiros no Colorado, a dirigente também indicou a expectativa de que as taxas fiquem em níveis restritivos por algum tempo.

Ela reconheceu os “consideráveis progressos” recentes nos esforços para a retomada da estabilidade de preços, mas advertiu que a inflação ainda está muito elevada. Em particular, a diretora chamou atenção para a aceleração no indicador cheio do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), diante da escalada dos preços de petróleo.

“Vejo um risco contínuo de que os preços da energia possam subir ainda mais e reverter alguns dos progressos que temos visto na inflação nos últimos meses”, alertou ela, que também ressaltou que a economia permanece forte, com gastos de consumidores “robustos” e recuperação do mercado imobiliário residencial.

Michelle Bowman afirmou ter apoiado a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) de manter juros entre 5,25% e 5,50% esta semana.

Segundo ela, não há uma trajetória predefinida para a política monetária, mas o Fed deve “continuar disposto a aumentar a taxa dos Fed Funds em uma reunião futura se os dados disponíveis indicarem que o progresso na inflação estagnou ou é demasiado lento para levar a inflação para 2% em tempo útil”.

Michelle Bowman afirmou ainda que os bancos nos Estados Unidos têm apertado os padrões de empréstimos em resposta à escalada dos juros no país. No entanto, a dirigente não vê sinais de uma restrição acentuada no crédito que poderia desacelerar a economia de maneira significativa.
No evento com banqueiros no Colorado, ela reiterou que o sistema bancário permanece “forte e resiliente”.

Segundo ela, a força no caixa de famílias e empresas, além de outras fontes de crédito, sugerem que os efeitos do arrocho monetário nos empréstimos e na atividade serão menores do que em ciclos anteriores.
Sobre a regulação para o setor, Michelle Bowman defendeu que as novas regras precisam focar na identificação de problemas, devem ser guiadas por dados e debates e desenvolvidas por um processo transparente e aberto.

O presidente da distrital de Boston do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Susan Collins não descarta também o aperto monetário adicional e concorda com projeções dos dirigentes que mostram juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos.

Segundo Susan Collins, é cedo demais para ter certeza de que a inflação está em trajetória sustentável à meta de 2% ao ano.

“Embora os dados recentes tenham sido encorajadores, a inflação continua elevada demais. Alguns componentes importantes ainda não registraram uma melhora sustentada”, afirmou ela, destacando que a inflação de serviços excluindo moradia não mostrou alívio consistente com estabilidade de preços.

A dirigente destacou que a atividade econômica nos Estados Unidos continua crescendo acima da tendência – mas ponderou que está otimista de que a estabilidade de preços pode ser restaurada com aumento apenas modesto na taxa de desemprego. No entanto, ela se disse realista sobre as incertezas em torno da economia. “Essa fase da política monetária requer paciência considerável”, comentou.