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Bombardeio de Israel mata 22 pessoas em Rafah

As forças israelenses realizam ofensivas aéreas contra Rafah desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro, e planejam uma invasão por terra da cidade.

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29 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Bombardeio de Israel mata 22 pessoas em Rafah
Cenário de destruição rotineiro em Israel

Ao menos 22 pessoas morreram em bombardeios de Israel em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, na madrugada de segunda-feira, 29, segundo autoridades palestinas. Seis mulheres e cinco crianças estão entre as vítimas.

As forças israelenses realizam ofensivas aéreas contra Rafah desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro, e planejam uma invasão por terra da cidade. Cerca de 1 milhão de palestinos estão refugiados no local, que faz fronteira com o Egito. Os Estados Unidos e diversos outros países pressionam Israel para desistir de avançar sobre Rafah, sob o argumento de que o ataque provocaria uma catástrofe humanitária.

Os ataques desta segunda atingiram três residências familiares. O primeiro deles matou 12 pessoas, incluindo quatro irmãos de 9 a 27 anos de idade. O segundo ataque matou sete pessoas, incluindo um homem de 33 anos e o filho dele, de 5. Já a terceira ofensiva matou três irmãos, com idades entre 12 e 23 anos.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, iniciou na segunda o sétimo giro pelo Oriente Médio desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou. No domingo, 28, o presidente americano, Joe Biden, conversou por telefone com o primeiro-ministro do Israel, Benjamin Netanyahu, como forma de pressioná-lo a aceitar uma trégua com o Hamas.

O governo israelense aguarda uma resposta do Hamas a uma proposta de cessar-fogo que envolve a libertação de reféns mantidos no território palestino desde outubro.

Em Khan Younis, sapatos abandonados são o rastro da destruição causada pelos ataques aéreos na Faixa de Gaza. A representante da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, destaca que a rápida fuga deixou as pessoas sem escolha a não ser abandonar seus pertences básicos.

Ela compartilhou em sua rede social fotos mostrando sapatos e sandálias de crianças deixados nas calçadas da cidade palestina no sul da Faixa de Gaza. Louie Wateridge escreveu que milhares de famílias costumavam se abrigar nas escolas Unrwa antes de serem atacadas.

Esse relato ocorre em um momento em que vários vídeos mostram a vida de crianças na Faixa de Gaza. Muitos mostram crianças procurando comida, por vezes descalços em meio a escombros e vidros quebrados. 

A imagem dos sapatos abandonados também foi refletida em manifestações sobre a guerra em Gaza. Relatos da mídia mostraram que, em algumas cidades francesas, os ativistas às vezes colocam centenas de calçado infantil nas ruas durante os protestos. 

Também em Madrid, capital espanhola, imagens mostraram milhares de sapatos sendo colocados do lado de fora da prefeitura em meados de dezembro, para representar os palestinos mortos em Gaza desde 7 de outubro.

Em março, na Holanda, milhares de sapatos infantis também foram colocados na praça Vredenburg, em Utrecht, para chamar a atenção para as milhares de crianças palestinas mortas na Faixa de Gaza nos últimos cinco meses.

Pelo menos 17 mil menores estão desacompanhados ou separados de suas famílias. Com mais de 70% das casas danificadas ou destruídas, a maioria das crianças também perdeu seus lares.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, continuou a distribuir roupas em vários locais, incluindo Rafah, Khan Younis e Deir Al-Balah. Desde 7 de outubro de 2023, o Unicef e seus parceiros distribuíram mais de 200 mil peças de roupas adequadas para crianças de zero a 17 anos. 

Louise Wateridge também voltou à situação em um centro de treinamento da Unrwa Khan Younis, onde “muito pouco restou” e “onde mais de 40 mil pessoas se refugiaram quando o prédio ficou sob fogo direto da operação militar e foi sitiado”. Salas inteiras foram incendiadas, e há objetos espalhados por toda parte. 

“As escolas se tornaram abrigos para a sobrevivência, não para a educação”, lamenta a Unrwa. A agência divulgou um vídeo mostrando os danos a um de seus abrigos em Khan Younis depois que as forças israelenses lançaram uma ofensiva terrestre na região.

Louise Wateridge disse que o telhado do abrigo foi diretamente atingido por um ataque, causando grandes danos e levando as pessoas a fugirem da área. Segundo ela, a área abrigava cerca de 10 mil pessoas. 

Ela adiciona que não ficou mais ninguém no local e há evidências de que todos deixaram a instalação rapidamente. “Há sapatos no chão, escovas de cabelo, escovas de dente e até pedaços de comida, abandonados”, concluiu.