As bolsas da Europa fecharam em baixa na quarta-feira, 29, recuando pela segunda sessão consecutiva, em um ambiente de maior cautela pela persistência de inflação elevada e taxas de juros potencialmente mais altas por mais tempo. O destaque foi a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha, que apresentou avanço com relação ao mês anterior.
Nesta semana, investidores aguardam ainda a divulgação do índice para a zona do euro. Além disso, ao final da sessão, a mineradora BHP anunciou a desistência do esforço pela compra da Anglo American após uma série de ofertas rejeitadas pela rival. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,06%, a 513,57 pontos.
A taxa anual do CPI da Alemanha acelerou para 2,4% em maio, ante 2,2% em abril. O resultado veio em linha com a expectativa de analistas consultados pela FactSet. A alta do índice pela primeira vez em quase um ano foi puxada sobretudo por efeitos de base de comparação – mas, mesmo sem eles, a inflação não teria recuado pelo segundo mês seguido. A avaliação é do Commerzbank, que nota sinais crescentes de que a tendência desinflacionária por ora acabou no país.
O banco destaca a tendência persistentemente forte de alta nos preços de serviços, “que provavelmente também será impulsionada por custos salariais significativamente mais altos nos próximos meses”. “Esperamos que a taxa básica de inflação se estabilize nos próximos meses perto de seu nível atual de 3,0% e, portanto, permaneça bem acima da meta do Banco Central Europeu (BCE) de 2%”, disse.
O índice GfK de confiança do consumidor alemão veio acima do esperado, com projeção de que avançará para -20,9 pontos em junho. Em Frankfurt, o DAX recuou 1,09%, a 18.474,88 pontos. Em Paris, o CAC 40 caiu 1,52%, a 7.935,03 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve queda de 1,47%, a 34.150,54 pontos. Em Madri, o Ibex35 baixou 1,11%, a 11.150,60 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 teve recuo de 1,62%, a 6.798,09 pontos, na mínima do dia.
Na terça, nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, deu a entender que os juros americanos continuarão no patamar atual alto por período prolongado.
“As preocupações com a persistência das altas taxas de juros mantêm os investidores cautelosos. O FTSE 100 abriu em queda, uma vez que a inflação persistente permanece em foco e a campanha para as eleições gerais do Reino Unido continua gerando incerteza econômica e empresarial”, afirma Susannah Streeter, chefe de mercados da Hargreaves Lansdown.
Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,85, a 8.183,70 pontos. Na cidade a mineradora BHP avançou 0,77%, enquanto a da Anglo American caiu 3,05%.
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa na quarta-feira, 29, após o comportamento misto de Wall Street ontem na volta de um feriado.
O índice Nikkei caiu 0,77% em Tóquio, a 38.556,87 pontos, pressionado por ações de eletrônicos e maquinário, à medida que o juro do título do governo japonês (JGB) de 10 anos renovou máxima em 12 anos com expectativas de mais aperto monetário por parte do Banco do Japão (BoJ), enquanto o Hang Seng recuou 1,83% em Hong Kong, a 18.477,01 pontos, o sul-coreano Kospi cedeu 1,67% em Seul, a 2.677,30 pontos, e o Taiex registrou queda de 0,90% em Taiwan, a 21.662,50 pontos.
Na terça, os mercados acionários de Nova York encerraram os negócios sem direção única, na volta do feriado do Memorial Day, em meio a dúvidas persistentes sobre as chances de reduções nos juros básicos dos EUA este ano.
Na China continental, por outro lado, as bolsas ficaram levemente no azul hoje, possivelmente animadas por novas medidas de incentivo ao setor imobiliário em Xangai e outras grandes cidades chinesas. O índice Xangai Composto teve alta apenas marginal, de 0,05%, a 3.111,02 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,30%, a 1.734,14 pontos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) também demonstrou mais otimismo em relação à China, ao elevar suas projeções de crescimento da segunda maior economia do mundo tanto para este ano quanto para o próximo.
Na Oceania, a bolsa australiana sofreu nesta quarta sua maior perda diária em mais de um mês, após dados da inflação doméstica mais fortes do que o esperado adiarem expectativas para cortes do juro local. O S&P/ASX 200 caiu 1,30% em Sydney, a 7.665,60 pontos.