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Boulos diz que não terá ‘amarra ideológica’

O candidato à prefeitura de SP, Guilherme Boulos (PSOL) lançou uma carta ao povo da capital paulista, como Lula em 2002.

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21 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Boulos diz que não terá ‘amarra ideológica’
Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de SP.

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) lançou uma carta ao povo de São Paulo, no mesmo estilo que a que foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando foi eleito pela primeira vez em 2002. “Nosso governo será de diálogo, sem nenhum tipo de amarra ideológica”, afirmou, no Viaduto do Chá, em frente à Prefeitura de São Paulo, no centro da capital.

“Reconheço que muitas vezes nós da esquerda deixamos de falar com tanta gente que também batalha, sofre o dia a dia das periferias e que buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida”, disse o deputado federal. “Sei que boa parte de vocês está descrente da política, perdeu a esperança por achar que são todos iguais. E quando a gente vê quem aparece só de quatro em quatro anos, repetindo o que o marqueteiro falou, eu te entendo.”

O candidato disse que o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) é “fraco e omisso”. Ele também salientou que o “pior da política” assumiu o controle do orçamento paulistano. “Muitos ficam assustados com a minha trajetória no movimento social, outros se questionam se vamos conseguir dar conta ou dialogar com quem pensa diferente”, disse o parlamentar. “Eu vou fazer valer a participação como forma de governo.”

Boulos também anunciou que vai passar a reta final da campanha nas casas de seus apoiadores em lives, 24 horas por dia. Ele começará nesta segunda na zona norte no e dormirá no bairro da Brasilândia. Na terça-feira, 22, o candidato irá para o centro. Na quarta-feira, Boulos dormirá na zona leste, em São Mateus. Por fim, na quinta-feira estará na zona oeste. Já na sexta-feira, vai se preparar para o último debate da TV Globo.

O candidato afirmou que irá apresentar uma denúncia “grave” contra o atual prefeito de São Paulo, que deve começar a ser exibida para a população a partir desta terça-feira, 22, durante o programa eleitoral de TV. “Vou apresentar tema grave contra Nunes ao longo desta semana. Existe materialidade e algo novo”, disse.

O psolista também chamou o adversário de “fraco” e disse que a cidade de São Paulo corre risco de ser tomada pelo crime organizado, caso o emedebista seja reeleito. Segundo ele, a ausência de um prefeito “forte” pode facilitar a tomada de poder e do orçamento por organizações criminosas, utilizando como exemplo as milícias no Rio de Janeiro.

Boulos disse que vai apresentar a anatomia dos esquemas que foram feitos na Prefeitura durante os últimos três anos e meio. “O orçamento de São Paulo tem que ser colocado à serviço de enfrentar desigualdades históricas”, ressaltou.

Boulos disse que irá trabalhar junto com o Ministério Público para que a companhia de ônibus Transunião, “mais que suspeita” nas palavras do psolista de ter relação com crime organizado, tenha suas operações descontinuadas. “Vou passar a limpo contratos de transporte, doa a quem doer”, disse.

O deputado federal foi questionado sobre o vereador Senival Moura (PT) que é líder do partido na Câmara dos Vereadores e supostamente teria ligações com a empresa. Em resposta, Boulos argumentou que não pode pré-julgar uma pessoa que não foi indiciada, mas que se for comprovado o envolvimento, fará cumprir a lei e que crime organizado “não terá vez” em seu eventual governo.

Em relação à segurança pública, o parlamentar reafirmou que respeita a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e que irá dobrar o salário dos seus funcionários. Mas, também disse que irá responsabilizar guardas civis que cometam crimes. “quem usa farda para cometer crimes tem que ser responsabilizado”, afirmou.

Boulos defendeu que serviços essenciais da cidade devem ter controle público e criticou a empresa Enel por causa do apagão do dia 11 de outubro. “Não dá para Enel ficar mais. Eu defendo o controle público da Enel”, afirmou o psolista.

O parlamentar reafirmou a sua intenção de usar tecnologia utilizada em várias cidades ao redor do mundo para otimizar a poda de árvores como solução para os problemas recentes de energia em São Paulo.